Temas Indispensáveis: Especial Tim Maia

Ok, ok (leia-se na voz do Nelson Rubens)! Todo mundo sabe que Tim Maia foi uma grande peça importante e ainda segue sendo para a nossa black music por aqui no nosso País Tropical por quase 30 anos, que ele deu voz a grandes canções da nossa música popular brasileira. Mas você sabe, que existem temas que sempre ficarão eternizados pelo seu público e que por trás delas existem grandes histórias, personagens e até mesmo grandes motivos para terem feito um imenso sucesso? Então, o blog Discos Indispensáveis Para Ouvir decidiu escolher a dedo as 15 melhores canções do eterno Síndico e entenderem o porquê destes temas serem tão indispensáveis e que valem a pena ouvir sempre, depende do momento que você esteja mais disposto a ouvir. Lápis e papel na mão, pois vamos anotando o melhor do que dá pra ir curtindo do nosso Síndico, muito alem do Leme ao Pontal, e observando o Azul da Cor do Mar e se sentindo O Descobridor dos Sete Mares cantando "Uh, uh, uh, que beleza! Que beleza é viver com a natureza" em plena festa de Santo Reis, sempre tendo um Bom Senso até mesmo em Um Dia de Domingo e pensando naquela pessoa amada que Gostava Tanto de Você além de saber que Vale Tudo nos dias de hoje. Então, vamos aprender um pouco com cada canção do Síndico e também entender o que têm de tão importante tais músicas para terem marcado seu nome para sempre na história da Música Popular Brasileira.

NÃO QUERO DINHEIRO (SÓ QUERO AMAR) (Tim Maia - Polydor/Phonogram, 1971)
Durante vários anos ao longo de sua carreira, Tim Maia cantou um dos seus maiores hinos na sua carreira, sempre entoado pela multidão e com um refrão que soa como se estivesse chegando até mesmo a sexta-feira sagrada de nossas semanas "A semana inteira fiquei esperando pra te ver sorrindo, pra te ver cantando..." e com um belo arranjo de metais e cordas. No show do dia 8 de março de 1998 em Niterói, no palco do Teatro Municipal, foi quando Tim não conseguiu cantar a plenos pulmões: destruído pelas drogas após muitos anos de consumo , ele estava fazendo um megaprojeto que sairia no final do ano, mas este show foi o último em que recebeu aplausos e vaias. Depois, não conseguindo completar a música, foi pro camarim e mais tarde, internado. Já ganhou várias regravações, de Marisa Monte a Ivete Sangalo e de Exaltasamba a Oba-Oba Samba House.


DO LEME AO PONTAL (Tim Maia - Continental, 1986)
"Que beleza! Maravilha! Quem não dança, segura a criança!" e assim começava outro dos seus maiores sucessos de sua carreira, homenageando as praias do Rio de Janeiro, já com uma levada dance-soul, algo já mais pro pop dos anos 80 também em seu 1º LP pela gravadora Continental, após um ano na RCA e apenas um disco na gravadora, a música foi nada menos do que uma readaptação de uma canção feita originalmente em 1982 lançada apenas em um compacto pela SeRoMa com a música "Amga" sendo o lado B do tal compacto e quatro anos depois ganhou sua versão mais conhecida já no LP da Continental. E quem já não se cansou de tanto cantar no final "Tomo guaraná, suco de caju, goiabada para a sobremesa..." que é a única frase que aparece mais no final da música, pois bem: haja fôlego pra cantar a música no ritmo do Síndico e que fôlego hein?! E pra completar, muitos projetos de cover do Tim, inclusive a banda Vitória Régia sempre tocam essa música nos shows para fazer todo mundo suingar e dançar no salão, ainda que a voz de trovão não esteja presente entre nós para cantar no seu estilo.


