Um disco indispensável: The Queen Is Dead - The Smiths (Rough Trade Records, 1986)

O rock britânico sempre teve seus representantes por década: se nos anos 1960 tivemos os Beatles, os Rolling Stones e os Kinks, os anos 70 com Led Zeppelin, Black Sabbath e Pink Floyd, podemos dizer que os anos 80 tiveram Echo & The Bunnymen, The Clash (na verdade, surgiu em 1975 e se dissolveu 11 anos depois), The Cure, New Order e também, a mais lembrada de todas as bandas britânicas de rock dos anos 80, a The Smiths. Surgida em 1982 na cidade de Manchester com Stephen Morrisey ou simplesmente Morrisey nos vocais, Johnny Marr na guitarra, Dale Hibbert no baixo e Mike Joyce na bateria, mas Hibbert sai da banda e no seu lugar entra Andy Rourke: pronto, a formação de uma banda que durou 5 anos, lançou quatro álbuns de estúdiotrês compilações e devido a vários problemas entre Marr e Morrisey, a separação ocorreu em julho de 1987, pois já tinham um disco pronto chamado Strangeways, Here We Come e este álbum seria lançado em setembro, quando a banda já não estava mais junta. Porém, antes desse fim da banda, eles lançaram no dia 16 de junho de 1986 a sua obra-prima que marcou uma geração, o terceiro álbum The Queen Is Dead, produzido por Morrisey e pelo próprio Marr e lançado pela gravadora Rough Trade. O disco teve problemas para ser lançado, pois demorou sete meses para ser lançado e o álbum tinha suas atividades de gravação encerradas em novembro de 1985 e uma disputa legal com a Rough Trade tinham deixado a banda de cabeça em pé, Marr estava muito doente devido às pressões que davam os shows e a agenda de gravações, Rourke foi demitido da banda no início de 1986 devido ao vício de heroína, substituído por um curto período por Craig Cannon, mas que foi reposto ao cargo original e Cannon acabou na guitarra base, até o fim de 1986.
da esquerda para a direita: Morrisey, Johnny Marr, Mike Joyce e
Andy Rourke em 1986. Após sete meses de espera, era lançado o
álbum "The Queen Is Dead", cheio de sucessos da banda, como
"There's a Light That Never Goes Out".
O disco mostra uma foto de Alain Delon, ator francês em uma atuação feita no ano de 1965 como se estivesse morrendo, e o título originalmente seria There's A Light That Never Goes Out, mas de última hora, o álbum recebeu o nome The Queen Is Dead, quase uma ironização com a Rainha Elizabeth II, mas soa mais como uma espécie de um fim das tradições aristrocáticas de uma Inglaterra quase dominada pelo tédio profundo naquela primeira metade da década de 1980. A faixa-título, bem polêmica, mostra um pouco a Inglaterra dos anos 80 que estava rompendo com os padrões da aristocracia inglesa, na qual conta até com citações sobre a monarquia e a Igreja Católica, destacando se para a introdução e a base instrumental; com uma levada bem alegre e extremamente divertida, Frankly, Mr. Shanky acaba sendo um destaque grandioso também com uma levada bem pra cima e uma letra na qual Morrisey acaba esculachando o próprio diretor de sua gravadora, Geoff Travis; enquanto em I Know, It's Over, o pedido de consolo para a mãe por estar sozinho e sem amor, mostra-se que aqui, o sentimentalismo profundo sempre teve a vez nas canções dos Smiths, com um solo de guitarra de Marr se destacando de vez nessa música; a balada triste Never Had No One Ever mostra um pouco mais daquele estilo melódico de sempre, sem deixar de lado todo o clima deprê nas letras e Morrisey afirma ter perdido "20 years, 7 months and 27 days" (20 anos, 7 meses e 27 dias" e declara estar sozinho durante o refrão; uma breve homenagem a um dos poetas favoritos de Morrisey, o irlandês Oscar Wilde é reverenciado em Cemetery Gates, com uma tremenda linha melódica e letra maravilhosa; até mesmo a então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher não foi perdoada por Morrisey em Bigmouth Strikes Again, na qual foi feita após a imprensa britânica ter criticado-o sobre o seu comentário de Thatcher ter escapado ilesa de um atentado a bomba; outro dos temas que mais se destacam neste disco é The Boy With a Thorn In His Side, na qual conta com uma levada bem pra cima e mostra um Morrisey falando sobre a indústria musical, que nunca ouvia o que ele queria dizer e também se mostra um clássico dos anos 80; já em Vicar In a Tutu, a história de um padre que se divertia usando um saiote de balé e ainda se mostra uma boa sacada do grupo, em termos de criatividae, tanto na parte de letras quanto na de músicas; o disco se mostra mais potente ainda quando começa There's a Light That Never Goes Out, o maior sucesso da banda e que aqui mostra-se um verdadeiro momento criativo e belos acordes de guitarra, enfim, não são muitas as palavras para dizer sobre um convite para sair à noite com alguém sem se importar com morrer sendo chocado por um ônibus de dois andares e ainda mais com a voz de Morrisey ecoando cada verso da canção de um jeito dramático e que nos impressiona, esta música foi reutilizada 23 anos depois na trilha sonora do filme (500) Dias com Ela, de Marc Webb; e este disco encerra de vez com Some Girls Are Bigger Than Others, uma letra falando sobre garotas e algumas serem maiores que outras, inclusive até as mães de outras garotas e aqui encerrando total com riffs de Marr, um dos grandes guitarristas que surgiu naquela que foi a mais estranha e inesquecível década de 1980.
O disco, por ter ganhado um grande reconhecimento apenas pouco tempo depois, segue sendo um dos mais emblemático disco dos 80, com suas letras emblemáticas e cheias de críticas ou de sarcasmos, conquistou mesmo até as listas de discos, como a dos 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, de Robert Dimery e está em 218º lugar na lista 500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos da Rolling Stone, enquanto numa mesma lista similar a da Rolling Stone, mas pelo semanário britânico New Musical Express, ele conquista o 1º lugar. Para alguns fãs, é o 1º em suas listas pessoais, e seguirá sempre sendo lembrado pelas canções que trouxeram um pouco daquele estilo ousado e impressionante daquele quarteto de Manchester que fez história numa década inesquecível.
Set do disco:
1 - The Queen Is Dead (Morrisey/Johnny Marr)
2 - Frankly, Mr. Shankly (Morrisey/Johnny Marr)
3 - I Know, It's Over (Morrisey/Johnny Marr)
4 - Never Had No One Ever (Morrisey/Johnny Marr)
5 - Cemetery Gates (Morrisey/Johnny Marr)
6 - Bigmouth Strikes Again (Morrisey/Johnny Marr)
7 - The Boy With a Thorn in His Side (Morrisey/Johnny Marr)
8 - Vicar in a Tutu (Morrisey/Johnny Marr)
9 - There's A Light That Never Goes Out (Morrisey/Johnny Marr)
10 - Some Girls Are Bigger Than Others (Morrisey/Johnny Marr)


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