Capas de Discos Indispensáveis: Caetano Veloso - Caetano Veloso (CBD/Philips, 1967)

Capa do primeiro álbum solo de Caetano, lançado em 1967,
arte de Rogério Duarte e foto de David Drew Zingg
O blog quer comemorar o aniversário do grande mestre da MPB, Caetano Veloso! E para isso, vamos falar de uma das mais conhecidas capas de disco dele, do primeiro álbum solo, lançado no final de 1967 pela Philips. Mas primeiro, falaremos sobre Caetano Emanuel Vianna Telles Velloso, nasceu em 7 de agosto de 1942 em Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Cresceu ouvindo clássicos da Rádio Nacional e suas grandes divas que dominavam como Emilinha Borba, Marlene, Isaurinha Garcia e os vozeirões Orlando Silva e o maior fenômeno da época, Nelson Gonçalves, além dos cantores hispânicos e dos temas carnavalescos, o fato que mostra que cresceu vivendo o carnaval grandioso das ruas de Salvador, e também cresceu ouvindo o forró de Luiz Gonzaga. Aos 14 anos passou uma temporada no Rio de Janeiro e hospedado na casa de uma tia e frequentou muito os programas de auditório da Rádio Nacional "Assisti a muita gente lá cantando no auditório da Rádio Nacional: todas as cantoras de rádio, o programa do Ary Barroso e os espetáculos de humor", relembraria anos mais tarde sobre o que assistiu diante de seus olhos, os grandes ídolos do momento e em 1959, se impressionou com o que ouviu na rádio, um estilo diferente de fazer samba, com um pouco da levada suave de jazz americano, "Chega de Saudade" composta por Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, na voz de um baiano de Juazeiro chamado João Gilberto e aquilo impressionou muito o jovem Caetano Emanuel acabou achando aquilo muito impressionante, no ano segunte já estava cursando a faculdade de Filosofia na Universidade da Bahia e na época, conhecera um jovem chamado Gilberto Passos Gil Moreira por meio de um amigo em comum, chamado Roberto Santana e dali surgiu a parceria entre dois, enquanto Gil tentava a vida fácil no Sudeste, em especial na cidade paulista de Campinas, Caetano trabalhava como crítico de cinema no Diário de Notícias, anos depois de se mudar para Salvador e cursar o antigo Clássico (hoje equivale ao Ensino Médio).
No III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record em outubro
de 1967 ao cantar "Alegria Alegria", que levou um belo 4º lugar.
Veloso chegou no Rio de Janeiro em 1965 para poder acompanhar a irmã Maria Bethânia, que estava substituindo Nara Leão na peça "Opinião" de Augusto Boal e ali começa a sua trajetória na música quando grava um compacto pela RCA, mas já tinha sua experiência em shoes, pois fez parte do espetáculo "Nós Por Exemplo" com Gil, Bethânia, Gal e Tom Zé e do espetáculo "Arena Canta Bahia" com Gil, Tom Zé e Peti, mas só em 1966 conseguira popularidade, após ter sua música "Boa Palavra" interpretada por Maria Odete no Festival Popular de Música Popular na TV Excelsior e no 2º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record participou cantou "Um Dia" e isso fez que conseguisse a atenção da gravadora Philips, gravadora com quem assina um contrato e lança o seu primeiro registro na gravadora, um disco ao lado de sua velha conhecida Gal Costa, chamado "Domingo", na qual Caetano apresenta definitivamente o seu trabalho como compositor, com temas inesquecíveis, como "Avarandando", "Saudossismo" e "Coração Vagabundo", o tema que conseguiu lhes dar popularidade, mas a popularidade só apareceria durante as eliminatórias do III Festival da Música Popular Brasileira em outubro de 1967, onde aparecera de terninho e blusa de gola rulê acompnhado por um grupo argentino chamado Beat Boys, com muito rock na música e uma canção que acabara sendo ousada, moderna e com influência do som dos Beatles, "Alegria Alegria", baseada em um bordão do show televisivo de Wilson Simonal na Record. No mesmo festival, que levara o 4º lugar, seu amigo Gilberto Gil levara um belo 2º lugar com "Domingo no Parque", que tinha um pouco da tendência de rock sinfônico, mistura de ritmos brasileiros com música clássica e rock and roll, acompanhado por um trio de jovens que ganhara popularidade, o grupo Os Mutantes: daquele festival, veio a expansão do movimento tropicalista, que iria .
Em mãos, o disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" dos
Beatles, um dos discos que influenciaria o movimento
tropicalista, que teve Caetano, Gilberto Gil. Tom Zé, Gal Costa,
Os Mutantes, Nara Leão e os poetas Capinam e Torquato Neto, os
maestros Júlio Medaglia, Damiano Cozzela e Rogério Duprat,
além dos artisa plástico Hélio Oiticica e Rogério Duarte e
do cineasta Glauber Rocha, durou de 1967 até o começo de 1969.
