Um disco indispensável: 13 - Black Sabbath (Vertigo/lUniversal Music, 2013)

O Black Sabbath dos anos 70 voltou, mas apenas três partes da formação original: Ozzy Osbourne (o monstrengo mais amado do rock e da MTV), Tony Iommi (o Iron Man, o mito das guitarras) e Geezer Butler mostraram que embora velhos demais para o rock and roll e o heavy metal, às vezes parecem jovens para aqueles que acham que os anos 70 ainda soam como nunca. Desde o início do ano 2000, vi muitas bandas se mantendo no pique, como o Aerosmith (que passou por muitas coisas como brigas, desentendimentos e até tentativas de trocar o vocalista Steven Tyler em 2009), o Deep Purple, o Grand Funk Railroad (sem o lendário vocalista e guitarrista Mark Farner) e também o Black Sabbath, que já houve uma troca de vocalistas e após batalhas judiciais e problemas qualquer, o grupo retorna sob outro nome: Heaven and Hell, com o vocalista Ronnie James Dio (o nanico que popularizou o símbolo dos chifrinhos com as mãos) e o baterista Vinny Appice, que sempre está junto de Dio. A banda Heaven and Hell continuou até 2010 quando Ronnie James Dio falece, vítima de um câncer e a banda desativa-se por um bom tempo até tentarem chegar a um momento certo de continuarem se mantendo na estrada como se fosse o velho Sabbath, com alguém cantando de um jeito que só o próprio Ozzy consegue cantar. Até aqui tudo bem, mas e o homem que come de tudo, de morcego até qualquer coisa que ofereçam a ele? O Sr. Osbourne, homem de família, o homem da Sharon e conhecido como Príncipe das Trevas se mostra que aos 64 anos faz muito mais do que fazia antes para mostrar que ainda continua no circuito dos senhores do rock and roll, topa qualquer parada, até um reality show da MTV expondo sua vida familiar em público: ele, um homenzarrão de mais de cinquenta anos (na época) mostrando que não têm papas na língua, mostrando que sabe do que é capaz de fazer fora dos holofotes, diante de sua mulher e de seus filhos Jack e Kelly (Aimee não sei porque não era vista nas fotos da série) e criando muitas coisas na estrada para materiais futuros, seus últimos ábuns em estúdio foram Dark Rain (2007) e Scream (2010), cujas turnês de cada disco passaram pelo Brasil (2008 e 2011) e ambas bem recebidas pelo povo metaleiro do nosso País Tropical. Em 2011, Ozzy deixou de lado seu lado solista para se juntar com Iommi e conversar certas coisas até que no site blacksabbath.com havia o dia 11-11-11: mas afinal esse 11-11-11 seria algo tratado a algum relançamento, alguma novidade inédita da banda? Todos os olhos dos fãs de Ozzy e seus tempos áureos de Sabbath Bloody Sabbath, Paranoid, War Pigs e de Master of Reality e contando dias e horas para o inesperado momento: até que neste dia, a banda anuncia turnê nova, disco novo e muitas novidades, só que desta vez com Ozzy Osbourne e Bill Ward neste retorno e o primeiro show seria em maio de 2012, sem banda de abertura e o melhor: tocando seus velhos clássicos de sempre da fase áurea da banda, que durou de 1968 a 1978, quando Ozzy saiu da banda preparando tudo para fazer sua carreira solo a mais monstruosa de todos.