Primeira versão, lançada originalmente em 1982 em um compacto da Seroma no lado B

ELA PARTIU (lançado originalmente em compacto do selo Underground/Copacabana, 1977)
Quer ouvir algo de sofrência melhor do que Pablo e coisas desse gênero que estão totalmente em voga nos últimos anos? Então, vamos com o pioneiro da sofrência mesmo que foi Tim Maia, que além de traduzir os sentimentos de quem passa por uma situação desiludida, algo bem pra acabar machucando mesmo o coração e Tim conseguiu fazer esta canção após a ida de sua mulher Geisa, mãe de Carmelo e de Léo (de uma relação fora do casamento com Tim). Após isso, Tim não ficou chocado de vez para sempre: buscou na música, um bom motivo para não poder ficar sofrendo e seu sucesso viraria sampler de um tema dos Racionais MC's e que não é muito fácil de achar num álbum qualquer, pois foi lançado originalmente em um compacto que dividia com Marku Ribas na época (1977) tendo esta música e "Meus Inimigos" no lado A do compacto e em uma coletânea da época chamada "Tim Maia e Convidados" aonde tinha Bebeto, Luís Vagner, Lee Jackson, Eduardo Araújo & Silvinha, Alceu Valença & Geraldo Azevedo  além de Orlandivo, o próprio Marku, a banda O Terço, o baterista Wilson das Neves e Belchior com a versão de "Hora do Almoço" gravada anos antes do estrelato definitivo sendo também uma das raridades no universo dos colecionadores de discos do país. Uma banda chamada Vibrações a reutilizou quando participou de um reality show global chamado SuperStar e acabou passando nas primeiras eliminatórias, graças a cover deste super clássico quase esquecido por boa parte de um público.

AZUL DA COR DO MAR (Tim Maia - Polydor/Phonogram, 1970)
Um dos maiores clássicos de sua carreira, acabou sendo um dos primeiro sucessos da carreira do famoso gordinho tijucano, logo no seu primeiro LP em 1970. A canção têm uma história impressionante, na qual Tim Maia escreveu enquanto estava no apartamento de seu amigo Fábio, autor do hit Stella (hoje ele atende com o sobrenome Stella até por causa do seu hit) e que no apartamento do próprio Fábio, havia pendurado em uma parede, o quadro de uma mulher com uma luneta observando o infinito azul do mar e aí que Tim admirado com o quadro, começa a compor a música com base na pintura, ele começa a compor versos com base nesta pintura e depois acaba se converte na mais bela canção que o Síndico já fez. Outra música que veio a ser um clássico que nunca deixou de faltar em seus shows, desde 1970 até a última performance no Planeta Atlântida, em fevereiro de 1998.

UM DIA DE DOMINGO (participação no disco "Bem Bom" de Gal Costa - RCA Victor, 1985)
"Eu preciso te falar, te encontrar de qualquer jeito...". Se você reconhece os versos concebidos pela dupla Michael Sullivan & Paulo Massadas, então você sabe que qualquer coisa que tenha sido composta por eles tenha sido um imenso sucesso de fácil assimilação popular. Aqui, a intérprete baiana une a sua voz com a do síndico, marcando de vez esta canção na história da música e durante os vários shows que Tim realizou até morrerr, as backing vocals faziam a parte da Gal Costa, pra servir como uma espécie de "tapar o buraco" da canção em seus recitais.


SOSSEGO (Tim Maia Disco Club, - SeRoMa/Continental 1978)
No fim dos anos 70, o Síndico parecia estar meio decaído, meio falho em termos de criatividade e como pessoa, nada estava ficando fácil para ele quando voltou de seu estado normal após desligar-se da seita Racional e ter jogado vários exemplares fora. Mas conseguiu se reerguer rapidamente quando lançou o álbum Tim Maia Disco Club, seguindo o embalo puxado pelos Bee Gees, Donna Summer, Chic, os suecos do ABBA e também as Frenéticas por aqui, e graças a este hit "Sossego", Tim saiu mais uma vez da zona de desconforto e subiu ao topo das paradas. Uma vez que o cantor já havia deixado o Brasil, ele foi revivido em um show do Rock In Rio de 2001 aonde o então guitarrista Robin Finck, da banda Guns N' Roses entoava a canção somente ele tocando o seu instrumento para uma imensa multidão e num bom português até, mas foi só naquela vez que aconteceu. 


