Um disco indispensável: 2 - Mac DeMarco (Captured Tracks, 2012)
O ano era 2012. O mundo estava para acabar de vez no dia 21 de dezembro, de acordo com a previsão maia há muitos tempos antes da civilização moderna e do mundo cybernético. Barack Obama, o primeiro negro a presidir os Estados Unidos, era reeleito pela segunda vez, superando as expectativas de seu adversário Mitt Romney na época. Vivíamos a euforia dos Jogos Olímpicos de Londres, que ainda teve show de Paul McCartney na abertura e, brevemente, do The Who e dos Arctic Monkeys no encerramento. Ainda vivemos o desabrochar das investigações do Mensalão após sete anos, liderada por Joaquim Barbosa, então Ministro do Supremo Tribunal Federal à época e que estava comandando as investigações do caso iniciado em 2005. No mundo da música, vivíamos a febre do sul-coreano PSY e seu hit coreografante Gangnam Style, o apogeu do novo sertanejo com uma linguagem mais pop e moderna, em canções sobre Camaro amarelo e coisas como "ai se eu te pego" além da decadência de popularidade do happy rock ou o rock mais colorido e alegre e seu principal representante, a banda Restart. O guru tropicalista Caetano Veloso chegava nas suas sete décadas de vida dando um Abraçaço na nova geração. O astral psicodélico voltava com tudo graças a banda australiana Tame Impala e seu segundo álbum Lonerism, com os sucessos Elephant, Mind Mischief e o tema principal que é Feels Like We Only Go Backwards. O fenômeno da vez Lana Del Rey e suas letras totalmente profundas e amargas agradavam a todos aqueles de almas sofridas, e o álbum Born To Die agradou a muitos e não foi com a cara de certos críticos. A estreia solo de Jack White em Blunderbuss acabou superando as expectativas de quem ainda queria mais White Stripes, já que o duo se separou no ano anterior. E um jovem músico canadense de 22 anos acabava aparecendo no cenário musical, se destacando muito e dando as caras com uma guitarra distorcida, um sotaque bem diferente mas que foi agradando a todos de cara, com letras sobre o seu tipo de mulher, aventuras em uma boate rock and roll, cozinhando algo de bom e seu vício em cigarros da marca Viceroy, que são o seu favorito e esse cara se chama Vernor Winfield Mcbriare Smith IV, nascido em Duncan, no estado canadense da Colúmbia Britânica pelo dia 30 de abril de 1990 e cujo nome sua mãe teve que mudar para McBriare Samuel Lanyon DeMarco aos cinco anos de idade, quando dona Agnes decidiu criar sozinha ele e o irmão Hank em Edmonton, cidade da Alberta. Desde mais pequeno, DeMarco tinha vontade de fazer música, aliás, alguns de seus parentes foram músicos e cantores de ópera, sempre foi um menino brincalhão e travesso, assim como outros tantos por aí.
Na adolescência se viu que poderia fazer muita coisa na música durante os anos de colegial e começou simplesmente com uma banda, como qualquer jovem ainda na escola, primeiro com a banda The Meat Cleavers e depois com Outdoor Miners, mais tarde com o projeto de R&B chamado The Sound Of Love e no ano de 2008 deu seus primeiros passos para o grande estrelato com o projeto Makeout Videotape, que gerou alguns materiais até 2011, como o álbum Ying Yang (2010) feito ao lado de um amigo chamado Alex Calder. No final de 2011 deixa Vancouver e se manda para Montreal, aonde inicia uma nova fase de sua carreira, desta vez iniciando uma fase solo e atendendo pelo nome de Mac DeMarco, gravando dentro de seu estúdio improvisado na sua casa um material com uma pegada viajante, de referências totalmente lo-fi, com um quê de surf rock, psicodelia e numa vibe experimental. Em 13 de março, lançava seu primeiro material como solista, intitulado Rock and Roll Night Club, um EP com oito faixas e duas vinhetas de rádio, com a sua voz meio irreconhecível, soando de forma lenta e devagar, com riffs lembrando muito a pegada de surf rock, música psicodélica e também uma onda do rock alternativo para engrossar o caldo sonoro de mr. DeMarco. O material agradou tanto o pessoal de um selo que o levou para fazer parte, a Captured Tracks, sediada em Brooklyn, bairro de New York de onde veio grandes rappers e também estúdios de música, sendo também um selo independente que já lançou bandas como Beach Fossils, Wild Nothing e DIIV que são muitos cultuados por aqui também, assim como o próprio canadense já bem famoso mundialmente. E meses depois de Rock And Roll Night Club, ele anuncia que ele lançaria seu primeiro álbum depois de um EP, e este álbum seria intitulado 2, produzido por ele próprio, que também toca guitarra, baixo e sintetizador nas faixas do material e tudo gravado de forma analógica (assim como o resto de seus álbuns) e a data para este lançamento foi no dia 16 de outubro de 2012, em formatos de CD, vinil, fita cassete (sim, os americanos ainda lançam material nesse formato) e para download digital, e contando com as melhores canções que o canadense compôs até hoje (fãs vão entender o motivo dessa resenha).
