Um disco: Homem Bom - Facção Caipira (Toca Discos, 2015)

Em maio de 2015, o programa SuperStar da Rede Globo estava em sua segunda temporada quando de repente, antes de anunciarem as bandas que iam pro time definitivo, Fernanda Lima anunciava "e com vocês uma banda lá de Niterói, a Facção Caipira" e pergunta ao colega e apresentador André Marques se ele conhecia tal banda, pois já que assim como eles, André veio de lá, a resposta foi até rara para o apresentador do programa. A banda iniciava a performance de uma música intitulada Blues Brasileiro Foragido Americano, a potência ainda seguia e quase que a cortina não abre para a banda, que levou a porcentagem de 76% mas não passaram para as eliminatórias e a indignação ficou não só da parte dos jurados, que gostaram e no qual houve um momento bobo da parte da jurada Sandy que confundiu a gaita de Daniel Leon com o beatbox do hip hop, simplemente pelo formato como se toca com o microfone a gaita que é um instrumento servindo como complemento principal para a base sonora da banda niteroiniana Facção Caipira, que já é nossa velha conhecida daqui do blog (confira no link a resenha do EP lançado no fim de 2012), agora acaba de lançar um álbum, chamado Homem Bom, e a repercussão da banda só aconteceu graças a presença da banda no SuperStar na noite de 10 de maio e que levou muitos usuários das redes sociais a elogiarem e desabafarem contra o fato de a banda não ter entrado no set das que iriam participar das eliminatórias definitivas. O álbum foi produzido por Felipe Rodarte e pela banda e cujas gravações rolaram no período de setembro de 2014, quando a banda ainda não estava preparada para o grande reconhecimento nacional que obteve mais tarde e com as gravações realizadas na Toca do Bandido, lendário estúdio por onde j passaram gente como O Rappa, Barão Vermelho, Érika Martins. Humberto Gessinger e realizaram por lá sessões de gravaçã regados a muito blues e desta vez, mais dispostos a expandirem seu som para além do Sudeste. O álbum Homem Bom teve sua mixagem realizada em New York por Aaron Bastinelli, que trabalhou com o projeto Red Hot+Fela e artistas do circuito alternativo como Featherface, Charly Bliss, DAIR, Brooke Waggoner dentre outros e a masterização foi em Washington D.C. por Chris Hansek, que também já trabalhou com outra banda nacional, esta que é a já conhecida pelo País inteiro, Medulla. Sua capa é nada menos que uma foto clicada em meados do século XX pelo húngaro Thomaz Farkas mostra um sujeito lendo jornal em uma espécie de bar e assim como outras fotos do encarte são preservadas pelo acervo do Instituto Moreira Salles.
Da esquerda para direita: os caipiras de Niterói, Daniel Leon (gaita, violão e voz)),
Jan Santoro (voz e dobro), Vinícius Câmara (baixo e vocais) e Renan Carriço (bateria)
"queimando" tudo em seu novo álbum. (fotografia de Caio Talask/Divulgação) 
O álbum já começa bem de verdade, e com a faixa Pedrada, a canção mostra ser uma "pedrada" mesmo, tendo uma bela pegada do som americano e dando um recado "Cabeça é pra quem tem, mas vai caçando histórias pra contar"; na sequência temos o Blues Brasileiro Foragido Americano, já o tema que deu a eles sucesso e reconhecimento logo com a mesma pegada que conhecemos inclusive da versão ao vivo feita durante o festival Hey Joe no Teatro Municipal de Niterói e é faixa bônus do EP homônimo de 2012; o próximo tema já é mesmo uma descrição do que sempre foi o som da Facção, Tiro e Queda já nos dá uma sensação mesmo de que a porrada da Facção e com o verso "me joga na linha do trem" já nos dá um sentido maior ainda; logo em seguida a canção Trapaceiro é o exemplo de que ainda podemos respirar um pouco os anos dourados do rock and roll, recheados de muito peso na base sonora; já em Ex-Fumante o papo é mais um desabafo ao ouvir a voz de Jan sentindo saudades de um amor numa pegada bem romântica e agradável até; um convite pra dançar em Dois Pra Lá, Dois Pra Cá não faz mal e ainda acaba deixando um rastro bem embalante durante toda a canção, o que é bom de verdade por sinal e tendo um dos melhores solos de gaita de Daniel Leon; mas seguindo a análise, temos aqui a canção Levada, dos versos "Mas chega das suas besteiras, chega da sua beleza, chega de qualquer" como se soasse um basta em tudo e indo aos nossos ouvidos de forma destruidora, o que é impressionante e bom por sinal; já em Vida de Tralha, a banda segue a colocar todo o seu peso e mostrando mesmo que o cenário roqueiro do estado do Rio de Janeiro segue bem representado por blueseiros niteroianos; uma boa dose de ironia nos versos e um excelente arranjo são as fórmulas por trás de Comédia Romântica, que não faz feio como o resto do álbum e mostrando que o blues tem a sua vez como sempre; já em Ressaca, quem dá conta do recado aqui é Daniel, o gaitista que dá sua vez e voz e também mostrando que não é só no seu instrumento que ele se mostra excelente, já que nesta faixa ele vai de violão também colocar seus desabafos nesta música; a faixa-título é que encerra este álbum maravilhoso, com uma pegada que também nos remete um pouco ao country e avisando que "tá chegando o seu trem, ofegando que sua sorte vai melhorar" algo como se estivesse seguindo um lema tradicional do tipo "dias melhores virão" e encerrando Homem Bom de vez com todo o gás total.
Set do disco:
1 - Pedrada (Jan Santoro)
2 - Blues Brasileiro Foragido Americano (Jan Santoro) 
3 - Tiro e Queda (Jan Santoro)
4 - Trapaceiro (Jan Santoro)
5 - Ex-Fumante (Jan Santoro) 
6 - Dois Pra Lá, Dois Pra Cá (Jan Santoro)
7 - Levada (Jan Santoro)
8 - Vida de Tralha (Jan Santoro)
9 - Comédia Romântica (Jan Santoro)
10 - Ressaca (Daniel Leon)
11 - Homem Bom (Jan Santoro)















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