Um disco indispensável: The Dark Side Of The Moon - Pink Floyd (Harvest/Capitol, 1973)

Em 1973, o rock and roll vivia um grande momento apoteótico, onde bandas se consagravam com grandes discos e shows lotadíssimos, o reggae de Bob Marley se expandia para mais além de Jamaica e os estádios de futebol, beisebol e futebol americano começariam a receber mais bandas para tocar em palco, o que trouxe ao Pink Floyd, de quem estaremos falando neste post, um gigantismo que já alcançara desde a virada da década, de 1969 para 1970 após lançar o registro duplo mezzo ao vivo e mezzo em estúdio Ummagumma (1969) e Atom Heart Mother (1970) e completarem a epopeia com Meddle (1971), que foi o disco que anteciparia de vez o maior sucesso da banda naquela década, um disco que até hoje conseguiu marcar gerações com o passar dos anos, permanecendo no Top 200 Albums da Billboard por mais de 700 semanas, um feito que poucos discos conseguiriam com popularidade, e esse disco do qual estamos falando é The Dark Side Of The Moon, que definem como um dos clássicos do rock progressivo e de muitos fãs do Pink Floyd, embora alguns sempre prefiram The Piper At Gates of Dawn (1967), que contava com o líder, guitarrista e louco, porém criativo e talentoso Syd Barrett, ou A Saucerful of Secrets (1968) ou os já citados Ummagumma (1969), Atom Heart Mother (1970), Meddle (1971) e Obscured by Clouds (1972), que foi lançado enquanto a banda gravava um dos seus mais ousados discos e considerado o que está por muitos anos no Top 200 da Billboard. Os estúdios Abbey Road acabaram sendo o refúgio definitivo para os integrantes da banda criarem suas ideias musicais que alucinariam os ouvidos de muita gente e seguem reinando soberanamente nas coleções de fãs de música, seja em LP, em CD, ou ouvindo via iTunes, iPod, ou até nos mais requisitados formatos virtuais, The Dark Side Of The Moon é uma prova de que a banda conseguia ter uma criatividade imensa em estúdio, contando com uma bela equipe para ajudar o vocalista e baixista Roger Waters, o guitarrista e vocalista David Gilmour mais o tecladista Richard Wright e o baterista Nick Mason a fazerem um disco 10/10: o engenheiro de som Alan Parsons, o assistente Peter James e a mixagem ficaria por conta de Chris Thomas.
Contracapa original do LP
O disco teve suas gravações iniciadas em maio de 1972, quando a banda estava testando algumas músicas do disco em shows, e em um armazém antigo que era usado pelos Rolling Stones, desses ensaios vieram as primeiras fitas demos feitas na casa de Roger, quando já tinham prontas as músicas e dali partiriam para um turnê nos Estados Unidos, Japão e na Inglaterra, onde a apresentação no teatro Rainbow (hoje parte da franquia da Igreja Universal do Reino de Deus) em Londres, na qual sua primeira apresentação no dia 17 de fevereiro de 1972 apenas para jornalistas e críticos musicais, e muitos aprovaram aquele megaconcerto realizado pela banda, mas somente a Melody Maker (revista especialista em destacar o que rola de bom na música) achou menos favorável, e foi durante esse show que houve alguns imprevistos, como na falta de sintetizadores, a banda tentou de tudo, até utilizar trechos da Bíblia como recitado. A partir de maio, a banda mais Parsons, James e Thomas começariam a botar as engrenagens psicodélicas para funcionar, e também colocariam em ação uma máquina de efeitos, que já utilizada em Atom Heart Mother, era um aparelho quadrafônico: onde cada uma das quatro caixas de som são posicionadas nos quatro cantos do ambiente e reproduzem sinais independentes uma das outras, esse aparelho foi utilizado para gravar sons de caixa registradora, risadas, gritos, moedas caindo, relógios, batidas cardíacas, passos e respirações foram registradas nesse aparelho, e acrescentadas em várias músicas deste disco, e assim teve um início ao mais belo trabalho criativo da banda.
Encarte interno do vinil, com letras e ficha técnica
O disco começa com uma vinheta intitulada Speak To Me, cheia de efeitos sonoros, e entra uma parte que antecede um dos temas principais do disco, Breathe, de uma suavidade simples, porém, segue aquela atmosfera viajante psicodélica, que seguiria em forma de sintetizadores e efeitos chamada On The Run, que também tinha uma atmosfera de space-rock, na qual inspiraria mais tarde os alemães do Kraftwerk e os futuros DJs da cena eletrônica, techno e house music, com um riff de guitarra de David Gilmour atravessando a ponte de sintetizadores até que muitos relógios iniciassem a música Time, que contou com os sons de relógios e um coro formado por quatro mulheres: Doris Troy, Lesley Duncan, Liza Strike e Barry St. John para dar um toque feminino nessa música, além do solo de guitarra de Gilmour e a reprise de Breathe para antecipar mais outra música, desta vez ficaria a cargo de Richard Wright em The Great Gig In The Sky, que com o piano e o órgão, juntando a voz de uma amiga chamada Clare Torry, acabou dando uma definição de vocalise mais do que perfeita, que cantou muito e não fez feio até, como no caso de Money, que após os sons de caixas registradoras e de moedas, o baixo de Waters já marca os passos para começar uma das mais clássicas canções na banda e na voz de Waters, onde até Dick Parry, um velho conhecido de Gilmour dos tempos de faculdade, caprichou no solo de saxofone e acabou fazendo bonito também no tema Us And Them, cuja melodia foi utilizada antes em um filme de Michelangelo Antonini, chamado Zabriskie Point (1969) e foi um outro sucesso deste disco, de uma atmosfera suave e simples, contou com o mesmo quarteto de vozes femininas e uma bela letra, mostrando os lados opostos "Us and them, me and you, black and white, up and down, down and out, with without" (Nós e eles, eu e você, preto e branco, acima e abaixo,  abaixo e fora, com e sem) e deixam a magia rolar solta, na sequência Any Color You Like que é uma instrumental com teclados reinando em boa parte da música, tudo isso para que Waters pudesse homenagear à vontade o velho amigo Syd Barrett em Brain Damage, numa forma mais poética sobre o mundo extremamente lunático, o nome original era Lunatic e em meio a algumas sessões e dois meses de folga, a banda mudaria o nome e em seguida, o final com Eclipse, que aos poucos dá a impressão de que já não há mais clarão na lua (ou seja: o disco já se encerrava de vez), e no final uma batida cardíaca e uma frase "Não existe o lado escuro da lua, porque ela já é toda escura" marcando os fãs de rock and roll, de rock dos anos 70 e todos os fãs de Pink Floyd.
Pôster das pirâmides, presente no encarte do LP

