Discografia Indispensável: The Beatles

A maior banda de rock da história, milhões de discos vendidos ao redor do mundo, fãs de várias gerações, clássicos imortais que jamais serão esquecidos, uma formação que nunca mudou, depois de 1962, quando saíram de Liverpool, cidade portuária da Inglaterra, para conquistarem a Europa e depois, a América, além do mundo inteiro, gravaram discos que todo mundo gosta, ouve, aprecia, disfruta, discos que atravessam gerações e encantam o mundo todo. Sim, a Discografia Indispensável, especial de Dia do Rock está falando sobre The Beatles, um dos grupos que não há palavras para definir, já não basta elogio de gente que fez rock, com a presença do quarteto liverpudiano "São os maiores, não tem como compará-los com qualquer banda.", disse o vocalista do U2, Bono; "O rock n' roll sem os Beatles, jamais seria o que acabou sendo hoje", são as palavras de Billie Joe Armstrong, líder da banda Green Day (tem frases parecidas com o que disseram, me perdoem se citei errado). O grupo têm como seus integrantes, todos nascidos em Liverpool: o mais velho da banda é o baterista Ringo Starr, nascido Richard Starkey, nasceu no dia 7 de julho de 1940; no mesmo ano, nasceria o vocalista, guitarrista, pianista, gaitista e compositor John Winston Lennon, no dia 9 de outubro de 1940; James Paul McCartney, o baixista, cantor e compositor, nasceu no dia 18 de junho de 1942 e o mais novo, George Harrison nasceu no dia 25 de fevereiro de 1943. John desde pequeno, tinha talento para cantar, apesar da separação dos pais após a Segunda Guerra, teve que conviver com sua tia Mary Elizabeth Smith, conhecida como Mimi e seu tio George; Ringo morou com a mãe e seu padrasto, passou o resto da sua infância entre o hospital e a casa, e por isso ficou anos atrasado na escola, aos quinze anos mal sabia ler; George era mais em casa mesmo, já tinha sua guitarra, na verdade, um violão e tocava muito com a família em festas familiares, e aos quinze forou uma banda chamada The Rebels; Paul aprendeu a tocar trompete, pelo fato de seu pai, um vendedor de algodão, ser trompetista nas horas vagas, mas diferente do pai, preferiu o violão. Foi no Liverpool Institute que McCartney conheceu Harrison, enquanto o primeiro perdia a mãe, vítima de um câncer. Lennon havia comprado um violão e com alguns amigos, formara o Quarrymen, com base formada por amigos do Quarry Bank School, onde em uma destas apresentações, Paul McCartney assistira a um show e provou ao vocalista, um jovem de 16 anos chamado John Lennon, que sabia tocar um tema de Eddie Cochran, após os bastidores do show, ali selou uma grande amizade, Paul sempre se encontrava com John, às vezes quando estava voltando de Blackpool, onde ia visitar sua mãe, a quem não via desde que seus pais se separaram, aos poucos, se reconciliavam, até ter sido morta ao ser atropelada por um policial à paisana; George foi convidado por Paul para fazer parte do grupo, que já acabava se desfazendo os antigos membros e foi só John ter convidado um antigo colega da Liverpool Institute, que acabou entrando mais um Beatle lendário e inesquecível, o artista plástico Stuart Stucliffe, que havia vendido um de seus quadros e, por sugestão de John, acabou comprando um contrabaixo Höfner, modelo Violin Bass, agora, só precisava completar a banda. Três guitarristas já eram o necessário, mais um baixista, que seria Stucliffe e foi só algumas noites no Jacaranda Bar, o filho de uma dona de um bar, Pete Best, acabou assumindo o comando das baquetas, já que o melhor baterista de Liverpool, Ringo Starr, já tinha sua banda para tocar, Rory Storm and The Hurricanes, banda que fazia sucesso por terras britânicas, mas não em Londres ainda, apesar da banda de Rory Storm e a banda Long John and the Silver Beatles, nome sugerido por John, um pseudônimo criado também, Paul Ramon, Carl Harrison e Stuart de Stael eram nomes irreconhecíveis, e foi esses nomes irreconhecíveis que levaram o grupo a tocar em Hamburgo, por meio do empresário da banda, Allan Williams, a viverem em uma cidade alemã cheia de bêbados e prostitutas, e após uma temporada, George foi preso por ser menor e em uma brincadeira, Paul e Best foram deportados, só Stuart ficou na Alemanha, onde se casou com Astrid, uma jovem alemã loira que haviam se conhecido durante as aventuras, assim como o baixista e artista Klaus Voorman. A banda voltara como um quarteto para a Inglaterra e em 1961, tentaram a sorte como banda de apoio em um compacto de Tony Sheridan, com o tema "My Bonnie" e em busca de alguns testes, já se arriscaram pela Philips britânica, EMI e até na Decca onde foram rejeitados, aí sim conseguiram gravar o compacto com Sheridan, sob o nome de The Beat Brothers, quando a banda procura trocar de empresário, e conseguem um homem de confiança, chamado Brian Epstein, que os levou a tocar no Cavern Club, uma antiga adega de vinho que virou um local de espetáculos, onde mais se tocava jazz. A banda conseguiu com uma distribuidora da EMI, a Parlophone, um contrato simples, e o sonho de Lennon que era de trabalhar com o produtor musical do programa The Goon Show, chamado George Martin, produtor especialista em música classica e jazz, o forte do selo, acabou sendo a gravadora dos Beatles futuramente, mas Martin não estava com Best nos planos, preferia um baterista jovem chamado Andy White e a banda foi tentar dispensar Best e convocar Ringo para a banda, e sob vaias, o novo baterista foi apresentado e os Beatles já podiam ir se preparando porque começariam a trabalhar em um sucesso grandioso na Inglaterra, o primeiro da banda, chamado "Love Me Do" e levou a banda ao sucesso, embora não passava do 17º lugar, mas conseguiriam ganhar sucesso durante 1962 e 1963, até que em fevereiro, gravassem o seu primeiro álbum, chamado "Please Please Me", todo ao vivo no estúdio. O resto da história já sabem: fãs, filmes, polêmicas, fim dos shows, morte de Brian Epstein, temporada na Índia, disco duplo com uma capa estranha, tentativas de reerguer a banda, separação definitiva, tentativas de reuiniões, o assassinato de John Lennon e material inédito, além da morte de George Harrison e jogo Rock Band. Confira toda a história dos discos abaixo:

Please, Please Me (Parlophone, 1963)
O primeiro disco da banda ganhou um fato de ser um pouco de tudo o que a banda tocava, desde os primórdios da banda em 1957 e 1958, passando pela temporada em Hamburgo até os shows no Cavern Club, o material que resumia o que eram os quatro meninos de Liverpool. O álbum foi gravado completamente em um dia no estúdio, 11 de fevereiro de 1963, apesar da gravação de "Love Me Do", "P.S. I Love You", "Please Please Me" e "Ask Me Why" terem sido gravadas em setembro e novembro de 1962, o disco acabou contando com temas imperdíveis, como "I Saw Her Standing There", que conta com um solo de George Harrison, "Misery", que Lennon e McCartney haviam composto para Helen Shapiro, mas foi rejeitada pelo empresário, "Anna (Go To Him)", do popular compositor Arthur Alexander, e foi o tema "Boys" que apresentou a voz de Ringo Starr além das baquetas, enquanto George dava voz ao tema dos colegas John e Paul "Do You Want to Know a Secret?", além de um tema feito pelo maestro Burt Bacharach. O ponto forte do disco, além dos primeiros temas, que já haviam sido gravadas para os primeiros compactos da banda, e das covers presentes, uma das mais inesquecíveis covers da banda, "Twist And Shout", que ganhou as paradas britânicas e, voltaria em 1986 após o tema ter sido parte do filme Curtindo a Vida Adoidado. O disco custou com um orçamento de gravação de 400 libras, sendo que o custo de uma gravação comum na Parlophone, segundo George Martin, era o de 55 libras. A foto da banda foi clicada no predio da EMI, já que a ideia principal era a de ser clicada no Zoológico de Londres, acabou que a Sociedade Zoológica de Londres acabou não permitindo a ideia, e em um passeio no prédio da gravadora, foi clicada a foto que viria ser a capa do primeiro disco.

