Um disco indispensável: Currents - Tame Impala (Modular Recordings/Interscope Records, 2015)

Olha só essa. Parece que está sendo um ano ótimo na música em 2015, se já não bastasse os lançamentos de Noel Gallagher, Florence + The Machine, Belle & Sebastian, Sufjan Stevens, Kendrick Lamar, Death Grips, Bob Dylan, Todd Rundgren e até mesmo Chitãozinho & Xororó interpretando os clássicos de Tom Jobim (não, você não está lendo errado) conseguiram agradar ouvidos de muita gente até o final do primeiro semestre do ano que ainda têm muita coisa pra rolar. Mas, dando um pouco de exceção a estes lançamentos, alguns já falados no blog até, o grupo australiano Tame Impala conseguiu agradar as expectativas dos fãs com o novo álbum, chamado Currents cujo foi anunciado seu lançamento para o dia 18 de julho, que depois ficou um dia a menos a data de lançamento, a sua lista de faixas foi divulgada em abril e que já foi disponibilizado na internet (tinha em "full album" no YouTube, mas acabaram de apagar em poucas horas). Sim, após anos de espera desde Lonerism (2012), que foi um grande sucesso graças aos sucessos Mind Mischief, Feels Like We Only Go Backwards, Elephant e Sun's Coming Up, o grupo de Kevin Parker decidiu pegar estrada, fazendo grandes shows e acabaram vindo para o Brasil no ano passado para shows em São Paulo e Rio de Janeiro tocando as faixas deste álbum já citado e do seu primeiro álbum, InnerSpeaker (2010). As gravações ocorreram no norte australiano entre 2013 e início deste ano na cidade de Fremantle, o anúncio de um novo álbum foi no início de março, seguido do lançamento de uma das faixas que viriam a antecipar o álbum.
E esta faixa que veio a antecipar o mais recente trabalho é Let It Happen, com quase oito minutos de duração e uma pegada bem dançante e cheia de referências ao pop oitentista, com sintetizadores e batidas cheias de astral; já na curta e com apenas um minuto e quarenta e nove segundos, Nangs é um dos fragmentos sonoros bem climax e viajantes que antecipariam a faixa seguinte, The Moment, com um quê de pop 80 e com uma introdução que lembre Everybody Wants to Rule The World, do Tears For Fears e na qual Kevin Parker conseguiu acertar em cheio até pelos acordes viajantes nos sintetizadores; já em Yes I'm Changing, a levada bem baladista e viajante não passa batido, segue sendo impressionante depois da primeira audição e a voz de Parker lembra um pouco John Lennon em Tomorrow Never Knows; em Eventually, a canção soa até um pouco com algumas canções de pop psicodélico dos álbuns anteriores e ainda carrega aquele astral new-age e progressivo nas bases sonoras; com menos de um minuto de duração, Gossip é mais outro fragmento sonoro, com sintetizadores e um solo de guitarra leve pra complementar mais outra faixa que continua o bailado deste álbum; e depois de 55 segundos, eis que aparece The Less I Know The Better, que assim como Let It Happen, soa dançante e numa levada pra cima, quase algo bem mais pro eletrônico; já em Past Life, que começa com uma voz grossa tipo de um computador e a voz de Kevin aparece apenas no refrão, com a mesma base sonora e um pouco mais de sincronia entre o psicodélico e o pop dos 80; enquanto em Disciples, mostra uma volta aos anos 60 em forma de canção com menos de dois minutos nos deixa com uma sensação de estarmos ouvindo uma das tantas viagens sonoras made in Perth; já em 'Cause I'm a Man, uma balada bem tranquilizante, algo já bem familiar pelas levadas de sintetizadores e pela batida já se mostra um tema familiar até; na sequência temos Reality in Motion, também um tema que chega a lembrar um pouco do pop bubblegum feito comercialmente, só que movido a ácido e com muita dose de nostalgia dos anos áureos da psicodelia; logo temos Love/Paranoia, aonde Kevin desabafa "eu não posso ser honesto como eu deveria ser agora" e que "só posso ser paranóico, não sufocar o desejo de amar", às vezes em um tom profundo nos versos mais delicados, com uma guitarra imitando os solos tipo de guitarra havaiana; o final mesmo fica com New Person, Same Old Mistakes, com um pouco de elementos de música oriental e trazendo aquela lisergia sonora do grupo, encerrando bem este novo trabalho do grupo.
Bem, palavras são poucas pra dizer em respeito a este álbum bem trabalhado, apesar de faixas curtas servindo como fragmentos sonoros complementando músicas seguintes, não foi um vacilo total para Kevin Parker, que já tem quase dez anos de estrada com o grupo e mostrou um verdadeiro e impressionante resultado de canções e de arranjos super bem trabalhados, e devemos isto a um homem: o próprio Parker, considerado um verdadeiro gênio do século 21 pelos fãs.
Set do disco:
1 - Let It Happen (Kevin Parker)
2 - Nangs (Kevin Parker)
3 - The Moment (Kevin Parker)
4 - Yes, I'm Changing (Kevin Parker)
5 - Eventually (Kevin Parker)
6 - Gossip (Kevin Parker)
7 - The Less I Know The Better (Kevin Parker)
8 - Past Life (Kevin Parker)
9 - Disciples (Kevin Parker)
10 - 'Cause I'm a Man (Kevin Parker) 
11 - Reality in Motion (Kevin Parker)
12 - Love/Paranoia (Kevin Parker)
13 - New Person, Same Old Mistakes (Kevin Parker)









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