Após o festival, Caetano lançaria no final de 1967 o seu primeiro disco individual pela Philips, depois do disco com Gal Costa, na qual haviam temas que tiveram sido compostos durante todo aquele ano, gravado nos estúdios da Rádio e Televisão Gazeta em São Paulo sob a produção de Manoel Barenbein e os arranjos de Júlio Medaglia e Damiano Cozzella, com a presença dos Mutantes, do grupo Beat Boys em "Alegria Alegria" (o mesmo do festival, gravado antes das eliminatórias) e o conjunto RC7, a banda de Roberto Carlos nos tempos da Jovem Guarda (1964-1969) em "Superbacana" e de Gal Costa em "Clara". Mas os temas mais importantes mesmo desse disco são "Alegria, Alegria", "Soy Loco Por Tí América", de Gilberto Gil, Capinam e Torquato Neto, "Onde Andarás", na qual Caetano musica um poema de Ferreira Gullar, "Passagem Útil" e a canção-manifesto "Tropicália", que acabou impressionando os mais puristas da música brasileira, e cujo nome foi retirado de uma instalação do artista plástico Hélio Oiticica que, após Caetano mostrar a letra a um amigo, este disse que tinha uma obra de Oiticica que parecia ter algo idêntico com a música de Caetano e daí que o nome da música coincidiu com o nome da obra do artista plástico e assim, um manifesto que durou um ano e três meses, ou seja, de outubro de 1967 a janeiro de 1969, semanas depois que Gil e Caetano foram presos depois do Natal, dando fim a um dos movimentos que influenciaria a música brasileira e também, reconhecimento mundial pelos fãs conhecidos, como David Byrne.
Contracapa do LP, com a carta de Caetano para Gil
O disco apresenta uma arte de capa muito original, com influências psicodélicas e com referências à cultura pop, uma ilustração de Rogério Duarte, artista baiano responsável pelas artes de cartazes de filmes de Glauber Rocha, como "Deus e o Diabo Na Terra do Sol" e com capas de discos de amigos como Gilberto Gil, Gal Costa, Jards Macalé, além de ter criado a arte do álbum "Como Estão Vocês?" (2003) do grupo Titãs. Rogério acrescentou uma mulher ruiva nua, cobrindo os peitos, um dragão, motivos florais na capa, inclusive no cabelo da mulher, e bananas verdes, e no meio, uma foto de Caetano clicada originalmente por David Drew Zingg para divulgação e acabou fazendo parte da capa do disco, a foto é segurada pela tal ruiva em uma moldura fina e ao mesmo tempo, segurando as patas do dragão. A contracapa, mostra um pouco da ficha técnica, além de uma carta para Gil, onde ele falava sobre a música brasileira e o cotidiano, na qual diz que gostaria de fazer canções de protesto de estimas e consideração, mas que a língua portuguesa o deixava rouco e deixou uma dúvida "quem ousaria dedicar este disco a João Gilberto?" que pode ser como um elogio pela influência de João presente na música de Caetano, e no final, encerra a carta com "eu não devo explicar absurdamente nada" e um aviso a Gil (P.S): que não teria sopa na varanda de Maria, uma referência possivelmente a sua irmã Maria Bethânia, e os créditos da arte-final vão para Liana e Paulo Tavares, que cuidaram do design da contracapa, acrescentando a carta assinada por Caetano Veloso.
Na reedição em CD, lançada pela Philips e pela PolyGram em 1990, a carta aparece no encarte, bem especial para aquela reedição e em 2006, se pode descobrir mais sobre quem esteve participando dos arranjos e das gravações, até então se sabia que Júlio Medaglia fez os arranjos, Gal cantou em "Clara" e os Beat Boys gravaram "Alegria, Alegria", hoje se tem mais conhecimento da presença de mais gente do que se imaginava antes no LP, embora Medaglia não tenha sido creditado originalmente no LP, a sua contribuição já foi necessária para agrandar o tropicalismo e a música deste velho baiano que ainda segue fazendo música desde os tempos que cantava no Teatro Vila Velha.
Alguns dizem que foi lançado em 1968, mas até os mais conhecedores desse mito sabem que foi lançado no final de 1967, meses após o sucesso de "Alegria, Alegria" no Festival da Record e depois do álbum "Domingo", que saiu muito tarde na época, quase bem antes do estouro que seria Caetano após aquele 21 de outubro, acompanhado pelos Beat Boys.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caetano_Veloso_(álbum_de_1967)
http://en.wikipedia.org/wiki/Caetano_Veloso_(1968_album)
http://www.caetanoveloso.com.br < Discografia

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