With The Beatles (Parlophone, 1963)
O sucesso da banda crescia rapidamente após o primeiro disco, o produtor George Martin e o empresário Brian Epstein convenciam a banda que precisavam investir mais no som da época, como as músicas de artistas negros da Motown e de ídolos da banda, como Chuck Berry e Carl Perkins e a banda teve que ir fundo no repertório do próximo disco, e foi assim quando a banda entrou nos estúdios da Abbey Road entre julho, agosto, setembro e até outubro, o momento que a banda fazia muito esforço para conseguirem algo melhor do que se obteve de resultados no primeiro disco. Epstein teve que pagar um monte de dinheiro para que a Motown liberasse 4 temas para os Baetles gravarem, e os Rolling Stones gravaram uma música, que foi o primeiro sucesso deles, composto pelos Beatles! Sim, "I Wanna Be Your Man" foi composta por John Lennon e Paul McCartney, quando haviam conhecido em Londres, os então desconhecidos Brian Jones, Keith Richards e Michael Philip Jagger, mais conhecido como Mick Jagger, a banda conseguiu estourar nacionalmente graças aos Beatles. O tema "All My Loving," foi o principal tema de destaque do disco, além da primeira composição de George Harrison chamada "Don't Bother Me", a regravação de um tema musical da Brodway "Till There Was You", a homenagem de Chuck Berry em "Roll Over Beethoven" na voz de Harrison, Smokey Robinson é relembrado em "You Really Got A Hold On Me", e "Please Mr. Postman" ganhou um ar mais Beatle do que na versão das Marvelettes, conjunto vocal feminino da Motown, selo da música negra presidido por Berry Gordy Jr., autor do tema "Money", que encerra o disco. Smokey foi referência para John ter composto "All I've Got to Do", outro tema perfeito do disco que ganhou o sucesso do público, assim como a foto da capa clicada por Robert Freeman,em um hotel em Paris, onde a banda estavam fazendo uma turnê europeia e onde permaneceriam até não fazerem sucesso nos Estados Unidos, o que havia ocorrido meses depois, quando "I Want To Hold Your Hand" entrou no topo das paradas americanas, e o disco "With The Beatles" já era o 1º na Europa.



A Hard Day's Night (Parlophone, 1964)
Por onde a banda passava nos Estados Unidos, não tinha como não perceber que eles eram os maiores ídolos da Inglaterra, da Europa e da América a partir de então, e foi quando a vontade dos Beatles de fazerem um filme, começou a crescer mais em 1964, algo que eles viam muito quando assistiam os filmes de Elvis Presley, na adolescência em Liverpool: foi só Epstein chegar a Richard Lester e ele conseguiria dirigir um filme meio realista, um pouco baseado na rotina dos Beatles com algumas cenas improvisadas. O disco todo, além de ser todos os temas compostos pelos Beatles, ou seja, por Lennon e McCartney, conta com temas que embalam muitos amores, como "If I Fell", "And I Love Her", "Things We Said Today" e alguns temas mais originais, como "When I Get Home", "Any Time At All", "Tell Me Why", além das faixas que se destacam muito, como "Can't Buy Me Love", "You Can't Do That", "I'll Cry Instead", "I Should Have Know Better" e a faixa-título, e George canta dos colegas mais outro tema "I'm Happy Just To Dance With You". O disco foi gravado durante todo o 1º semestre de 1964, apenas com 13 faixas, sendo que a 14ª seria gravada, mas Ringo ficou doente e para uma turnê longa de algumas semanas, foi substituído por Jimmy Nicol até que Starr permanecesse em recuperação. A trilha sonora do filme, contou com "I Want To Hold Your Hand", algumas versões instrumentais com orquestrações de George Martin e também temas do disco que fazem parte do filme. O filme acabou sendo recorde de público na Inglaterra e nos Estados Unidos, levando a mais uma turnê americana e a gravar mais um disco para o final do ano.

Beatles For Sale (Parlophone, 1964)
A segunda turnê americana fez bem para a banda, foi ali que eles conheceram gente conhecida de lá, como Dion DiMucci, Groucho Marx, B.B. King, Chuck Berry, Fats Domino e Bob Dylan, que apresentou a maconha ao Fab Four e tiveram altas conversas durante as passagens, foi também o momento de voltar mais as raízes, regravarem temas que tocavam nos tempos de Quarrymen, Hamburgo e Cavern, o que já havia acontecido no álbum "With The Beatles", desta vez, mais com os primeiros clássicos do rock, como "Rock and Roll Music" de Chuck Berry, "Words Of Love", uma homenagem dos Beatles (John e Paul) ao ídolo Buddy Holly, "Mr. Moonlight" de Dr. Feelgood, "Everybody's Trying to Be My Baby" é George homenageando Carl Perkins, o mesmo de quem Ringo regravou "Honey Don't" e um pot-pourri de temas cantados por Paul, como "Kansas City", da dupla de autores Jerry Lieber & Mike Stoller, mais "Hey! Hey! Hey! Hey!" de Little Richard, outro ídolo do rock que influenciou o grupo nos primeiros anos. Mas, de temas mais Beatles mesmo, todos compostos por John e Paul, como "I'm a Looser", com uma levada folk-rock, "I Don't Want to Spoil the Party", "No Reply", a valsa de letra estranha "Baby's In Black", "Every Litthe Thing", "What You're Doing" e o tema principal deste disco: "Eight Days a Week", que levou a banda ao topo das paradas, além de uma letra composta por Paul aos quinze anos, chamada "I'll Follow The Sun", feita durante um passeio e apresentada para alguns amigos do Liverpool Institute. Lançado antes do Natal, o disco ganhara repercussão mundial, tanto que algumas músicas virariam a fazer parte do álbum americano "Beatles VI" lançado em 1965 pela Capitol.

