Um disco indispensável: Invisible - Invisible (Talent Microfón, 1974)

O ano de 1973 se encerrava e o rock argentino começava a se expandir com bandas de grande
popularidade, embora que a ditadura permanecesse onipresente no poder político
do país. E assim como o rock estava começando a ter um rumo diferente, Luis
Alberto Spinetta começaria a mudar os rumos da sua trajetória musical após a
separação da banda Pescado Rabioso e o disco Artaud, que parecia ser um disco solo creditado ao grupo, embora os
ex-companheiros de Almendra, Emilio Del Guercio e Rodolfo García tenham feito
parte deste projeto de Spinetta. Mas após o disco Artaud, ele formou um grupo
bem no final de 1973, misturando jazz-rock
e muito rock progressivo e jazz-fusion, o que estava na moda
durante aquela época, do final da década de 1960 até o começo dos anos 1980,
chamado Invisible. O grupo teria Spinetta como band-leader, Héctor "Pomo
Lorenzo" na bateria e Carlos Alberto "Machi" Rufino no baixo e
duraria até o começo de 1977, dando a banda três discos conhecidos e clássicos,
shows pela América do Sul e milhares de fãs de mais um grupo de rock que
entraria para a história da música argentina, com um pouco da musicalidade
baseada em John McLaughlin e do
grupo Weather Report, mas com um pouco mais de influência em bandas de hard
rock e rock progressivo de Pink Floyd, Emerson Lake and Palmer, Genesis, King
Crimson, Jehtro Tull, Yes entre outros.
O disco é nada menos do que uma obra de arte discográfica que muitos merecem ter em sua coleção
discográfica, seja em vinil, seja em CD ou até mesmo no seu computador. O disco
é daqueles que você viaja ouvindo e tentando entender o som deles por mais que
você tente ouvir várias vezes, este
é um disco fácil entender logo quando você ouve o disco, ou seja: é algo
incomparável ao que já se ouviu de tantas bandas que surgiam naquela época, o
disco é muito interessante até pelo encarte do disco, com os desenhos do
holandês M.C. Escher com um conteúdo
original e simples; o disco começa com Jugo
de Lúcuma, uma canção bem interessante com uma introdução de solo se
guitarra bem marcante, até por demais, pois lúcuma é uma fruta muito popular na região do Peru, onde já
realizou shows com a banda Almendra; já El
Diluvio Y La Pasajera é uma canção que têm mais longa duração deste disco
(8:46) e amplos espaços instrumentais, devido a improvisação, destacando o solo de baixo de Machi Rufino e o solo
de guitarra de Spinetta, que vai dos quatro minutos e tantos até os últimos
segundos da música, e uma frase sobre a fantasciência
dos pré-colombinos dá uma sensação de que a música merece valer a pena ouvir
"a partir do corpo do vulcão morto os indígenas preparam outro raio laser
para se preparar para que o dilúvio nunca seque-os." sobre a qual Spinetta
que já estudou enquanto aluno de Belas Artes sobre a cultura asteca; a
sequência vem com Suspensión, no
qual a banda faz um som à la Black Sabbath, onde a banda deixa a regra de não
usar a distorção e também é um dos
pontos fortes do disco pelos corais duplos de Machi e Spinetta; Tema de Elmo Lesto é uma música
instrumental, marcada pela escala descendente que se repetem o baixo e a
guitarra além da base improvisada, o nome Elmo Lesto é baseado num boneco com
uma cabeça gigante de cartão; já em Azafata
del Tren Fantasma é uma canção baseada numa imagem de um rei de espadas,
que tem uma espada cravada nas costas e com algumas frases na música que
soariam como algumas interpretações políticas que Spinetta negou ultimamente e
com pouca letra, a música vai se estendendo instrumentalmente; a parte final
fica por conta de Irregular, com
alguns versos nos últimos cinco minutos de música, e como já diz o título,
busca irregularidade no ritmo, na
melodia e no volume e um pouco do lirismo poético de Spinetta, cuja música fala
sobre a incompreensão na cidade, de Deus e do tráfego que é considerado
“irregular”, na qual Spinetta canta no resto da música “Os cimentos
arquitetônicos das cidades contrastam com os fins simbólicos e na
irregularidade do trânsito se reflete nesta contradição”; já o final mesmo fica
com um compacto com duas músicas, uma delas chama-se La Llave del Mandala, cuja letra se baseia nos desenhos de Escher como
“Limite de Círculos IV” e também têm como destaque na parte musical um riff de
rock pesado que no meio da música traz uma parte bem sinfônica no final da
música; e por fim, a música de nome longo Lo
Que Nos Ocupa Es Esa Abuela, La Conciencia Que Regula El Mundo, um tema com
base psicodélica, e também com uma influência de Carl Jung nas letras, que tinha a consciência como um de seus conceitos-chaves. A banda lançou o
disco, junto com o compacto e acabou rendendo muitos shows durante aquele ano
de 1974, é visto também como referência às bandas Madre Atómica, Crucis e Serú
Girán a partir de 1976, mas aí estamos falando de outra história. O disco teve
uma reedição em 1985 sem o compacto, apenas as seis músicas, mas somente em CD
foi lançado o disco mais o compacto que acompanhava e quatro temas lançados em
compactos, chamados Elementales Leches,
Estado de Coma, Viejos Ratones del Tiempo e Oso
del Sueño, que deixaram de ser inéditos a partir dos anos 90.
Set do disco:
1 – Jugo de Lúcuma
(Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto Spinetta)
2 – El Diluvio Y
La Pasajera (Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto
Spinetta)
3 – Suspensión
(Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto Spinetta)
4 – Tema de Elmo
Lesto (Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto
Spinetta)
5 – Azafata del
Tren Fantasma (Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis
Alberto Spinetta)
6 – Irregular (Héctor
“Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto Spinetta)
7 – La Llave del
Mandala (Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto
Spinetta)
8 –
Lo Que Nos Ocupa Es Esa Abuela, La
Conciencia Que Regula El Mundo (Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi
Rufino/Luis Alberto Spinetta)
BÔNUS DA REEDIÇÃO EM CD EM 1993 PELA MICROFÓN E PELA SONY MUSIC
9 – Elementales Leches
(Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto Spinetta)
10 – Estado de
Coma (Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto
Spinetta)
11 – Viejos Ratones
del Tiempo (Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto
Spinetta)
12 – Oso del Sueño
(Héctor “Pomo Lorenzo/Carlos Alberto “Machi Rufino/Luis Alberto Spinetta)
Comentários
Postar um comentário
Por favor, defenda seu ponto de vista com educação e não use termos ofensivos. Comentários com palavras de baixo calão serão devidamente retirados.