Um disco indispensável: Wish You Were Here - Pink Floyd (Harvest/CBS Records, 1975)

Há quarenta anos atrás (ou quatro décadas), o grupo britânico de rock progressivo Pink Floyd lançava mais um álbum que mostrava seu ponto máximo de criatividade, e desta vez o vocalista e baixista Roger Waters, mais o guitarrista e também vocalista David Gilmour, o tecladista Richard Wright e o baterista Nick Mason estavam já com dez anos de estrada e sete discos já lançados e milhões de fãs pelo mundo todo. Com o sucesso estrondoso que foi o álbum The Dark Side Of The Moon, lançado em março de 1973, a banda desta vez media esforços para se manterem nos mesmos picos de criatividade do que nos outros álbuns anteriores e já estavam sendo uma das mais bem sucedidas bandas no rock and roll em plena década de 70 e algumas bandas como Genesis, Emerson Lake & Palmer, Camel, Yes dentre outras tantas que marcaram a geração aonde discos com faixas longas e instrumentais que pareciam ser inacabáveis que acabaram influenciando hoje bandas do neopsicodélico. Com a turnê do álbum The Dark Side Of The Moon de vento em popa, a banda estava quase preparada para entrar e começar a gravar mais um outro material que viesse a agradar fãs e críticos musicais logo de cara, e que desta vez seria mais uma vez outro estrondo para que agradasse os ouvidos.
O "vendedor do Floyd", imagem que faz parte da contracapa.
Logo em 1974, o tal álbum sucessor de Dark Side havia sido muito trabalhado até antes de gravarem, pois durante a turnê deste ainda estavam sendo feitos esboços do que viriam a ser as canções e foram apresentadas em shows na França e na Inglaterra, duas delas acabaram ficando de fora do álbum: Ravind And Drooling e também You Gotta Be Crazy, temas que só se podem achar em bootlegs ou na internet, e além de terem entrado para começarem a gravar na primeira semana de 1975 nos estúdios Abbey Road, só que sem o engenheiro de som Alan Parsons, que esteve não só em Dark Side, mas em A Saucerful Of Secrets (1968), Ummagumma (1970), Atom Heart Mother (1970) e Meddle (1971), porém, rejeitou a oferta de seguir trabalhando com Waters, Gilmour, Mason e Wright e foi seguir com seu projeto que renderia sucesso no fim da década de 70 e comecinho dos anos 80: o The Alan Parsons Project. O engenheiro seria o mesmo que trabalhou na trilha sonora de More (1969), Brian Humphries, que substituiu um inexperiente em 1974 e que teve sessões iniciais consideradas um período difícil, segundo Mason, e para Waters, as sessões foram torturosas. Houve um engenheiro desconhecido trabalhando lá nos estúdios e por ser a escolha natural e o pessoal do Abbey Road o achava um "estranho" e ele deu muito trabalho, porém foi o responsável pelo estrago de algumas faixas de fundo da música Shine On You Crazy Diamond, cujo todo o eco, corrompido por um eco, teve de ser regravado novamente. 
David Gilmour (senrado na mesa de som), Roger Waters,
Richard Wright (de costas) e Nick Mason (de boina, lendo) no
Abbey Road Studios: um conflito com a indústria musical e homenagem
a Syd Barrett fazem parte deste álbum clássico de 1975.
A capa é assinada mais uma vez por Storm Thorgerson e seu conjunto de artistas Hipgnosis, com o tema ausência que foi refletido após longas horas de brainstorming e a imagem da capa foi baseada na ideia em que as pessoas tendem a esconder seus sentimentos, clicada nos estúdios da Warner Bros com dois dublês, aonde a cabeça de um era protegida por um gorro e vestindo uma roupa ignífuga, protegida por um terno. As outras fotos do encarte são a da contracapa aonde se mostra um vendedor do Floyd sem rosto, além de um véu em um bosque de Norfolk e um mergulho sem respingo no Lago Mono, que nas notas do álbum é chamado de Monosee. Na Inglaterra, a ideia de preservar a capa em uma embalagem a vácuo de cor escura com um adesivo, desenhado por George Hardie, com os conceitos por trás de Welcome to The Machine e Have A Cigar com uma banda de duas mãos mecânicas se cumprimentando em um aperto de mão que foi colocado em uma manga opaca de cor escura, baseada no velcro verde colocado na capa de Country Life (1974), do Roxy Music. A faixa que abre o disco é Shine On You Crazy Diamond (I to V) têm como uma referência principal o membro fundador Syd Barret (1946-2006) e que fez uma visitinha por onde passou despercebido nos estúdios Abbey Road no dia 5 de junho, quando a banda estava terminando de mixar esta faixa, mostrando um pouco de quatro notas na introdução; na sequência temos Welcome to the Machine, aonde começa com o barulho de uma porta "ela é o símbolo do progresso e da descoberta musical, traídos apenas pela indústria apenas interessada em lucro e sucesso" e com a cozinha sonora do Floyd arrasando como sempre; a crítica a indústria musical segue em Have a Cigar, aonde os alvos são os chefões e cheias de clichês tradicionais como "mal posso contar" e a tradicional pergunta "who is Pink?", que sempre foi feita à banda durante várias ocasiões; já em Wish You Were Here, com uma clássica levada de violão executada por Gilmour e que sempre foi um dos acordes executados pelos fãs e músicos que sempre buscaram inspiração através das canções da banda; a última faixa é a parte final de Shine On You Crazy Diamond (VI to X), a homenagem ao amigo Barrett que saiu da banda após sofrer um colapso mental por causa das drogas em 1968 e que passou recluso até morrer em 2006 e que nessa passagem estava gordo, careca.