Help! (Parlophone, 1965)
A banda retornaria aos cinemas, depois de uma turnê rápida pela Europa e dias de filmagens nos Alpes Austríacos, nas planícies de Salisbury e nas Bahamas, o único país da América fora dos Estados Unidos a terem pisado, a banda apresentara o seu filme "Help!" de um jeito mais diferente: aventuras envolvendo um anel místico-religioso, em vários lugares da Inglaterra e encerrando nas Bahamas, contracenando com um ótimo elenco, o primeiro filme colorido dos Beatles e o mesmo Richard Lester na direção. Uma trilha sonora, acabou levando o disco como o favorito de muita gente, inclusive de brasileiros como Samuel Rosa (Skank) e  George Israel (Kid Abelha), com temas que acabaram caindo mais uma vez no gosto de muita gente, como "Help!", "The Night Before", a acústica "You've Got to Hide Your Love Away" com direito a solo de flauta, um dos instrumentos jamais presentes antes em um disco dos Beatles, a não ser piano, órgão e gaita, um tema de Harrison chamado "I Need You", "Another Girl", "You're Gonna to Lose That Girl" e "Ticket to Ride", ou resumindo melhor, o lado A todo faz parte do filme. Enquanto o lado B apresentava temas gravados mais para alguns compactos, ou para possíveis próximos discos, como "Act Naturally", um clássico de Johnny Russel e de Voni Morrison que Ringo deu voz à uma de suas melhores interpretações, também "It's Only Love", um dos mais perfeitos temas de Lennon, "You Like Me Too Much" passou despercebido, embora Harrison tenha conseguido colaborar em mais um tema, "Tell Me What You See", "I've Just Seen a Face" e a bela canção de Paul, a mais emblemática e simples canção, embora somente Paul ao violão e uma orquestra regida por Martin, acabaram ganhando o público, e o encerramento fica por conta da regravação de um tema de Larry Williams, "Dizzy Miss Lizzy", um dos últimos revivals dos primeiros anos do rock feito por John e Paul.


Rubber Soul (Parlophone, 1965)
Antes do disco lançado em dezembro, a banda estreara o filme "Help!" com grande repercussão, foram condecorados pela Rainha Elizabeth como Membro do Império Britânico e ainda partiram para mais uma turnê nos Estados Unidos, com a intenção de lotar o estádio mais famoso de Nova York, o Shea Stadium, onde mais de 50 mil pessoas lotaram as arquibancadas para verem o maior espetáculo da Terra, naquela época. No meio da turnê, acabam se cruzando de cara com um encontro com o Rei: Elvis Presley e a banda acabaram se juntando para um encontro amigável na mansão em Memphis, a famosa Graceland, lar de Elvis e de sua noiva, uma jovem alemã chamada Priscilla. No meio da turnê, a banda passa a trazer novidades para o estúdio, de sonoridades diferentes do rock, até as músicas indiana e grega, a presença de cítara em "Norwegian Wood (This Bird Has Flown)", e letras mais simples, como "Drive My Car", "Run For Your Life", baseada em um tema de Elvis Presley "Baby Let's Play House", "You Won't See Me" e um pouco da influência de Bob Dylan e de seu jeito de fazer folk-rock, em temas com "I'm Looking Through You", "Girl", " Nowhere Man". É o disco em que George colabora mais no disco, com letras, trouxe "Think For Yourself" e "If I Needed Someone" e também nos instrumentos, desde que se fascinou pela música indiana, acabou utilizando uma cítara em "Nowregian Wood", uma letra de John e Paul, onde a cítara conseguiu destaque maior numa música acústica. Ringo colaborou na letra e cantou "What Goes On", o primeiro tema que compôs na sua carreira, além da emblemática "In My Life", um tema que Lennon compôs e marcou a carreira da banda, um tema emocionante. A capa, clicada por Robert Freeman, ficou assim pois quando apresentou as fotos da banda em um slide, e uma das fotos acabou deixando cair, dando a foto, um efeito distorcido. E a foto acbou dando origem à foto principal da capa, o título "Rubber Soul" foi uma brincadeira da banda com a música americana chamada soul.


Revolver (Parlophone, 1966)
No começo de 1966, a banda havia aproveitado para fazer muitas apresentações pela Europa, Estados Unidos, e gravavam mais temas, chegando a colocar "Paperback Writer" e "Rain", gravadas durante as sessões de "Revolver" no álbum, e bem no período mais estranho da banda: no auge, fazendo sucesso, mas sob o efeito de drogas. A maconha e o LSD acabaram deixando a banda num rumo diferente do que já tinha nos primeiros anos, já estavam se amadurecendo e cada um com sua família: todos casados, menos Paul, que vivia um romance com a jovem atriz Jane Asher, apenas John e Ringo eram pais. Foi na época em que enquanto gravavam o disco, católicos começaram a correr os Beatles da mídia e do público após Lennon ter dito que os Beatles eram mais populares que Cristo, em entrevista à um jornalista e depois, esclareceu tudo na época em que a banda sofreu muito na estrada. Os temas do disco, acabaram ganhando ares de psicodelismo e de críticas ao governo britânico, como em "Taxman", além de aderir a tabla e a cítara em "Love You Too" e trazer o romance em "I Want to Tell You", Paul conseguiu se aperfeiçoar nas baladas "For No One" e "Here, There and Everywhere", além de reviver os velhos tempos da music hall em "Good Day Sunshine", além de falar das drogas, o que faz a banda comporem temas sob o efeito destas já citadas antes, como "Dr. Robert", "Got You Get to Into My Life" e "She Said, She Said", embora a segunda música, Paul tenha composto como uma homenagem à soul music, enquanto "And You Bird Can Sing", "I'm Only Sleeping" são provas de que Lennon e McCartney permaneciam sua criatividade de sempre, como em "Tomorrow Never Knows", um tema com uma sonoridade bem psicodélica, distorções e efeitos, que influenciariam futuramente a música eletrônica. Os temas que viriam a ser destaques principais também, foram "Eleanor Rigby", somente Paul cantando, enquanto John e George faziam os vocais, acompanhados de um octeto de cordas, e "Yellow Submarine", da dupla John e Paul, cantada por Ringo, um tema mais infantil, que acabou levando o mundo a um submarino amarelo de loucuras que viveriam os últimos anos da década de 60. A capa foi concebida pelo amigo Klaus Voorman, que se reencontrou com a banda em shows na Alemanha, e foi a banda que o escolheu para fazer a ilustração da capa, com fotos de Robert Whitaker. Semanas depois do lançamento, em meio à polêmica religiosa, fariam seu último show nos Estados Unidos e a partir do dia 29 de agosto, sairiam de Candlestick Park de São Francisco e cada um tiraria suas férias até novembro.



Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Parlophone, 1967)
O maior clássico feito na década, surgiu após o impacto de "Pet Sounds" dos Beach Boys, quando aquele disco foi lançado, apresentou um novo jeito de fazer música, com influências mais diferentes a partir de 1966, e foi a partir de novembro de 1966 que a banda voltara aos estúdios para conceber um disco, ou melhor, as bases de um disco que seria o maior da banda: começou com apenas dois temas, "Strawberry Fields Forever" e "Penny Lane", que falavam de dois lugares de Liverpool, a primeira tinha o nome de um orfanato perto da casa onde Lennon morou na infância e a última era o nome de uma rua, falava da Liverpool após a 2ª Guerra Mundial, com um solo de trompete ao estilo das músicas da primeira metade do século XX, mas não foram para o disco. O disco, demorou 4 meses para ser concebido, um custo de produção alto demais para os artistas daquela época, mas acabou sendo um gasto também pela presença de mais músicos. O disco traz a faixa-título, com uma atmosfera hard-rock lenta, incluindo público na música, que foi formada por alguns músicos e amigos presentes, é o cartão de visitas da Banda dos Corações Solitários do Sargento Pimenta, e Billy Shears se incorpora na próxima música "With a Little Help From My Friends", cantada por Ringo, um doo-wop com pegadas de rock sessentista. Aliás, gostaria de acrescentar que Billy Shears seria o suposto sósia de Paul McCartney, que, há boatos de que após o último show em San Francisco, mas nada confirmado, embora se diz que Paul fizera cirugias para curar cicatrizes no de um acidente, o motivo da sua "morte", o disco todo tem citações a respeito disso, mas deixamos claro: Paul está vivo! Passando pelos temas, alguns foram vetados de execução nas rádios, o caso de "Lucy In The Sky With Diamonds" que tinha citações sobre LSD pelo fato das iniciais, sendo que foi escrita após John ver um desenho do filho Julian, "Getting Better" já trazia um pouco de sonoridade mais hard rock, mais o que seria o som do Led Zeppelin e Black Sabbath, mais lento, o título foi baseado numa frase do ex-substituto de Ringo em 1964, Jimmy Nicol, que sempre respondia "Ringo is getting better", ou seja, de que ele estava ficando melhor. A sequência continuava, "Fixing a Hole" soa como uma balada, cheia de levadas clássicas, com um pouco de jazz e blues, na qual há boatos de que tenha sido referência como o uso de heroína, o que nunca foi comprovado, além de uma tocante "She's Leaving Home" com direito a introdução de harpa ao estilo de música clássica e contando com uma orquestra de cordas,  somente Paul canta e os outros dois, George e John, fazem os vocais de apoio. Além do desenho de seu filho, John se inspirou em um cartaz de circo para compor "Being for Benefit of Mr. Kite", com atmosferas cirquenses na música, uma bateria mais hipnótica, clavicórdio, órgão e baixo, foi uma das sessões que John tentou mostrar algo original para a banda, mas nem George conseguiu apresentar algo original, pois havia voltado a se interessar mais na música indiana em "Within You Without You", onde só o próprio George realizou as gravações da música, com uma banda indiana. Paul trouxe um pouco de vaudeville em "When I'm 64", proclamando o que seria sua vida após os 64 anos, enquanto "Lovely Rita" é outra das músicas que acabou fazendo mais suspeitas ainda sobre os tais boatos sobre a morte de Paul, onde fala de uma parquímetra que estava admirando antes do "acidente", sendo que nunca foi provado essa história até hoje, o fato de um anúncio de cereais ter baseado "Good Morning, Good Morning" é verdade, além dos próprios Beatles terem feito vozes de animais, Paul gravou um solo de guitarra, algo que ficava mais heavy metal e hard rock no final, até o solo antecipar a "Reprise" da faixa-título, mais pesada, mais roqueira, com um riff mais simples, feito pelo mesmo Paul, que com os últimos acordes, dava o fim a mais um espetáculo, não tão cedo até aparecer um "bis" em "A Day In The Life", um marco do rock dos anos 1960 pela presença de orquestra, o que viria a ser "rock sinfônico", contando com 41 músicos na orquestra, Paul no baixo e no piano, John, fez a voz, a guitarra, o violão e o piano, Ringo comanda bateria e George no bongô, o assistente da banda Mal Evans contando os tempos e marcando o tempo no despertador, e ambos os Beatles tocaram piano na última parte, onde depois de alguns segundos, encerra-se com um barulho de gente que estava presente na sessão de gravação, e pelo fato de ter outras mensagem "ligada às drogas", foi banida das rádios. As mensagens subliminares presentes em certos versos do disco, acabaram deixando suspeitas, assim como a capa. A capa, da qual nós já havíamos falado aqui no blog, foi concebida por Peter Blake, e num estúdio de Michael Cooper, foi realizado a capa mais perfeita da banda, um monte de gente, o nome BEATLES de uma forma florida, um bumbo como cartão de visitas da banda e convidados de honra, como Marilyn Monroe, Bob Dylan, Dion DiMucci, Lewis Carroll, Marlon Brando, Lucille Ball, Karl Marx e as exceções na capa foram de Jesus Cristo (por causa da polêmica cristã de Lennon) e de Hitler, que supostamente aparece na capa, e a gravadora retirou Gandhi na capa por medo de problemas com o mercado indiano e de Leo Gorcey, porque exigiu um pagamento pelo seu rosto na capa. Enfim, um disco que levou tempo para ser gravado, mas que conseguiu levar tendências novas para que outro tipo de música fosse feito, dos álbuns conceituais ao tropicalismo no Brasil, do rock sinfônico ao britpop dos anos 90, atravessando gerações até hoje graças à Sgt. Pepper, regente da Banda do Clube dos Corações Solitários, promovedora de um som experimental, psicodélico e ousado.