O álbum 2 já começa bom mesmo, só ouvindo Cooking Up Something Good, já indo no clima e no rumo certo, já numa pegada que cruze o som sessentista com o alternativo, nos confundindo e nos fazendo cair de onda definitivamente numa história misturando cotidiano familiar dentro de casa com uma pegada bem chapante; a próxima faixa é uma verdadeira viagem sonora, e isso já podemos perceber pela introdução de Dreamin', com um riff que não sai dos ouvidos após a primeira escuta e com um videoclipe engraçado aonde Mac se situa em vários momentos vestido como nos tempos de Luís XIV e dos séculos XVII e XVIII sem soar ruim a combinação imagem + som, o que é raro para os formatos; se o Mac DeMarco soubesse o que foi a Jovem Guarda aqui na década de 1960, ele poderia dizer que Freaking Out The Neighborhood tem um quê dessa fase do rock brasileiro e da MPB apenas pela levada, mas também carrega referências do psicodélico e também de surf rock e de Beach Boys em geral e fala sobre as atitudes típicas de um adolescente que vive a bagunçar os vizinhos e também sobre o tipo de filho que uma mãe qualquer não esperava (dona Agnes que o diga); a próxima canção se chama Annie, com um solo que até chega a soar totalmente hendrixiano e falando sobre se sentir pra baixo, triste e solitário, pedindo o consolo de sua amada com uma energia bem lisérgica e que nunca mais sai dos ouvidos; na sequência temos Ode to Viceroy, uma canção na qual ele fala sobre a sua marca de cigarro e ainda proclama no refrão que irá fumá-la até morrer e no final um recado dito com sua voz alterada e bem devagar seguido de uma tosse básica; a próxima faixa que surge é Robson Girl, já na pegada comum e sobre um dia amar uma garota do tipo a sua Robson Girl possivelmente, ainda com um tom meio baladista, meio suave, ainda que tendo um excesso de peso nos acordes de guitarra durante a canção; a pegada sessentista com um quê de alternativo atual ainda se pode ouvir em That Star Keep On Calling My Name, aonde ele se vê chamado pelas estrelas no céu e diz que dando o fora ele levaria a sua amada por onde for, e quem sentir uma saudade da geração mais old school do rock and roll em especial da levada típica dos 60; logo em seguida temos a belíssima e perfeita My Kind of Woman, uma espécie de declaração de amor para Kiera, namorada de longa data do músico e numa poesia incomparável sendo o principal destaque do álbum; com a canção Boe Zaah, a coisa já é bem mais outra: um toque bem folk elétrico, baladista, algo dos anos 70 que lembre até Neil Young, Cat Stevens e o próprio Dylan em geral com aqueles acordes de violão bem mais sotisficados e de ares suavizantes; já em Sherill, com aquela onda viajante de sempre, mas também trazendo uma referência ao space-rock notando-se isso pelos sintetizadores e efeitos e com a pegada bem familiar ao do restante das outras canções do álbum, sem deixar de perder a boa essência; o final é com Still Together, aonde Mac também ataca nos falsetes durante o refrão "togeeeeeeeeeetheeer..." e somente ao violão, ou seja: uma canção 100% acústica e maravilhosa, por sinal, como se fosse o que sobrou de toda a energia do álbum pra fechar de vez esse álbum.
Set do disco:
1 - Cooking Up Something Good (Mac DeMarco)
2 - Dreamin (Mac DeMarco)
3 - Freaking Out The Neighborhod (Mac DeMarco)
4 - Annie (Mac DeMarco)
5 - Ode to Viceroy (Mac DeMarco)
6 - Robson Girl (Mac DeMarco)
7 - That Stars Keep On Calling My Name (Mac DeMarco)
8 - My Kind of Woman (Mac DeMarco)
9 - Boe Zaah (Mac DeMarco) - instrumental
10 - Sherill (Mac DeMarco)
11 - Still Together (Mac DeMarco)
Na adolescência se viu que poderia fazer muita coisa na música durante os anos de colegial e começou simplesmente com uma banda, como qualquer jovem ainda na escola, primeiro com a banda The Meat Cleavers e depois com Outdoor Miners, mais tarde com o projeto de R&B chamado The Sound Of Love e no ano de 2008 deu seus primeiros passos para o grande estrelato com o projeto Makeout Videotape, que gerou alguns materiais até 2011, como o álbum Ying Yang (2010) feito ao lado de um amigo chamado Alex Calder. No final de 2011 deixa Vancouver e se manda para Montreal, aonde inicia uma nova fase de sua carreira, desta vez iniciando uma fase solo e atendendo pelo nome de Mac DeMarco, gravando dentro de seu estúdio improvisado na sua casa um material com uma pegada viajante, de referências totalmente lo-fi, com um quê de surf rock, psicodelia e numa vibe experimental. Em 13 de março, lançava seu primeiro material como solista, intitulado Rock and Roll Night Club, um EP com oito faixas e duas vinhetas de rádio, com a sua voz meio irreconhecível, soando de forma lenta e devagar, com riffs lembrando muito a pegada de surf rock, música psicodélica e também uma onda do rock alternativo para engrossar o caldo sonoro de mr. DeMarco. O material agradou tanto o pessoal de um selo que o levou para fazer parte, a Captured Tracks, sediada em Brooklyn, bairro de New York de onde veio grandes rappers e também estúdios de música, sendo também um selo independente que já lançou bandas como Beach Fossils, Wild Nothing e DIIV que são muitos cultuados por aqui também, assim como o próprio canadense já bem famoso mundialmente. E meses depois de Rock And Roll Night Club, ele anuncia que ele lançaria seu primeiro álbum depois de um EP, e este álbum seria intitulado 2, produzido por ele próprio, que também toca guitarra, baixo e sintetizador nas faixas do material e tudo gravado de forma analógica (assim como o resto de seus álbuns) e a data para este lançamento foi no dia 16 de outubro de 2012, em formatos de CD, vinil, fita cassete (sim, os americanos ainda lançam material nesse formato) e para download digital, e contando com as melhores canções que o canadense compôs até hoje (fãs vão entender o motivo dessa resenha).