IMUNIZAÇÃO RACIAL (QUE BELEZA) (Racional Volume 1 - SeRoMa, 1975)
Passando por um período difícil, sem dinheiro e sem gravadora e se separando de sua mulher ao saber que ela tinha um filho com um anônimo (se diz na biografia de Nelson Motta que era um jogador de futebol), Tim acaba ficando meio que sem rumo e acaba descobrindo por meio de um amigo que era o compositor Tibério Gaspar, o livro "Universo em Desencanto" de Manoel Jacintho Coelho e acaba se tornando um membro da Cultura Racional e promovendo através de um disco independente a entidade através de um de seus mais valorizados discos da sua carreira, o "Tim Maia Racional" e causando um choque nos seus fãs com declarações, dentre elas, a de que John Lennon e Raul Seixas não passavam de dois picaretas. No disco da sua fase Racional, Tim soltou a plenos pulmões "Que beleza é viver com a natureza" e também fazendo um tremendo sucesso, embora não em uma gravadora grande e sim na sua própria SeRoMa, e acabou tendo até clipe no Fantástico à época de seu lançamento, foi uma das poucas músicas da fase Racional que seguiram no seu repertório.


EU AMO VOCÊ (Tim Maia  - Polydor/CBD, 1970)
Romantismo do tipo "mela cueca" sempre foi o forte das canções de Tim ao longo dos anos de carreira, e isso não precisamos repetir por várias vezes nesse post. No primeiro disco ele lança a belíssima e melódica "Eu Amo Você" sendo uma das mais imemoráveis canções de amor do tijucano: a partir daí, ele nunca deixou de expor com tanta intimidade e tanta suavidade o amor, a forma de dizer que ama alguém como nesta canção. Na época, a música fez um tremendo sucesso, tanto na parte das rádios quanto do público e até hoje, existem ainda relacionamentos que são embalados ao som desta canção recheada de versos sobre duvidar de conquistar um amor, pensando que não vai ser possível e com Tim, tudo é possível inclusive no amor. Só ouça e sinta a voz de Tim ajudando você a dizer "Eu amo você querda" que jamais sairá dos seus ouvidos.


GOSTAVA TANTO DE VOCÊ (Tim Maia - Polydor/CBD Phonogram, 1973)
A levada de bateria que inicia a música parece ser uma velha conhecida de canções internacionais, lembra "Superstition" do gênio Stevie Wonder mas é só os metais em brasa entrarem em ação e a voz grave entoando a plenos pulmões "Não sei porque você se foi, quantas saudades eu senti e de tristezas vou viver e aquele adeus não pude dar..." como se estivesse desabafando de um amor marcante que se foi. O tijucano colocou este tema escrito por Edson Trindade na história da MPB no quarto álbum de estúdio, lançado em 1973 e foi também a mais onipresente de todas as canções no repertório dos shows que Maia fez ao longo dos anos. De acordo com várias pesquisas e muitas histórias que são ditas a respeito de como Edson Trindade fez a letra, velho parceiro existem muitas contradições em torno do assunto, pois uns dizem que quem perdeu o filho(a) foi Tim Maia e outros que foi Edson Trindade quem sofreu a perda, outras dizem que foi feita para uma namorada que não gostava que Edson integrasse o grupo The Snakes, de acordo com Erasmo Carlos em sua autobiografia "Minha Fama de Mau" publicada em 2008 pela Objetiva. Mas não se sabe bem os fatos confirmados, o fato é que a música aconteceu, a grana chegou para Trindade (que faleceu em fevereiro de 1993) e as rádios jamais deixaram de tocar esse clássico até hoje segue sendo uma das mais pedidas de todas as canções do tijucano.