Magical Mystery Tour (Parlophone, 1967)
O sucesso de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" fez com que muitas bandas criassem um novo jeito de fazer som, com bases psicodélicas e experimentais, indo dar um rumo diferente depois de 1964, mas sem a presença de um homem forte por trás da banda: em agosto de 1967, o empresário Brian Epstein morria de uma overdose de remédios após o lançamento de "Sgt. Pepper's" e após a performance de "All You Need Is Love" feita para a televisão ao vivo diante de 400 milhões de pessoas, menos o Brasil porque não tinha tecnologia o suficiente para fazer transmissões a cores até 1972, embora isso seja outra história. Foi quando a banda decidiu planejar o maior fiasco sem Epstein e tudo, meio que improvisado, a realizção do filme "Magical Mystery Tour", o 3º em que atuam e o segundo filme colorido, e isso teve mais Paul McCartney como o principal encarregado da produção, um roteiro meio que sem pé e nem cabeça, mas o filme acabou sendo até criticado demais, dando origem ao cancelamento da segunda exibição, enquanto um tempo depois, o filme foi exibido na MTV brasileira. A trilha do filme foi mais ou menos bolada toda por Paul, embora John tenha feito sua parte também na trilha, começando pela faixa-título, composta mais por Paul do que por John, uma letra de ares hard-rockers, uma letra bem estranha, porém sem palavras, assim como "The Fool On The Hill", com ares de balada ao piano, algo mais vaudeville com standards, a instrumental "Flying" foi a primeira composição feita inteiramente pela banda, instrumental, sendo que George acabou colaborando apenas em "Blue Jay Way", uma letra viajante e que passou despercebida de vez, foi baseada numa casa que queria alugar em Los Angles, mas não foi o caso de "You Mother Should Know", uma letra meio retrógrada, uma das tantas viagens sonoras de Macca, enquanto a de Lennon era sonora e alucinante "I Am The Walrus", de uma mistura feita anteriormente de rock com orquestra em  "A Day In The Life", e feita baseada nas suas viagens de ácido, uma letra sem sentido, o que deixou muita gente confusa com a letra, que musicalmente soava feito uma sirene. O formato lançado na Inglaterra foi apenas EP com as seis músicas do lado A, enquanto a versão americana foi lançada um LP inteiro com um lado B cheio de compactos inédito até então, como "Hello Goodbye", que era lado A de "I Am The Walrus", uma letra mais sotisficada, nada tão diferente, um pouco da sonoridade Beatle, enquanto os dois primeiros temas gravados em "Sgt. Pepper's" da qual tínhamos citado antes, "Strawberry Fields Forever" e "Penny Lane" reaparecem dando um brilho na versão LP, assim como "Baby You're a Rich Man", a primeira música a ter sido gravada fora dos estúdios da EMI em Londres, e a eterna "All You Need is Love", gravada ao vivo para todo o mundo (menos o Brasil, sabe bem) e uma das grandes transmissões ao vivo via satélite, uma letra mais no astral da época, com orquestra e amigos, como os stoners Mick Jagger e Keith Richards, Keith Moon (baterista do The Who), Graham Nash, Marianne Faithful, Eric Clapton e a namorada de Paul, Jane Asher e o irmão Mike McCartney, com uma introdução de sopros que soa à "Marselhesa" e citações de temas clássicos como "Yesterday" e "She Loves You" no final. Um disco que, por ser até o mais raro da banda e o mais injustiçado, recebe honras dignas por seus temas de atmosfera psicodélica. Enquanto a banda preparava a trilha e o filme, estavam fazendo tratamento espiritual com um guru, chamado Maharishi Mahesh Yogi, e após as filmagens e a estreia do filme, prontos para uma temporada longa em Rishikesh, o templo de meditação de Maharishi na Índia durante todo o começo de 1968.

The Beatles (Apple, 1968)
Era janeiro de 1968 e se fazia perguntas inéditas sobre o "sumiço" da banda. Por onde andavam? O que fizeram depois da "desgraça cinematográfica" sem a presença do empresário falecido Brian Epstein? Quais os motivos para eles saírem de cena? Estavam em Rishikesh, na Índia, meditando, uma lavagem espiritual com Maharishi e os quatro, menos John Lennon, levaram suas companheiras para participarem do retiro espiritual, dali surgiram várias letras para um futuro disco da banda, e o retiro espiritual com horas de meditação parecia "magia" para os Beatles, mas Ringo tentou permanecer pela pressão dos companheiros da banda e foi o primeiro a sair, depois o resto da banda, George com Pattie, Paul com a nova namorada, a fotógrafa Linda Eastman e John, apaixonado por uma artista plástica japonesa que havia visto no Japão e seria a companheira do resto de suas vidas: Yoko Ono, que só reencontraria depois de um escândalo envolvendo Maharishi e a irmã da atriz Mia Farrow, o que fez todos da banda saberem o lado sujo de Maharishi e deixarem logo a Índia, já que George havia trabalhado em uma faixa por lá com músicos indianos em "The Inner Light", o lado B hare-krishna de "Lady Madonna". Lennon se apaixonara por Yoko após ver a exposição na Indica Gallery em Londres, e se desiludira aos poucos do que ele passou. No final de abril, a banda voltara ao estúdio de Londres, o da EMI, e começaram a trabalhar em um álbum com mais músicas, e foi todo trabalhado em outro estúdio, o Trident Studios e foi marcado por desentendimentos entre a banda e os antigos companheiros de trabalho, como o engenheiro de som Geoff Emerick e o produtor George Martin, que estava de férias e disse em uma entrevista mais tarde, que estava difícil trabalhar com a banda, devido as relações com a banda, que mudaram depois