O álbum 2 já começa bom mesmo, só ouvindo Cooking Up Something Good, já indo no clima e no rumo certo, já numa pegada que cruze o som sessentista com o alternativo, nos confundindo e nos fazendo cair de onda definitivamente numa história misturando cotidiano familiar dentro de casa com uma pegada bem chapante; a próxima faixa é uma verdadeira viagem sonora, e isso já podemos perceber pela introdução de Dreamin', com um riff que não sai dos ouvidos após a primeira escuta e com um videoclipe engraçado aonde Mac se situa em vários momentos vestido como nos tempos de Luís XIV e dos séculos XVII e XVIII sem soar ruim a combinação imagem + som, o que é raro para os formatos; se o Mac DeMarco soubesse o que foi a Jovem Guarda aqui na década de 1960, ele poderia dizer que Freaking Out The Neighborhood tem um quê dessa fase do rock brasileiro e da MPB apenas pela levada, mas também carrega referências do psicodélico e também de surf rock e de Beach Boys em geral e fala sobre as atitudes típicas de um adolescente que vive a bagunçar os vizinhos e também sobre o tipo de filho que uma mãe qualquer não esperava (dona Agnes que o diga); a próxima canção se chama Annie, com um solo que até chega a soar totalmente hendrixiano e falando sobre se sentir pra baixo, triste e solitário, pedindo o consolo de sua amada com uma energia bem lisérgica e que nunca mais sai dos ouvidos; na sequência temos Ode to Viceroy, uma canção na qual ele fala sobre a sua marca de cigarro e ainda proclama no refrão que irá fumá-la até morrer e no final um recado dito com sua voz alterada e bem devagar seguido de uma tosse básica; a próxima faixa que surge é Robson Girl, já na pegada comum e sobre um dia amar uma garota do tipo a sua Robson Girl possivelmente, ainda com um tom meio baladista, meio suave, ainda que tendo um excesso de peso nos acordes de guitarra durante a canção; a pegada sessentista com um quê de alternativo atual ainda se pode ouvir em That Star Keep On Calling My Name, aonde ele se vê chamado pelas estrelas no céu e diz que dando o fora ele levaria a sua amada por onde for, e quem sentir uma saudade da geração mais old school do rock and roll em especial da levada típica dos 60; logo em seguida temos a belíssima e perfeita My Kind of Woman, uma espécie de declaração de amor para Kiera, namorada de longa data do músico e numa poesia incomparável sendo o principal destaque do álbum; com a canção Boe Zaah, a coisa já é bem mais outra: um toque bem folk elétrico, baladista, algo dos anos 70 que lembre até Neil Young, Cat Stevens e o próprio Dylan em geral com aqueles acordes de violão bem mais sotisficados e de ares suavizantes; já em Sherill, com aquela onda viajante de sempre, mas também trazendo uma referência ao space-rock notando-se isso pelos sintetizadores e efeitos e com a pegada bem familiar ao do restante das outras canções do álbum, sem deixar de perder a boa essência; o final é com Still Together, aonde Mac também ataca nos falsetes durante o refrão "togeeeeeeeeeetheeer..." e somente ao violão, ou seja: uma canção 100% acústica e maravilhosa, por sinal, como se fosse o que sobrou de toda a energia do álbum pra fechar de vez esse álbum.
Set do disco:
1 - Cooking Up Something Good (Mac DeMarco)
2 - Dreamin (Mac DeMarco)
3 - Freaking Out The Neighborhod (Mac DeMarco)
4 - Annie (Mac DeMarco)
5 - Ode to Viceroy (Mac DeMarco)
6 - Robson Girl (Mac DeMarco)
7 - That Stars Keep On Calling My Name (Mac DeMarco)
8 - My Kind of Woman (Mac DeMarco)
9 - Boe Zaah (Mac DeMarco) - instrumental
10 - Sherill (Mac DeMarco)
11 - Still Together (Mac DeMarco)
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