Insatisfeitos com a forma que era divulgado seu material nos Estados Unidos pela Capitol Records, da EMI, a banda acaba seguindo com a Harvest como principal distribuidora europeia, e acabaram assinando com a CBS Records nos EUA, causando problemas com o acervo até 1987, e foi quando a banda decidiu passar a pertencer seus próprios direitos autorais como The Pink Floyd Music Limited ao invés das gravadoras se responsabilizarem pelos direitos das músicas. Wright declarou que não estando muito obstante com os resultados da produção, é declarado como o álbum favorito dele. Com o álbum mostrando ser um verdadeiro resultado impressionante, a banda acabou trazendo uma linguagem mais extensa e mais inovadora, tanto nas músicas quanto na arte da capa. Porém, o conceito que a banda buscava ir mais além, só seria descoberto a partir do álbum Animals (1977), mais um dos tantos álbuns que a banda buscou ousar em termos de conetúdo visual e musical. Um disco que vai seguir marcando ouvidos de fãs ao redor do mundo. Está na posição de 209º lugar da lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos Os Tempos, da revista norte-americana Rolling Stone, e em 2004 foi elegido como o 34º lugar pela Pitchfork Media na lista dos 100 melhores álbuns dos anos 70.
Set do disco:
1 - Shine On You Crazy Diamond (I to V)
  • Parte I (Richard Wright/Roger Waters/David Gilmour)
  • Parte II (David Gilmour/Roger Waters/Richard Wright)
  • Parte III (Roger Waters/David Gilmour/Richard Wright)
  • Parte IV (David Gilmour/Richard Wright/Roger Waters)
  • Parte V (Roger Waters/David Gilmour/Richard Wright)

2 - Welcome to The Machine (Roger Waters)
3 - Have a Cigar (Roger (Waters)
4 - Wish You Were Here (Roger Waters/David Gilmour)
5 - Shine On You Crazy Diamond (VI to IX)

  • Parte VI (Richard Wright/Roger Waters/David Gilmour)
  • Parte VII (Roger Waters/David Gilmour/Richard Wright)
  • Parte VIII (David Gilmour/Richard Wright/Roger Waters)
  • Parte IX (Richard Wright)

Comentários

  1. Meu disco preferidaço do Pink Floyd em todos os tempos... Adoro Wish You Were Here, sempre é muito bom ouvi-lo!

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