de muitos anos. Mas, foi também o motivo de fazerem um álbum duplo, o formato que os Beatles usaram para mostrarem o que haviam criado muito de maio a outubro de 1968, um período muito complicado, com indas e vindas aos estúdios e desentendimentos entre Ringo e a banda, que só voltou porque Paul mais John e George havia o convencido, até que duas semanas depois, voltou com direito a enfeites florais na bateria, feito por George, enquanto Paul fazia o trabalho dobrado como multiinstrumentista, tocando bateria nas duas primeiras músicas do disco 1 "Back in the U.S.S.R" e "Dear Prudence", a primeira com uma influência da surf-music dos Beach Boys, com um pouco de ironia ao título de uma música de Chuck Berry "Back in the U.S.A" e a segunda música foi feita por John e dedicada à irmã de Mia Farrow chamada Prudence, servindo como um consolo para ela, e o próprio John explicara as tais mensagens subliminares em "Glass Onion", o som da Jamaica foi apresentado por Paul em "Ob La Di, Ob La Da", na sequência "Wild Honey Pie" e "The Continuing Story of Bungalow Bill", seguidos por "While My Guitar Gently Weeps" composta por George e com um solo feito por Eric Clapton, um músico não-Beatle pela primeira vez fazia uma ponta em alguma coisa da banda, até então, só George Martin, Mal Evans o roadie da banda e músicos de orquestra podiam deixae sua marca registrada, John foi mais a fundo em "Happiness is a Warm Gun", feita para Yoko e banida pela BBC pelo apelo sexual, Paul foi se inspirar em sua cachorra Martha e compôs "Martha My Dear", John se baseou no seu cansaço de meditação e da temporada na Índia e criou "I'm So Tired", Paul compôs e gravou sozinho ao violão "Blackbird" enquanto John ficou de fora de "Piggies", mais uma marca registrada de Harrison. Paul seguia pintando e bordando no primeiro disco, em "Rocky Racoon" (foi daí que o Stallone deve ter tirado o nome de um dos seus maiores personagens do cinema), com levada country e misturando a sonoridade dos salões do velho oeste americano, no piano tocado por George Martin, Ringo conseguiu compor e cantar perfeitamente em "Don't Pass Me By", enquanto este compareceu com Paul para gravar "Why Don't We To Do It In The Road?", uma das primeiras músicas sem John e George presentes nas gravações, foi assim também em "I Will" em que Paul, o único da banda nesta música junto de Ringo, dedicou para Linda Eastman, John retribuiria em "Julia", feita para sua mãe e tocada apenas ao violão. O segundo disco iniciaria com um tema festivo de levada punk hardcore, vocais ao estilo "The Girl Can't Help It" intitulada "Birthday" feita por John e Paul e contou com Yoko Ono e Pattie Boyd (esposas de John Lennon e George Harrison), John seguiu o caminho do blues americano e fez "Yer Blues" que foi apresentado no filme dos Rolling Stones, "Rock and Roll Circus", Paul seguiu o caminho solo acústico em "Mother Nature's Son", enquanto John ia mais profundo sobre uma caricatura feita por Yoko em "Everybody's Got Something to Hide Except For Me and My Monkey" e sobre as tentativas de Maharishi seduzir Mia Farrow em "Sexy Sadie", o heavy metal e o punk rock vieram se antecipar em "Helter Skelter", com um riff cru e matador, uma tentativa de fazer algo semelhante ao que o The Who fez em "I Can't See for Miles" (The Who Sell Out, 1967), o que acabou virando um clássico de todos os fãs de rock do mundo. George tentou se manter ao seu estilo quieto em "Long, Long, Long", enquanto reapresentavam um tema do compacto lado B de "Hey Jude", na versão acústica, virou "Revolution 1", e na sequência viria uma canção com ares de clássico feita por Paul, chamada "Honey Pie", George trazia "Savoy Truffle", "Cry Baby Cry" de John Lennon, que, foi a mente por trás de "Revolution #9" baseada em colagens sonoras da bandas, aliás o "number nine..." foi baseada nos tapes de teste da EMI "This is a EMI Test Series Number 9" misturando registros de áudio da banda e sem Paul na presença das sessões, declarou depois que ao ouvir aquilo, disse que não era uma música Beatle e nem viu o que aquilo virou a cabeça, pois a faixa foi feita com base nos primeiros álbuns experimentais de John e Yoko, que esteve presente no trabalho de "Revolution #9". Ringo fecha o disco cantando "Good Night", que John fizera para seu filho Julian e contou com piano e orquestra. O disco deu às bandas de rock, uma definição de álbum duplo, dando assim, motivo de inspiração para "Tommy" (1969) e "Quadrophenia" (1973) do The Who, "La Biblia" (1971) do Vox Dei, "The Wall" (1979) do Pink Floyd, "The River" (1980) de Bruce Springsteen e "Mellon Collie and The Infinite Sadness" (1995) dos Smashing Pumpkins, e aqui no Brasil com "Fa-Tal: Gal a Todo Vapor" (1971) de Gal Costa, "Clube da Esquina" (1972) de Milton Nascimento & Lô Borges e "Burguesia" (1989) de Cazuza. Um dos melhores discos da banda, um clássico da década de 1960 que continua atravessando gerações, embora tenha sido marcado também por conflitos artísticos e econômicos, a banda conseguiu lucrar muito com a empreitada independente Apple e alguns artistas no seu cast, como a loira de voz doce Mary Hopkin, Jackie Lomax que ficou mais por ter sido apadrinhado por Harrison, Badfinger, que antes eram The Iveys e o então desconhecido James Taylor, também foi de temas como "Helter Skelter" e "Piggies" que se originou os crimes cometidos em 1969 por Charles Manson nos Estados Unidos, uma das vítimas foi a atriz Sharon Tate. Um dos melhores discos feitos nos anos 60, por inteiro, moderno, mais pesado e cheio de coisas experimentais da banda.



