Um disco indispensável: Sprinter - TORRES (Partisan Records, 2015)

Uma voz profunda, uma mulher que lembre um pouco PJ Harvey, na posição voz-e-guitarra, que consiga agradar a quem esteja ouvindo e curtindo algo que beira entre a própria Harvey e uma Sharon Van Etten ou uma Cat Power até. Essas palavras podem definir um pouco o som de TORRES (se escreve em maiúsculo mesmo), pseudônimo da estadunidense Mackenzie Scott, nasicda em Macon, na Georgia e criada no lar da música country no estado do Tennessee, logo na cidade de Nashville e que veio a planejar sua carreira solo enquanto cursava na Belmont University, em Nashville aos 21 anos, embora já tenha cantado hinos na igreja e também para uma adaptação de Um Violinista No Telhado durante o colegial, na qual assumiu a produção do musical e foi por aí que ela aprendeu a tocar guitarra e aperfeiçoar-se mais como cantora. TORRES só conseguiu mesmo ganhar mais expansão mesmo já gravando seu álbum ainda na faculdade, durante o verão de 2012 no estúdio caseiro de Tony Joe White e este álbum de estreia, veio a ser lançado apenas em 22 de janeiro de 2013, um dia antes de seu aniversário, com lançamento de forma independente e nos formatos de CD, LP, download ditgital e em fita cassete: sim, os americanos ainda lançam materiais neste formato já extinto, ainda que sejam mais os músicos independentes e pouco conhecidos pela grande mídia mundial, mas que expandem-se através de quem descobre pela internet ou por meio de aplicativos de streaming de música, como Deezer, Rdio, Spotify e agora Apple Music. Se no álbum de estreia, que leva o nome da cantora, ela falou sobre ciúmes, términos de relacionamentos, além de problemas em uma relação maternal: tudo isso em letras profundas e uma voz que pode mudar de tom a cada vez que canta. Passados dois anos, seu segundo álbum acaba de ser lançado em maio, chamado Sprinter, na qual se mostra uma TORRES diferente do álbum anterior, já pelo fato de ela ter uma conexão mais religiosa (ela foi criado na igreja batista) e pelo medo de perder alguém próximo por morte. E algumas coisas mostram por definitivo a evolução de TORRES em Sprinter, que já se mostra também mais maduro, embora ainda sigam alguns temas do álbum anterior e influenciado por temáticas que fogem deste padrão simples apenas dos problemas amorosos e relações complicadas.
TORRES: da garota de Georgia para um dos mais aclamados nomes
do rock alternativo e indie-folk desta primeira metade da década de2010
O álbum, de apenas nove faixas e totalmente produzido pela própria Mackenzie Scott e trabalhado durante o ano de 2014 e o início de 2015 foi também um teste para ver até aonde ela pode conseguir se melhorar em um segundo álbum. A faixa que abre o disco se chama Strange Hellos, que no início começa a carregar uma vibração bem diferente, com um início bem suave e que só nos cinquenta segundos ganha mais potência e agressividade; em New Skin, ela fala sobre esta "nova pele" e também se mostra uma música meio-a-meio, que pode ter um lado suave e o outro agressivo, uma espécie de yin-yang que carrega nas suas músicas e até na capa do álbum; muito de religião se pode notar logo em Son, You Are No Island, também mostra ser uma canção com uma impressionante linha melódica, com sintetizadores e uma guitarra complementando e que chega a crescer, mas volta ao que era logo de cara; o que se pode perceber muito em A Proper Polish Welcome, além da mesma linha melódica suave e calma, mas que em poucas vezes ganha-se um pouco de ritmo, mais precisamente uma levada de percussão; o que um padre sendo pego vendo pornografia têm a ver com a letra de Sprinter? Muita coisa, aliás, é um retrato de como acabam acontecendo os maiores problemas sobre descrença, desilusão com religião e decepção por algumas autoridades religiosas com uma pegada extremamente pesada na base sonora; já em Cowboy Guilt, uma possível conexão entre o tradicional personagem americano dos faroestes e a levada bem pop na canção, aonde ela se sente traída e declara ao cowboy que ele levou a culpa; e uma breve sensação de que nem sempre as coisas dão certo no amor, a letra de Ferris Wheel fala sobre um namorado que não gosta de verdade da amada, mas só dos passeios de carro e sobre se sentir numa roda gigante vazia; logo nos versos sobre uma mulher equivocada em Amsterdam e de ter perdido muita coisa na mente é algo impressionante para quem ouve e já bate de cara ouvindo os versos de The Harhest Light; os quase oito minutos que duram em The Exchange são como se estivéssemos ouvindo um canto falado sobre o medo de perdermos alguém próximo para a morte, sem muitos acordes até que o violão começa a crescer aos poucos depois de 3:30 soando baixinho demais e sem se preocupar com a forma de cantar ou com o tempo da música, já se pode mostrar un encerramento leve, porém que faz todo sentido.
Set do disco:
1 - Strange Hellos (Mackenzie Scott "Torres")
2 - New Skin (Mackenzie Scott "Torres")
3 - Son, You Are No Island (Mackenzie Scott "Torres")
4 - A Proper Polish Welcome (Mackenzie Scott "Torres")
5 - Sprinter (Mackenzie Scott "Torres")
6 - Cowboy Guilt (Mackenzie Scott "Torres")
7 - Ferris Wheel (Mackenzie Scott "Torres")
8 - The Harshest Light (Mackenzie Scott "Torres")
9 - The Exchange (Mackenzie Scott "Torres")









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