Um disco indispensável: Miley Cyrus & Her Dead Petz - Miley Cyrus (Smiley Miley, 2015)

Em 2013, o Video Music Awards, também conhecido como VMA, acompanhou um dos mais polêmicos shows que aquela premiação da emissora MTV já teve, assim como foi a de Madonna em 1984 com Like a Virgin, e 19 anos depois, causando com selinho lésbico, só que desta vez, a realizadora da performance polêmica seria uma garota já com seus vinte anos de idade e que têm no seu currículo artístico um seriado da Disney, oito filmes e quatro álbuns de estúdio: o nome é Destiny Hope Cyrus, mas acabou sendo Miley Ray Cyrus (nem precisamos dizer de quem é filha), e que se converteu simplesmente na garota Hannah Montana de 2006 até 2009 e que só conseguiu mesmo mostrar-se a verdadeira Miley Cyrus quando fez clipes mais diferentes como em Party In The U.S.A e no ano seguinte, se mostrou totalmente indomável em seu álbum Can't Be Tamed, fazendo ela se livrar de vez do vínculo à sua imagem de boa moça, que ficou carregada enquanto era mais uma das menininhas da Disney, assim como Vanessa Hudgens e Demi Lovato, e que três anos depois, usou o Video Music Awards para mostrar ao mundo que "a garotinha cresceu" quando saiu de um gigante urso de pelúcia e usando uma luva de espuma usada pelos torcedores de beisebol e fazendo uma dança totalmente ousada, numa posição sexual, chamada "twerk" ao lado de Robin Thicke e isso despertou a ira de muitos fãs que esperavam uma Miley já do mesmo patamar que de 2006 a 2011, o período em que se manteve a "garota Hannah Montana" e aprendendo um pouco mais sobre como sobreviver ao universo do pop, dominado por Katys, Rihannas, Taylors e Beyoncés. Após a polêmica, houve quem discordasse da evolução da garota Miley, houve quem achasse isso uma estratégia de marketing só pra promover, porém, ela simplesmente mudou o estilo, o visual e divulgando sempre fotos aonde ela esteja um pouco "ousada" como na apresentação do Video Music Awards de 2013 e sempre buscando novas parcerias, como o produtor Mike Will Made It, um dos responsáveis pelo som do álbum Bangerz, lançado já após a polêmica da premiação da MTV e que também despertou um máximo interesse em trabalharem mais nessa mudança artística da filha de Billy Ray. A Bangerz Tour já estava de vento em popa quando ela e Mike Will Made It se juntaram a Wayne Coyne e a turma toda dos Flaming Lips e dali uma parceria selada, mas que também acabou custando muito para Miley sair da RCA Records, gravadora aonde ela estava desde que assinou um contrato em princípios 2013, antes de lançar Bangerz e provocar no VMA.
Miley em foto promocional para o Video Music Awards (VMA) deste ano
Foto: Divulgação/MTV
O álbum novo foi trabalhado num orçamento barato de 50 mil dólares, totalmente independente, pois Miley já não precisava de tanto esforço para preparar um grande material, a parceria com Coyne e os Flaming Lips já poderia render mais frutos do que já haviam rendido quando Cyrus participou do projeto With A Little Help From My Friends, aonde os Lips traziam convidados para interpretar faixas do clássico álbum dos Beatles de 1967 cantando Lucy In The Sky With Diamonds e A Day In The Life. Depois de vários encontros, acabou originando uma das parcerias que originaram Miley Cyrus & Her Dead Petz, lançado no dia 30 de agosto no site da própria cantora após ela voltar ao VMA dois anos depois, desta vez como apresentadora da premiação e mostrando visuais com base na última turnê, e divulgando seu novo álbum de forma independente pela internet. Os produtores são, fora Mike Will Made It e os Lips, também teve Jon Baken, Resource, Ryder Ripps e Oren Yoel mais o irmão de Wayne, Dennis Coyne no time de produção além de contarem com todo o suporte dos Lips nas músicas da ex-Hannah Montana.
Ao lado de Wayne Coyne, dos Flaming Lips em 2014: após ela
participar de um álbum, uma amizade selada e uma parceria
que resultou em um álbum grandioso e o mais longo de sua carreira.