Yellow Submarine (Apple, 1969)
A banda estava com vontade de ter um filme animado, isso vinha desde que a King Features havia feito alguns curtas animados, na época da Beatlemania, mas tiveram que esperar um pouco a carta branca de Epstein para que fizessem um filme sobre a banda, com base em "Fantasia" de Walt Disney, mas nem tudo podia acontecer como se esperava: com a morte de Brian Epstein, o sonho de ter um filme animado dos Beatles foi parar na gaveta por um bom tempo, até que a banda cria a Apple Films, e daí bancam o próprio filme, só que sem o uso de suas vozes, foi quando decidiram chamar atores para imitar os próprios Beatles, que protagonizam uma aventura psicodélica e ousada na terra de Pepperland, quando os Malvados Azuis (Blue Meanies) decidem acabar com a música, o amor e as cores e é quando a banda decide ajudar um capitão pilotando um submarino a salvar a cidade e trazer de volta as cores e a música no lugar muito distante. A trilha sonora do disco, acabou não sendo a melhor de todas, sendo que 30 anos depois, seria reapresentado os verdadeiros temas da trilha sonora, o motivo? A banda entregou a trilha sonora e só houve poucas reuniões com a produtora do filme, e foi quando George Martin disse "Está bem, vamos mandar a maldita da trilha, vamos dexar o que nos cair da telha". O disco contou com gravações feitas originalmente em 1966 e 1968, começando por "Yellow Submarine", presente no disco de 1966, "Revolver" e trazendo a inédita "Only a Northern Song", gravada durante as sessões de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" em 1967, composta por George, mas rejeitada pelos colegas, "All Together Now" feita em 1968 junto de "Hey Bulldog", um dos primeiros temas a terem sido compostos e gravados após a temporada de meditação na Índia, e duas pepitas a mais de 1967, como "It's All Too Much" de George, gravada após "Sgt. Pepper's" e que estaria em "Magical Mystery Tour" que também levou o não dos colegas, mas ficou "All You Need Is Love", um dos poucos temas do filme que conseguiu marcar presença no disco. O resto do disco, ou melhor, o lado B, conta com temas orquestrados e feitos por George Martin, como "Pepperland", "Sea of Time", "Sea of Holes", "Sea of Monsters", "March of The Meanies", "Pepperland Laid Waste" e "Yellow Submarine in Pepperland", que nada é uma versão meio natalina e orquestrada da música-tema do filme, algo meio diferente do que se conhecia das versões orquestradas. O disco não segue o padrão de discos dos Beatles, e por isso não teve repercussão enorme nos EUA. Lançado meses após o filme, a banda deixou o disco nas lojas enquanto preparava mais um material, em meio aos conflitos que ocorriam entre eles mesmos, dando origem a derrubada de um muro erguido há nove anos.

Abbey Road (Apple, 1969)
No início do ano, a banda havia programado um projeto chamado Get Back, onde a banda tentava se manter mais unido, contando com Billy Preston nos teclados e Yoko Ono vagando pelos estúdios da Apple, em Savile Row, rua de Londres e acabou dando origem a um show de despedida no topo do prédio da Apple em 29 de janeiro de 1969, com reclamações da polícia e Paul cantando "Get Back", algumas destas gravações não saíram e assim, foi quando John se cansou de Paul e quis dar um basta naquilo tudo. Paul nunca foi tão humilhado durante todos estes doze anos de amizade entre ele e Lennon e acabou percebendo só depois que todo mundo estava já sem rumo na banda, cada um queria criar o seu, mas é quando percebem que poderiam voltar atrás e fazer um som como antigamente, no começo da carreira da banda, quando ainda dominavam as paradas europeias ainda em 1963 e desta vez, nos estúdios Abbey Road com o George Martin na produção principal, Geoff Emerick como assistente de som e o jovem Alan Parsons como o assistente de som da banda. O primeiro lado do disco vinha com uma música ousada, "Come Together", com um pouco da levada hard-rock e com um pouco da sutileza de uma balada, acabou sendo um pouco inspirativa e com um pouco de influência de Chuck Berry, uma das músicas que acabou ficando sem muita guitarra, com apenas alguns solo executados e a presença de órgão, que também aparece em "Something", uma das melhores composições de George Harrison e baseada em um tema chamado "Something in the Way She Moves" composta por um assinado pela Apple, James Taylor, acabou sendo lado A de um compacto e o maior sucesso em várias versões, Paul traz de volta seu jeito de reviver o velho som em "Maxwell's Silver Hammer", esperançoso de que seria o maior sucesso da banda, mas pelas incansáveis sessões de gravação, não virou sendo o melhor momento para os outros três Beatles, até Ringo declarou em 2008 que foi uma das piores sessões de gravação, por ter sido feita em 3 dias e pelo cansaço que foi, diferente de "Oh! Darling", com um pouco do doowop dos anos 50 e com um pouco de hard-rock, foi gravada com a banda e com ares mais eufóricos na parte da banda, pelo fato de que a banda toda parecia se divertir. Ringo acabou compondo "Octopus's Garden" após férias em Sardenha, ilha da Itália e contou com uma ajudinha de George, que deu crédito total todo ao próprio Ringo e acabou virando um dos seus maiores sucessos futuramente, em sua carreira solo, que John já tinha se apresentado com um de seus temas, "I Want You (She's So Heavy) que foi a faixa mais longa da banda, codom quase oito minutos, e um solo de guitarra que dava para se repetir em todo o resto, quando estavam mixando a música no dia 20 de agosto de 1969, é quando a banda entra junto em estúdio pela última vez, George permanecia-se inspirativo e original em "Here Comes The Sun", um tema que mereceu honras dignas e com direito a uma ajudinha de Paul e Ringo, já que John estava se recuperando de um acidente, "Because" é um tema cheio de bases clássicas, pois o sintetizador Moog tocado por Harrison soa parecido como a "Sonata ao Luar" de Beethoven e foi apenas sintetizador e coros feitos pelos próprios, a polêmica "You Never Give Me Your Money" faz uma simples referência a um substituto de Brian Epstein para cuidar dos negócios da banda e da Apple, um sujeito indicado por Mick Jagger chamado Allen Klein, somente Paul preferiu escolher o seu sogro Lee Eastman, já que John mais George e Ringo preferiam não dar ouvidos às sugestões "ridículas" e só se arrependeriam anos depois, quando o contrato com ele encerrou-se em 1977. Na sequência, um medley dividido em músicas, músicas curtas que foram gravadas e tiveram muito pouco tempo de trablaho para conceber e gravar, como a poliglota "Sun King", com um verso misturando português, italiano e espanhol, seguido de "Mean Mr. Mustard" e "Polythene Pam" feitas por John e na sequência, Paul reaparece com "She Came in Through the Bathroom Window", baseada em uma aventura de um integrante da banda The Moody Blues, e Paul contava quase o que haviam falado para ele, o próximo tema de Paul foi baseado em um poema de Thomas Dekker, "Golden Slumbers", que mostravam os últimos suspiros da banda, seguido de "Carry That Weight", onde no primeiro verso "Boy, you're gonna carry that weight, carry that weight a long time..." (Garoto, você vai carregar este peso, carregar este peso por um longo tempo...) onde Sir Paul dispara todas em cima da banda e de Allen Klein, com citação a "You Never Give Me Your Money" e partindo para um final apoteótico com "The End", o epitáfio final da banda, puxado por um solo de bateria de Ringo Starr, e passados 14 segundos, uma vinheta chamada "Her Majesty" que Paul fizera enquanto foram concebidos como MBE em 1965 e foi gravada em 1969, com uma linha de dedilhado baseada em "They're Red Hot" de Robert Johnson. O disco trouxe além do último adeus, uma capa ousada, onde a banda atravessa a rua perto dos estúdios Abbey Road e trazendo mais suspeitas sobre a morte de Paul, onde este aparece descalço e com o cigarro na mão direita, sendo que Paul é canhoto: morto, John é o padre, Ringo é o responsável pelo funeral e George vestido de coveiro, além de mensagens nas placas de carro "28IF" (se Paul tivesse 28) e "LMW", significava "Linda McCartney Widow" (viúva) ou "Linda McCartney Weeps" (chora), e um carro preto ao estilo de funerária, onde estariam velando alguém perto de Abbey Road e um senhor que só percebeu mais tarde, que estava em uma capa de disco dos Beatles, e sobre o milto "Paul está morto", Paul afirmou que estava descalço porque estava muito calor e por isso dispensou os sapatos. Um disco que conseguiu tamanho sucesso e popularidade, sendo também o álbum que mais vendeu da banda até hoje, permanecendo no TOP 200 Albums da Billboard até hoje, um clássico que nunca se viu imenso sucesso desde que foi lançado.