O DESCOBRIDOR DOS SETE MARES (O Descobridor dos Sete Mares - Lança/PolyGram, 1983)
A música de Gilson Mendonça e Michel acabou virando uma das maiores manias do verão brasileiro durante 1983 e 1984 fazendo Tim seguir em voga como poucas vezes, mas também foi uma das grandes contribuições para o legado da disco music, que já tinha deixado de ser grandiosidade no começo da década seguinte, mas que ainda seguia sendo mania nas danceterias do mundo. A letra também salvou uma agência que Gilson trabalhava, já Michel era tenente da Polícia Militar fluminense e o disco aconteceu também pelo rendimento de mais duas letras que estiveram no disco "Neves e Parques" falando sobre a fase americana do músico tijucano, na qual ele passou de 1959 até ser deportado depois de um período preso por fazer alguns furtos na cidade de Daytona, em 1964. Mas aqui, a suingante e festiva "O Descobridor dos Sete Mares" é uma continuação de "Do Leme ao Pontal", que ia muito além das praias do Rio de Janeiro desta vez: agora era Iracema (Ceará), Itamaracá e Boa Viagem (Pernambuco), Porto Seguro (Bahia), Grumari, Angra dos Reis, Leme, Praia Vermelha e Ipanema (Rio) e Ilhabela, Ubatuba e Guarujá (São Paulo) fazem parte da linha de praias citadas pelo gordinho mais inesquecível da música popular brasileira que nunca deixaram de ser reverenciadas pelo público. Passados doze anos depois, após Tim regravar para um comercial das chinelas Havaianas a música de Lulu Santos e Nelson Motta "Como uma Onda" e incluída no disco de 1993, o guitar-hero e figurão do pop rock nacional regrava a ode às praias do Brasil em uma versão bem dançante e com toques modernos de batidas eletrônicas feitas pelo DJ e hoje lenda das pistas Marcelo "Memê" Mansur e voltando a ser mania nas rádios e nas baladas do Brasil todo sendo a principal faixa de trabalho do álbum "Eu e Memê, Memê e Eu", o sucessor de "Assim Caminha a Humanidade" e um dos discos da fase renovadora da carreira de Lulu. Outras regravações existem desse clássico também.


VOCÊ (Tim Maia - Polydor/CBD, 1971)
Pergunte para qualquer pessoa se acha que a música você só é definida por aqueles versos "Você é algo assim, é tudo pra mim..." "Sou feliz agora, não não vá embora..." e procure ouvir as versões anteriores e inclusive a do 2º LP do tijucano, de 1971 e reconheça os versos que abrem com a voz de Tim mais aveludada "De repente a dor de esperar terminou e o amor veio enfim..." são um gás para o que vem de vez no refrão. A letra surgiu ainda quando Tim tentava se afiliar ao pessoal do programa Jovem Guarda, na TV Record e vendo se conseguia alguma chace de encontrar seu velho amigo e desfazer os conflitos do passado Roberto Carlos. Nisso, Tim seguia vivendo em São Paulo e encontra uma forma de achar o seu sucesso tentando mandar algumas músicas para alguns que dessem a oportunidade para ele ter seu reconhecimento garantido e um dos seus colaboradores para que recebesse algum dinheirinho e nesse ínterim ele compôs "Você" que Eduardo Araújo gravou originalmente em "A Onda é Boogaloo" no ano de 1968, pela Odeon e o próprio Eduardo convidou Tim para participar de seu programa como convidado, já que Roberto não atendia a todos necessariamente. A música até que estourou, mas não era uma grana numerosa que Tim ganhava, e só veio a acontecer mesmo dois anos depois já como artista contratado de uma grande gravadora, vendendo discos feito água logo de cara em seu primeiro disco. No segundo disco, Tim recicla algumas músicas feitas para os amigos, como "Não Vou Ficar" na qual Roberto Carlos gravou em 1969 no seu disco lançado ocasionalmente no fim de ano e que aqui ganha um quê de soul e peso nos arranjos, e "Você" que o seu amigo Eduardo Araújo regravou lá quatro anos antes e que aqui ganha toda a suavidade no início, mas que ganha um peso durante o entoar do refrão e isso é sensacional. Nem precisamos dizer o quanto é indispensável essa canção, certo?


