Um disco indispensável: Carrie & Lowell - Sufjan Stevens (Asthmatic Kitty, 2015)

Fugindo da conversa tradicional sobre a história por trás do disco e as coisas perfeitas que há, etc. e tal, quero dizer que você precisa e muito ouvir este álbum maravilhoso e entender o quanto é perfeito o trabalho de Sufjan Stevens, este compositor, cantor e multiinstrumentista maravilhoso com uma bela trajetória musical vindo de Detroit, no estado americano de Michigan e que desde 2000 nos impressiona com seus álbuns maravilhosos, ou seja: não dá pra gastar meus dedos à toa sobre a genialidade desse cara porque só ouvindo sua belíssima discografia é que se pode entender o que esse cara faz de perfeito e muito. Se nos álbuns anteriores, já se podia entender pelas suas histórias contadas e pelos arranjos maravilhosos, mas aqui em Carrie & Lowell, as 11 canções de seu mais recente trabalho e que tem uma história por trás deste álbum: o nome se deve à sua mãe chamada Carrie, diagnosticada esquizofrênica e alcoólatra que veio a falecer no ano de 2012, anos depois de ter abandonado Sufjan ainda quando criança, e de Lowell: padrasto e também executivo do selo Ashmatic Kitty, da qual Stevens faz parte e de lá saíram alguns grandes mateirais, como A Sun Came (2000), Enjoy Your Rabbit (2001), Michigan (2003), Seven Swans (2004), Illinois (2005), The Age of Adz (2010), All Delighted People (2010), o EP Silver & Gold (2012) e agora, seu mais recente álbum - o sétimo de sua carreira -, Carrie & Lowell, lançado no dia 31 de março recente. Um belo conjunto de canções emocionantes, na qual ele consegue abrir o tumultuado álbum de família aonde pudesse surgir seus demônios do passado e que fossem exorcizados de vez, dando assim o início a mais uma obra indispensável desse especialista em indie-folk e um talentoso músico da nova geração vinda nesses últimos 15 anos.
Sufjan Stevens
A faixa que abre o disco, Death With Dignity, mostra um Sufjan abrindo seu coração nos versos sobre ter sido magoado pela própria mãe e movido por uma profunda atmosfera sonora que nos impressiona logo na primeira escuta; já em All of Me Wants All Of You, o compositor trata aqui sobre um amor passado, com um piano bem suave; já em Should Have Known Better, ele diz que deveria ter escrito uma carta e poder lamentar todos os seus lamentos, além de retratar; na sequência, tem Drawn To the Blood, um tema que aqui não se deixa passar batido e com um verso que se destaca muito "for my prayer has been the love" (porque minha oração sempre foi o amor) e mostrando um arranjo perfeito e a voz suave de Stevens; a impressão que se passa ouvindo Eugene, baseado num instrutor de natação que ajudou muito Stevens quando garoto e o compara a um pastor ou um padre; a morte de sua mãe é retratada em Fourth of July, ele afirma que todos nós morreremos um dia, provando ser uma das mais tocantes letras por retratar um tema profundo; em The Only Thing, o cantor aqui fala sobre as únicas coisas que o impedem de dirigir o carro e de cortar o seu próprio braço, possíveis conotações ao suicídio e de como sobreviver; em Carrie & Lowell, o cantor fala das suas histórias com sua mãe e seu padrasto, além caprichar nas bases sonoras, mostra um belo arranjo vocal; outro tema deste álbum que dá esse tom intimista é John My Beloved, seguindo o mesmo formato, que cresce pouco e ainda soa a voz calma e melancólica, mas desta vez com o coração; já na amarga No Shade In The Shadow of the Cross, ele diz "drag me to hell, in the valley of the Dalles like my mother" (arraste-me para o inferno, no vale de Dalles como minha mãe), querendo reencontrá-la no futuro, com ecos soando levemente como uma canção de levada zen; e para encerrar, Blue Bucket of Gold já dá uma leve impressão de que tudo vai se acabando lentamente ouvindo a música, simplesmente de forma única e suave, sem deixar de ser perfeita.
O que me fez gostar desse mais recente trabalho foi isso o que eu disse: esse estilo bem suave, zen, tranquilizante na parte musical, apesar das letras contarem um pouco de história nelas baseadas no que Sufjan viveu quando morava em Oregon. Enfim, e (re)ouvindo este álbum lançado recentemente, pode-se ter razão de quando se trata das músicas boas e genialidade em termos de letra, música, arranjos e até mesmo em um estilo diferente, que é o indie folk, pode-se ter certeza que Sufjan Stevens é o nome certo para apreciar seu trabalho.
Set do disco:
1 - Death With Dignity (Sufjan Stevens)
2 - All of Me Wants All Of You (Sufjan Stevens)
3 - Should Have Known Better (Sufjan Stevens)
4 - Drawn To the Blood (Sufjan Stevens)
5 - Eugene (Sufjan Stevens)
6 - Fourth of July (Sufjan Stevens)
7 - The Only Thing (Sufjan Stevens)
8 - Carrie & Lowell (Sufjan Stevens)
9 - John My Beloved (Sufjan Stevens)
10 - No Shade In The Shadow of the Cross (Sufjan Stevens)
11 - Blue Bucket of Gold (Sufjan Stevens)


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