Um disco indispensável: (What's The Story) Morning Glory? - Oasis (Helter Skelter Records/Epic, 1995)

Hoje em dia, dizer que Oasis é uma banda excelente e curtir as músicas dele não é algo bem modinha demais apesar de terem se separado em 2009, isso já começou a ser mania mesmo quando em 1995, a MTV Brasil não cansava de exibir os clipes de Supersonic, Live Forever que eram do álbum de estreia Definitely Maybe (1994) e Whatever, lançada apenas como single na época do álbum. Mas, como uma banda formada pelos irmãos Noel e Liam Gallagher conseguiram de vez fazer o sucesso acontecer em apenas dois discos naquela metade da década de 90? Com apenas três anos de carreira até então, a banda não esperava muito para que viesse a grande chance de estourarem mundialmente até então. O álbum Definitely Maybe era um tremendo sucesso, consagravam o Oasis como exemplo de legado dos Beatles em termos de influência sonora na década de 1990, e no mesmo ano em que a banda Blur se aclamava mundialmente com o seu terceiro álbum Parklife, a mídia começou a mostrar que haveria uma batalha como trinta anos antes, desta vez, ao invés de Beatles versus Stones, a "batalha do britpop" era promovida pelos irmãos Gallagher contra a banda de Graham Coxon, Alex James e o seu líder Damon Albarn, a quem Gallagher desejou que "pegasse aids e morrese". Após todas as farpas, Gallagher e Albarn se abraçaram, reconciliaram de forma amigável e fizeram um concerto no Teenage Cancers Trust, desfazendo de vez todas as peleias épicas e despertando de vez o agrado total dos fãs de ambas as bandas.
Mas, o ano de 1995 foi mesmo o tiro certeiro para que o sucesso do Oasis se expandisse mundialmente e isso graças ao segundo álbum, intitulado (What's The Story) Morning Glory?, lançado em 2 de outubro e tendo a produção de Owen Morris e do próprio Noel, além de ter sido gravada totalmente em Gales nos estúdios Rockfield, aonde também foi realizada as gravações do clássico A Night at The Opera, da banda Queen e lançado vinte anos antes. O resultado é impressionante mesmo, as canções carregam mesmo um astral vindo dos anos 60, carregados de muita poesia e peso no som, Noel mostrando ser desde os anos 90 um letrista de mão cheia. A faixa Hello já é uma faixa que serve como cartão de visitas mesmo para o álbum, que começa com uma levada bem acústica e já vai partindo pro peso, Liam canta de seu irmão os versos "Because the years are falling by like the rain and it is never gonna be the same" (Pois os anos caem feito chuva e isso nunca será o mesmo) como uma reflexão; na sequência, o tema Roll With It chega feito um rolo compressor e mostrando que ainda há muita coisa a rolar; quando começa Wonderwall, que tem a sua clássica introdução ao violão executada antes como vinheta em Hello, abalando as estruturas, e mostrando-se um verdadeiro tema e se destacando total na história da música contemporânea; já Don't Look Back In Anger é o típico tema que muitos fãs o consideram favoritos, além de uma pegada polêmica em um verso cantado por Noel "Please don't put your life in the hands on a rock n' roll band" (Por favor não ponha sua vida nãs mãos de uma banda de rock n' roll) como uma espécie de aviso ao fanatismo extremo; logo em Hey Now!, a banda acaba fazendo mais do que sua parte quando se trata da parte de Noel e suas letras, mas também trazendo uma pegada mais hard em termos de peso e som nas guitarras; na seguida uma vinheta chamada The Swamp Song e cuja esta era apenas a primeira parte desta faixa simples; na sequência, tudo retorna ao normal através de Some Might Say, lançada antes do disco, no dia 24 de abril, e já mostrando ser um belo tema, com ares mais pra cima; enquanto em Cast No Shadow, aqui é uma singela homenagem de Noel ao amigo Richard Ashcroft, vocalista da banda The Verve e uma merecida homenagem e também falando sobre não poder dizer coisas que você queria dizer e não poder ir aos lugares que você quer ir tanto, dando assim uma sensação de peso na consciência; com uma pegada bem diferente, She's Electric poderia até passar despercebido, mas até que não faz feio quando o assunto é estar apaixonado; se o papo é criatividade ao extremo, então Morning Glory e seus ruídos de fundo que são um complemento a mais, além do realismo expressado nos versos e também um riff que é pra ouvir e aprender de cara, falando sério; a segunda parte de The Swamp Song é cheia de ruídos como o de uma rádio parecendo mal-sintonizada,  um rock insrumental de fundo seguido de barulho de água que mais parece ser do mar; e esse tipo de "barulho do mar" é o que inicia a faixa Champagne Supernova, com seus sete minutos e trinta segundos de duração e uma base leve e tranquila, mas que ganha ares mais pesados aos poucos e se vai dissolvendo a cada segundo que se aproxima do final, fechando com chave de ouro.
Sendo o disco mais bem-recebido pela crítica e que destronou rapidamente The Great Escape nas paradas, dos eternos rivais do britpop e cuja a briga Oasis versus Blur rendeu mais ainda quando no dia 14 de agosto foram lançados ao mesmo tempo Country House e Roll With It, dando assim mais lenha para a batalha eterna da época. Brevemente, este álbum chegou a ser um dos mais vendidos do século XX na Inglaterra, perdendo apenas para a coletânea do Queen, Greatest Hits e o clássico do rock and roll Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles e estando em várias listas relacionadas aos anos 1990, como na Rolling Stone destacando na lista dos 100 melhores álbuns da década, ocupando a 34ª posição e a NME a colocou entre os 10 maiores dos anos 90. E vinte anos depois, a manhã de glória da antiga banda dos irmãos Gallagher ainda soa moderna e atual como nunca, para muitos fãs novos e os velhos admiradores do britpop.
Set do disco:
1 - Hello (Noel Gallagher)
2 - Roll With It (Noel Gallagher)
3 - Wonderwall (Noel Gallagher)
4 - Don't Look Back In Anger (Noel Gallagher)
5 - Hey Now! (Noel Gallagher)
6 - The Swamp Song - Excerpt 1 (Noel Gallagher)
7 - Some Might Say (Noel Gallagher)
8 - Cast No Shadow (Noel Gallagher)
9 -  She's Electric (Noel Gallagher)
10 - Morning Glory (Noel Gallagher)
11 - The Swamp Song - Excerpt 2 (Noel Gallagher)
12 - Champagne Supernova (Noel Gallagher)














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