LEVA (Tim Maia - RCA Victor, 1985)
No florescer da Nova República, que elegera Tancredo Neves (que morreu antes da sua posse como o novo presidente) e com o fim de todos os amargurados anos da ditadura militar, Tim atravessou fases numa boa e sempre com uma opinião séria e única sobre os políticos. No meio disto tudo, a gravadora Lança de Jairo Pires acaba deixando de existir e Tim não acha outro jeito de seguir lançando canções novas a cada ano e por meio de um convite da RCA, ele acaba gravando um disco por lá, sendo o único pela gravadora embora já tenha obtido um contrato com a casa anos antes, mas sem lançar nada por lá apesar de ter quase convencido o executivo na época a promover a seita Racional e onze anos depois ele fez um dos discos que marcou aquele ano, e uma de suas principais faixas era "Leva" que foi feita pela dupla Michael Sullivan e Paulo Massadas, os hitmakers da gravadora responsáveis por outras canções como "Me Dê Motvo", "Um Dia de Domingo" que marcou a estreia de ambos na RCA após anos na casa fonográfica holandesa, além de outros tantos sucessos que conhecemos. O que falar de uma canção que pede de uma forma simples no refrão "Leva o meu som contigo, leva e me faz a tua festa, quero ver você feliz..." como se Tim estivesse pedindo para um amor que levasse o seu som para sempre e não é que a fórmula de Sullivan e Massadas sempre deu certo até para Tim? Uma lista disponível no livro "Almanaque Anos 80" mostrou que a faixa foi uma das mais tocadas em 1985, é claro que foi e sempre será um sucesso de fácil assimilação popular.


THESE ARE THE SONGS (ESTA É A CANÇÃO) (dueto com Elis Regina) (Em Pleno Verão - Philips/CBD, 1970)
O começo de sua história definitiva na MPB começou em 1968 com um compacto que hoje é objeto de culto e muito procurado por fãs com duas canções em inglês e apenas com o nome de Tim, esse compacto apresentava duas canções em inglês como "What You Want To Bet?" e uma baladinha ao estilo Motown chamada "These Are The Songs", que passou muito batido nas rádios durante aquele ano e após ter ceddo "Não Vou Ficar" para Roberto Carlos, parte para o Rio de Janeiro e lá consegue a sorte grande quando seu amigo Fábio (paraguaio radicado no Brasil) o convida para uma temporada por lá e a convite de Nelson Motta, que trabalhava na Philips, convida o ex-Tião Marmita para uma ponta e ao terminarem a canção, os técnicos de estúdio, a própria Elis e inclusive Nelson se impressionaram com aquele gordão cantando de uma forma que poucos até então cantavam, vindo da escola do soul da Stax, Motown, Atlantic e até mesmo dos bairros de New York aonde era dominado por negros como o Brooklyn, o Harlem e até mesmo o Queens e dos coros de igreja, e foi também através deste disco que o Super Tim abriu as portas para o soul de vez na música brasileiro e este dueto está disponível no disco "Em Pleno Verão", da "Pimentinha", um dos grandes clássicos de sua discografia. Já dois anos depois, Tim reaproveitou mais uma vez e gravou para seu terceiro disco na Polydor, com os arranjos totalmente diferentes mas que não perderam todo o seu primor, a faixa encerra o disco como se fosse uma volta aos primeiros anos de carreira. No final da década de 1980, Marisa Monte era só uma jovem com uma voz que impressionava a todos no Brasil ainda e através do seu primeiro disco, com a produção de Nelson Motta (quem seria mais, né gente?), intitulado "MM" e que ainda ganhou uma versão em vídeo, a jovem recria ao lado de um outro novato, este sobrinho de Tim chamado Ed Motta - que na época estava com os sucessos "Vamos Dançar" e "Manoel" nas rádios - revivendo um dueto que foi capaz de deixar Elis e Tim orgulhosos de verdade.

