Um disco indispensável: Lambada Quente - Figueroas (Läja Records, 2015)

Você já ouviu falar em Aldo Sena? E em Edson Wânder? Bem, você nunca foi a Belém do Pará também pra ouvir Mestre Vieira e Seu Conjunto, Pinduca, Carlos Marajó, Oséas, André Amazonas ou algo bem mais parecido disto? Pois bem, se não ouviu é porque hoje em dia, nomes como Gaby Amarantos, Felipe Cordeiro, Luê, Gang do Eletro, Lia Sophia (nascida na Guiana Francesa e criada em Macapá) ou até mesmo a banda Calypso (sim!), aquela da Joelma e do guitar Chimbinha, redescobriram essa tradicional lambada, ou também a guitarrada, que surgiu pelos idos dos anos 60 e que já virou mania nos anos 90 com Beto Barbosa (aaaaaadocicaaaaa meu amor, aaaaadooooocicaaaa...♪) e com a banda Kaoma, aquela da famosa Chorando Se Foi e que depois cujo o ritmo já foi mania nas vozes de Sidney Magal, Fafá de Belém dentre outros entre 1990 e 1992 e que depois voltou com tudo nos anos 2000 graças à banda Calypso e sua megadifusão dos ritmos como o carimbó, o lundu, a cumbia e o sirimbó que já havia ocorrido em tempos anteriores e que acabou se tornando mania nacional com um som mais moderno, com elementos mais pop, mais sotisficados e que trouxeram avanços para aproximar o ritmo do Pará ao resto do Brasil. Enquanto isso, no estado de Alagoas, mais principalmente na cidade de Maceió, um jovem chamado Gabriel Cavalcanti Passos acabou descobrindo num show do Calypso a lambada e eis que surge após ter sonhado uma caixa com o nome Givly Simons, eis que surge por meio de um sonho o pseudônimo para o vocalista à frente do Figueroas, grupo de lambada que surgiu em 2012. “Passei o ano de 2013 e 2014 isolado em casa só ouvindo música. Escrevendo, escrevendo muito. Foi aí que eu decidi o que eu quero fazer da minha vida. Eu quero o que eu sempre quis desde que eu era criança: eu quero ser cantor e é isso que eu vou fazer” disse o próprio Simons em entrevista ao site Noisey e que como o próprio não sabia tocar guitarra, ele compunha as linhas melódicas fezendos sons pela boca e mandava os arranjos para os músicos e com isso, Givly se juntou a Dinho Zampier, tecladista e músico da banda de Wado, alagoano de nome e um dos mais novos nomes da cena da MPB, e também conhecedor do trabalho de Givly. O nome Figueroas surgiu originalmente quando o próprio Simons, estava naquele momento ouvindo um músico uruguaio chamado Jesús Figueroa, pioneiro do blues em terras uruguaias dos anos 70 e com pouco material lançado no formato CD e com as suas raridades disponíveis pela internet "Gosto muito desse cara e tem pouca coisa dele na internet", declarou o próprio Givly recentemente. O álbum Lambada Quente, lançado no dia 27 de abril, através do site Noisey e com imensa divulgação na internet graças a uma performance de Givly no programa Só no Vinil na TV, apresentado por Hugo Tupã "O Cigano" cantando Melô do Jonas em dezembro de 2014, teve a produção assinada pelo Dinho Zamperi e com a ajuda de Chuck Hipolitho (ele mesmo, ex-Forgotten Boys e hoje líder dos Vespas Mandarinas) nas gravações e na mixagem e com Wado, Cris Braun fazendo canja com Givly e com Zampier. A capa é uma sacada irônica com Givly, sem camiseta, fazendo uma pose sarcástica ao estilo Raul Seixas em Krig-Ha, Bandolo! (1973) e que agora já é sucesso nacional pelo selo Läja Records, de Fábio Mozine.
Camisa com três botões abertos, bigode, cabelo corte mullet dos anos 80 e 90:
sim, este é o visual de Givly Simons, o vocalista e sex-symbol do Figueroas.
O álbum, Lambada Quente, é um belo passeio pelo som made in Pará, nas onze faixas e com apenas vinte e sete minutos de duração, é muito irônico por um lado as canções, trazendo o velho jeito de fazer lambada, popularizado por Mestre Vieira, Pinduca, Aldo Sena, Edson Wânder que é primo do próprio Givly Simons e que voltou com tudo de uns tempos pra cá, graças a nova geração de artistas da região Norte. A faixa que abre o álbum, Gatinha Gatinha é prova disso, com poucos versos e muita base instrumental, Givly e Zampier mais a banda concebem uma excelentíssima linha melódica que nos remete bem a essa época; a instrumental Lambada Quente mostra nada mais, nada menos do que a tradicional cozinha musical da lambada: órgão, guitarra, percussão e baixo e os gritos de "Figueroooaaaaaaas" "lambada quente" mostrando o estilo lambadeiro feito por alagoanos; a faixa de trabalho do álbum, lançada em dezembro, Bangladesh, tem essa mesma pegada de sempre, assim como Lomba da Massa e Graças a Aldo Sena e Edson Wânder, aonde existe apenas um verso "eu nunca tive um problema grande graças a Aldo Sena e Edson Wânder" aonde Givly faz uma reverência a seus ídolos e dentre eles, seu primo Edson Wânder; em Fofinha, aqui vai uma homenagem de Givly Simons às mulheres gordinhas, coisa bem parecida com o que Roberto Carlos já fez em Coisa Bonita; o tema que mais se destaca é definitivamente Melô do Jonas, que é "o melô que te deixa dançando por várias horas", sucesso desde que foi publicado a performance no programa de Hugo Tupã e que depois viria a aparecer no Programa do Ratinho, com uma levada bem clássica e típica das lambadas; na sequência, mais outro tema que chega a passar despercebido como Lambada Italiana, uma possível influência de música italiana (???!!!) na base e tambêm tem a Melô do HD, que é complementada por apenas um verso e uma pergunta "onde é que está o meu HD que ainda ontem emprestei a você?"; em Titinena, que nos lembra até as grandes canções populares de lambada até pelos nomes de personagens, e por fim, o álbum encerra-se com Bicho Feroz, com a mesma levada de sempre nas canções mas que mostra de vez que o baile de lambada de Givly Simons e seu conjunto Figueroas encerrou de vez com estilo.
Set do disco:
1 - Gatinha Gatinha (Fábio Mozine)
2 - Lambada Quente (Dinho Zampier)
3 - Bangladesh (Givly Simons/Dinho Zampier)
4 - Lomba da Massa (Givly Simons/Dinho Zampier)
5 - Graças a Aldo Sena e Edson Wânder (André Vitório)
6 - Fofinha (Givly Simons/Dinho Zampier)
7 - Melô do Jonas (Givly Simons/Dinho Zampier)
8 - Lambada Italiana (Givly Simons/Dinho Zampier)
9 - Melô do HD (Givly Simons/Dinho Zampier)
10 - Titinena (Givly Simons)
11 - Bicho Feroz (Givly Simons/Dinho Zampier)




Confira na íntegra o clipe de "Bangladesh"


Confira a performance de Figueroas cantando "Melô do Jonas" no programa Só no Vinil na TV, apresentado por Hugo Tupã na TV CINEC. A performance que rendeu sucesso a ele na web.

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