A capa é uma obra à parte do disco, uma criação do artista Storm Thogerson (Hipgnosis), amigo da banda desde os anos 60, quando Barrett ainda estava na banda e precisavam de uma proposta visual para conseguirem atrair um público que sempre quiseram conquistar na época, e durante as sessões, Thogerson mostrou vários prismas e acabaram escolhendo um prisma triangular num fundo preto, no qual uma luz se cruzava com um prisma e formava um arco-íris e a contra-capa mostrava a imagem de cabeça para baixo, abrindo a capa, você via no encarte a ficha técnica, as letras e o verde do arco-íris é em forma de aceleração de batidas cardíacas ou algo parecido e conta também com dois pôsteres: o de três pirâmides egípcias e uma com fundo rosa e imagens da banda, contando com o nome PINK FLOYD em algumas partes divididas, em algumas edições houve quem não pôde adquirir seus pôsteres junto do vinil, já que estas haviam se esgotado rapidamente, mas voltariam para quem estava colecionar por completo, os pôsteres do disco.
Pôster da banda, presente no encarte do LP.

O disco acabou sendo uma obra de arte que traz um pouco de tudo na linguagem sonora do Pink Floyd: rock progressivo, rock experimental, música concreta, rock eletrônico e soft rock, tudo isso em um só disco para ser entendido por várias e várias vezes. O que também posso dizer a respeito deste disco é que conseguiu fazer um som moderno, eternizante e universal, de um jeito alucinante. Uma das tantas inovações no disco foi o fotmato estéreo quadrafônico, algo raro para discos daquela época que seria acrescentado pelas gerações que viriam mais adiante, enquanto isso, o Pink Floyd seguia sua epopeia musical com outros grandes álbuns, como Wish You Were Here (1975), Animals (1977) e por grande continuação, o duplo The Wall (1979), que marcaria o retorno triunfante da banda ao sucesso, após o estouro que foi The Dark Side Of The Moon, responsável por uma eterna viagem sonora, que supostamente está relacionado ao filme O Mágico de Oz, de 1939, mas aí já é outra história.
Set do disco:
1 - Speak to Me (Nick Mason)
2 - Breathe (Roger Waters/David Gilmour/Richard Wright)
3 - On The Run (David Gilmour/Roger Waters)
4 - Time (Roger Waters/David Gilmour/Nick Mason/Richard Wright)
5 - The Great Gig In The Sky (Richard Wright)
6 - Money (Roger Waters)
7 - Us And Them (Roger Waters/Richard Wright)
8 - Any Color You Like (David Gilmour/Nick Mason/Richard Wright)
9 - Brain Damage (Roger Waters)
10 - Eclipse (Roger Waters)

Comentários

Mais vistos no blog