VALE TUDO (participação no álbum "Vale Tudo" da cantora Sandra de Sá, lançado pela gravadora RGE em 1983)
Na década de 1980, surgiam efusivamente novos artistas com influências de soul, funk e tudo o que era oriundo da black music por aqui no nosso Brasil e uma jovem chamada Sandra Sá (ainda sem o "de" no nome) despontou com a música "Demônio Colorido" despontando-se de vez como a mais nova coqueluche da MPB após concorrer com esta música no festival MPB-80 e ser nomeada pela crítica como "Tim Maia de saias", uma ótima comparação para fazer com a cantora. Três anos depois, Sandra não esperava que um dia, Tim Maia dividiria os vocais com ela e converteu toda essa idolatração pelo gordo mais querido do País em um dos mais belos resultados sonoros: a canção "Vale Tudo", que foi um sucesso de cara. Sendo um dos grandes sucessos daquele ano, Tim compôs a música totalmente para ela e acabou virando nome do disco, tendo a pegada da disco e com um pouco da vitalidade e da energia suingada que Tim sempre coloca em suas músicas, virou mania nas pistas de todo o Brasil sendo hit do verão 1983/1984 e sendo acrescentado também no repertório do próprio Síndico, que levou a música para seu repertório durante os anos 80 e 90, sempre encerrando os shows com estilo, com chave de ouro. Na versão do dueto, pode-se notar um anúncio "Foi dada uma nova ordem, liberou geral e agora vale tudo" sendo uma premonição do fim da ditadura, mostrando que agora valia tudo de vez e que a pista estava livre para todos e segue sendo pois ainda "Vale Tudo" por aí.


BOM SENSO (Racional Volume 1 - SeRoMa, 1975)
Pra encerrar, vamos aqui com uma jóia da fase Racional que ganhou respeito de fãs do soulman brasileiro que está no primeiro volume da trilogia (apesar de o volume três reaparecer apenas trinta e cinco anos depois em uma coleção especial do Tim feita pela editora Abril com faixas que entrariam naquele disco que deixou de existir após o músico se desentender com Manoel Jacinto Coelho e veio a ignorar as fitas de seu álbum seguinte) trouxe um clima muito ótimo não só para a pegada, mas para a voz de Tim pois ela soa limpa e mais diferente, claro: um detalhe é que enquanto membro da Seita Racional, ele deixou o consumo de drogas na época e acabou ficando outro tom de voz, mas ainda cheio de graves e sem perder o primor de sempre. Na música "Bom Senso", destaque grandioso do primeiro volume, ele canta sobre ter sentido saudade, ter feito coisa errada, dormido na rua e pedido ajuda, ou seja: uma canção totalmente errada pois dormiu na rua durante muitos anos, inclusive no início de sua jornada no "american dream" além de ter dormido na rua enquanto tentava chegar ao Teatro Record para encontrar seus velhos amigos Roberto e Erasmo, a um dos tantos que "já pedi ajuda" segundo Tim e também acaba convidando o ouvinte a ler o livro "Universo em Desencanto" durante a música com naipe de metais e cordas enfeitando a mais bela das canções da fase Racional do nosso eterno Síndico e que é totalmente indispensável pra quem curte um bom suingue e MPB em geral, simplesmente isso.

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