Estava tudo às mil maravilhas, quando, do nada, Ward pula fora do momento “revival” da banda porque disse que não tinha vontade de continuar revivendo o período que mais o atormenta quando ele fala disto, e não é de hoje que ele não quer saber da fase louca movida a drogas e pura loucura da banda e Ozzy - que parecia ser mais louco antigamente do que no reality show da MTV – estava já aos poucos reconciliando com a banda, que, por causa das suas loucuras, foi expulso e isso deixou a banda em crise até 1979. Aí 2012 vêm com uma baita turnê do quarteto de Birmingham, e no lugar de Ward entra Tommy Clufetos, que era baterista da banda solo de Ozzy e dando início ao procedimento de um possível material inédito da banda, sob a produção de um produtor que, além de sempre ter sonhado com o Sabbath, ele é fã – imaginem – Rick Rubin, o monstro das produções discográficas dá aquele seu poderoso toque de Midas para expandir o sucesso de um álbum, no caso de Californication (1999) do Red Hot Chilli Peppers e de gente como os grupos Metallica, Slayer, LL Cool J, Eminem (recentemente), Johnny Cash, System of a Down e Weezer; e acreditem – para vocês verem – Rubin sabe fazer mágica para que um disco seja clássico e todo mundo goste, querendo ou não. O álbum foi todo trabalhado no segundo semestre de 2012, especialmente, no período de agosto de 2012 a janeiro de 2013, quando já tinha se encerrado por completo as gravações do trabalho novo da banda, naquele período. Já que Ward não aceitou em topar participar da reunião, meses depois do 11/11/11, apesar de já ter participado da reunião de 1997 a 1999 que resultou num disco duplo, intitulado Reunnion, lançado no final de 1998, e em várias ocasiões do Ozzfest, festival da nata do heavy metal organizado pelo casal Osbourne, com o Sabbath das antigas. Afinal, como ficaria o Black Sabbath sem um mito das baquetas? Clufetos estava no cargo para substituir Ward, mas aí chega uma opção de Rubin o então ex-Rage Against The Machine e ex-Soundgarden Brad Wilk, que era fã da banda assim como Rubin, e pegou o cargo de baterista da banda, embora não apareça nas fotos oficiais. Para o novo material, Rubin fez uma lista de possíveis bateristas para este material novo, ou seja, Clufetos fora, porque estava só substituindo o Bill Ward; e Rubin disse que a maioria dos que eram ótimos já haviam falecido e chegou a indicar Ginger Baker (Cream, Blind Faith...), mas a banda não aceitou, foi quando a partir do período que havia produzido o Rage Against The Machine em especial o álbum Renegades (2000), lembrou-se de Wilk.
O álbum é especialmente ao estilo Sabbath com Ozzy Osbourne: cheio de peso, tanto musical quanto vocal, destaque para os solos pesados de Tony Iommi e também para Brad Wilk, que não deixou nenhum fã de Black Sabbath decepcionado; definitivamente, um disco de rock de verdade apareceu neste ano de 2013 em meio a tanta novidade no circuito alternativo e indie, foram ousados ao voltar às raízes, foi o primeiro material inédito da banda com o Príncipe das Trevas (Ozzy) desde Never Say Die! (1978) e também o da banda desde Forbidden (1995), após este disco saíram somente coletâneas. Mas dando os destaques para End of Beginning, com introdução perfeita e um Ozzy berrando a plenos pulmões como nunca, imaginam um senhor de 64 anos e ainda disposto a vencer tudo que é desafio? É o mesmo caso em God Is Dead?, na qual tudo continua do jeito mais sabático de sempre, e provando que embora já haviam se passado 35 anos dos tempos áureos e 15 da reunião original completa, é claro que tudo permaneceu como antes entre os três. É possível ver ainda em Loner, Zeitgeist, Age of Reason e Live Forever uma aula de como se faz heavy metal no estilo sabático e como cantar e fazer solos de manter o público de pé durante os shows; e o que não falar do solo de gaita do Ozzy em Damaged Soul, que já é clássico o Príncipe das Trevas tocar gaita em seus shows tanto solistas quanto no Sabbath, o encerramento com Dear Father soa como se estivesse metendo críticas sobre um padre cuja sua violência vai ser deixada em ruínas, falando de uma figura importante no poder religioso cristão que estivesse assassinando crianças e abusando delas depois de mortas como carne, o que para mim, é bizarro – e bota bizarro nisso – e comum nos temas do grupo.
O grupo se mantêm no pique desde o lançamento do disco, os três senhores do metal à frente do grupo mais o caçula Wilk arrebentando nas baquetas, a banda segue em turnê (creio que até 2015) e mostrando aquilo que Jehtro Tull já disse “Você pode ser velho demais para o rock and roll, mas pode ser também jovem demais para morrer”, afinal, esta frase nos lembra os tempos de loucura de Ozzy, mas aí já é outra história.
Set do disco:
1 – End of Beginning (Ozzy Osbourne/Tonny Iommi/Geezer Butler)
2 – God Is Dead? (Ozzy Osbourne/Tonny Iommi/Geezer Butler)
3 – Loner (Ozzy Osbourne/Tonny Iommi/Geezer Butler)
4 – Zeitgeist (Ozzy Osbourne/Tonny Iommi/Geezer Butler)
5 – Age of Reason (Ozzy Osbourne/Tonny Iommi/Geezer Butler)
6 – Live Forever (Ozzy Osbourne/Tonny Iommi/Geezer Butler)
7 – Damaged Soul (Ozzy Osbourne/Tonny Iommi/Geezer Butler)
8 – Dear Father (Ozzy Osbourne/Tonny Iommi/Geezer Butler)









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