O álbum começa de cara com ela dizendo "Yeah eu fumo maconha, yeah eu gosto de paz mas eu não dou a mínima e eu não sou hippie" que é o refrão de Dooo It!, uma letra totalmente no estilo mais atual de Miley, com muito linguajado explícito e encerra com uma pergunta bem vulgar "Why do they put the d**k in the p***y?" e a música morre de vez; logo na sequência, Karen Don't Be Sad, uma balada bem viajante e com muita influência dos Lips e que pode servir pra "hora de ficar doidão" com uma letra dessas; a perda de um cachorro acaba se tornando uma boa inspiração para músicas deste novo álbum, e é o caso de The Floyd Song (Sunrise) e com uma pegada sonora que cruze Flaming Lips com Tame Impala; já a canção Something About The Space Dude traz boas referências de um clássico que tem tudo a ver com espaço, que é Space Oddity, de David Bowie e com ares viajantes; na sequência temos Space Boots, ainda com referências espaciais e também essencial pra ouvir sintonizado lá em cima com uma batida bem mais pop e que lembre um pouco de Bangerz até; já a vinheta Fuckin' Fucked Up carrega um pouco das batidas pop que aparecem na faixa Doo It! até, mas que é só uma passagem; depois de menos de um minuto de intervalo, a sonzeira volta a rolar solta com BB Talk, aonde ela dá indiretas sobre um cara e tendo a produção de Oren Yoel; já em Fweaky, aqui ela dá uma de Lana Del Rey, com uma atmosfera bem depressiva e ela assume que desta vez, foi longe demais e bota longe nisso, em termos de música e de versos; as referências não param e desta vez foi só Bang Me Box começar que sentimos uma forte influência de Get Lucky, do Daft Punk e imaginando a guitarra de Nile Rodgers presente, uma coisa bem dance-pop retrô setentista; já Milky Milky Milk é outro papo, com um pop bem mais comercial, com a produção dos Flaming Lips e aonde fala sobre lamber mamilos; o momento deprê volta na canção Cyrus Skies com uma pegada bem fúnebre; já em Slab Of Butter (Scorpion), a pegada dos Flaming Lips reaparece e com a presença de Sara Barthel, do Phantogram como um elemento a mais pra engrossar o caldo (nesse sentido, a música); menos de um minuto é o necessário para ouvir de Miley Cyrus a frase I'm So Drunk aonde ela fala simplemente o verso "eu estou bêbada"; a influência dos sons jamaicanos como o ragga e o dancehall são muito notadas em I Forgive Yiew, com a presença do conjunto de Wayne Coyne pra dar aquele caldo bem viajante; mais um momento triste-deprê estilo Lana Del Rey, agora com a pegada bem triste e profunda que é I Get So Scared, que parece ter sido feita após passar por maus bocados; o pop oitentista volta a ser referência de base e dessa vez em Lighter, as coisas vão bem mais equilibradas e esperançosas; a presença dos Lips já é necessária, mas quem também deu aquele ombro amigo foi o rapper Big Sean na faixa Tangerine, outra das tantas viagens musicais do álbum; e indo de vez na onda floydiana, uma bem conhecida faixa dos shows mais recentes da Bangerz Tour, Tiger Dreams é outro ponto alto deste álbum e com Ariel Pink também dando uma canja mais que especial nesse álbum; o mundo colorido e psicodélico não é muito presente no álbum e prova disto é Evil Is But A Shadow, aonde ela diz que o mal é apenas uma sombra no mundo; já em 1 Sun, é aquela canção "luz no fim do túnel" e desta vez, voltando ao pique já com fortes batidas e dando aquela vibe mais pra cima; enquanto outra homenagem a mais um animal da cantora que morreu acaba sendo o foco principal de mais uma música, desta vez a um peixinho de estimação Pablow The Fish com Miley à capella e no piano; a faixa Miley Tibetian Bowlzzz já é algo mais zen, mais new age e serve para ouvir em um momento calmante, meditando, bem relaxante mesmo; o final fica com Twinkle Song, aonde ela sonha com David Bowie com a forma do Gumby a ensinando de skate e no estilo voz-e-piano mostrando qual é a de Miley no momento.
O resultado final deste álbum é uma viagem sonora de 92 minutos passeando por vários momentos, sejam os mais deprês, os mais pra cima e os mais alucinantes. Aliás, não é sempre que vemos álbuns assim, longos, com muitas faixas e muita pegada festiva em algumas das 23 canções do mais recente trabalho da filha de Billy Ray Cyrus que já está com dez anos de carreira.
Set do disco:
1 - Dooo It! (Miley Cyrus/Steve Drozd/Dennis Coyne/Wayne Coyne)
2 - Karen Don't Be Sad (Miley Cyrus/Steve Drozd/Wayne Coyne)
3 - The Floyd Song (Sunrise) (Miley Cyrus/Steve Drozd/Dennis Coyne/Wayne Coyne)
4 - Something About The Space Dude (Miley Cyrus/Steve Drozd/Dennis Coyne/Wayne Coyne/Derek Brown)
5 - Space Boots (Miley Cyrus)
6 - Fuckin' Fucked Up (Miley Cyrus/Dennis Coyne)
7 - BB Talk (Miley Cyrus)
8 - Fweaky (Miley Cyrus)
9 - Bang Me Box (Miley Cyrus)
10 - Milky Milky Milk (Miley Cyrus/Steve Drozd/Dennis Coyne/Wayne Coyne)
11 - Cyrus Skies (Miley Cyrus/Steve Drozd/Dennis Coyne/Wayne Coyne)
12 - Slab Of Butter (Scorpion) (Miley Cyrus/Steve Drozd/Dennis Coyne/Wayne Coyne) - participação de Sarah Barthel, do Phantogram
13 - I'm So Drunk (Miley Cyrus)
14 - I Forgive Yiew (Miley Cyrus/Sam Hook)
15 - I Get So Scared (Miley Cyrus)
16 - Lighter (Miley Cyrus)
17 - Tangerine (Miley Cyrus/Steve Drozd/Dennis Coyne/Wayne Coyne)
18 - Tiger Dreams (Miley Cyrus/Steve Drozd/Wayne Coyne)
19 - Evil Is But A Shadow (Miley Cyrus/Steve Drozd/Wayne Coyne)
20 - 1 Sun (Miley Cyrus)
21 - Pablow The Fish (Miley Cyrus)
22 - Miley Tibetian Bowlzzz (Miley Cyrus/Steve Drozd)
23 -  Twinkle Song (Miley Cyrus)




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