Let It Be (Apple, 1970)
Janeiro de 1969. Estúdios de filmagem Twickenham, Londres. Mesas de som, fundo branco, iluminação meio psicodélica de um vídeoclipe e quatro pessoas tocando e discutindo sobre certos assuntos: tudo isso era relacionado a mais uma tentativa de não deixar cair o muro que os Beatles fizeram com muito esforço desde o final da década de 1950 em Liverpool e atravessou a década inteira de 60 ao redor do mundo, agora estavam tentando fazer algo mais ousado e moderno, foi quando John procurou um grego, Alexis Mardas, conhecido como Magic Alex, e sugeriu que criasse uma mesa de som super-equipadíssima, mas quando George Martin e a equipe foram inspecionar, não imaginavam que a tal mesa de 72 canais só tinha 16 canais, e se podia ouvir o braulho dos canos, das tubulações e do ronco do ar condicionado. Martin ficou em segundo plano, ignorado por John e foi quando Glyn Johns foi escalado para fazer a produção do álbum, dali vieram temas do projeto Get Back e do "Abbey Road", dentre estes, até de temas solos de John (Jealous Guy), George (All Things Must Pass), Paul (Teddy Boy) e covers interpretados no estilo blues de doze compassos. Após conflitos entre Harrison e a banda, ele retorna e a banda começa as gravações, desta vez em um estúdio da Apple instalado na rua Saville Row em Londres, com a presença de um velho conhecido dos tempos de Hamburgo, chamado Billy Preston e também teve as esposas Pattie Boyd, Maureen Cox, Linda McCartney e Yoko Ono (as senhoras George, Ringo, Paul e John) e durou até fevereiro ou março de 1969: após as sessões, nada se sabia do que iriam fazer com os registros, sendo que estavam documentando registros daquele show feito no telhado do prédio da Apple, em 30 de janeiro, onde a banda fazia o último concerto, os quatro juntos tocando no palco, o que não acontecia desde 1966, após a polêmica cristã envolvendo Lennon e Jesus Cristo, quando houve barraco nos bastidores dos shows americanos, onde a Ku Klux Klan incentivava os fãs queimarem coisas dos Beatles. Bom, passaram os meses e um bocado destas gravações feitar por Glyn Johns não agradou muito aos integrantes, aí surge "Abbey Road" e os desentendimentos iam crescendo a cada dia que passavam, até que em dezembro de 1969, John decidiu fazer algumas coisas, além de algumas remixagens, alguns ajustes em "Across The Universe", quando duas jovens, dentre elas a brasileira Lizzie Bravo, invadiram o estúdio e a convite de John, acabaram fazendo vocais na música, gravada em 1968, mas com alguns ajustes, acabou saindo em uma coletânea internacional "No One's Gonna Change Our World" e depois, entraria no disco, que foi lançado meses depois de John entregar os tapes a uma pessoa de confiança, para que pudesse melhorar o som do disco, foi quando Phil Spector aceitou a proposta de John, para que fizesse algo com "a maior merda que já foi gravada". O disco conta com a presença de temas como "Two Of Us", de uma sonoridade um pouco folk com country, já tentando ser uma coisa mais agradável, enquanto "Dig a Pony" mostra um Lennon diferente, mais filósofo, o que aconteceria em suas futuras canções solo, "Across The Universe" da qual já tinhamos falado, foi composta em 1968, durante as temporadas de meditação na Índia com o Maharishi. George conseguira se dar bem em "I Me Mine", na qual ele fala sobre o egoísmo do ser humano nos tempos de guerra, a música teve um tratamento feito por Spector, deixando-a mais lenta, uma vinheta acabou entrando no disco chamada "Dig It", creditado a toda a banda, onde John começa a cantar "Like a Rolling Stone" de Bob Dylan e cita nomes como B.B. King, o jogador inglês de futebol Matt Busby, a atriz e cantora Doris Day, a CIA, o FBI e a BBC e a cada nome citado, mandavam que "Enterre-o", em seguida entrava os acordes iniciais de piano de "Let It Be", em que Paul começava a cantar emocionadamente relembrando sua mãe "Mother Mary", foi composta após ter sonhado com ela dizendo "Let it be" (Deixe estar), outra vinheta de criação dos quatro de Liverpool foi "Maggie Mae", com uma influência do folk americano, mas de acordo com Lennon, havia mais do que os 41 segundos gravados originalmente, Paul e John conseguiram fazer de "Everybody Had a Hard Year" em "I've Got a Feeling", uma música inacabada do último citado, que falava de um ano difícil para a banda, da temporada na Índia à não-aceitação de Yoko pela banda e da criação da Apple ao afastamento de Julian, filho de John, o riff foi de outra música inacabada de John chamada "Watching Rainbows". Os primórdios da banda acabaram dando um gás total no disco, quando Lennon e McCartney tiraram da gaveta, uma música chamada "One After 909" de levada pesada, com influências de Chuck Berry, Phil botou em ação o Wall of Sound (Parede de Som) em "The Long and Winding Road", que Paul acabou se baseando em Ray Charles, dando origem a mais um conflito em que pediram para refazer a música sem a permissão de Paul, acrescentando um coro feminino e cordas, George deixa sua última marca registrada na banda com "For You Blue" onde John toca Lap Steel Guitar, uma guitarra de fazer slide, enquanto George tocava um instrumento parecido com um banjo ou craviola, que havia descoberto na Índia, o final ficou com "Get Back", que Paul havia composto especialmente para os imigrantes paquistaneses em busca de trabalho em terras inglesas, mas com medo de que houvesse confusão, foi apresentada no telhado do edifício da Apple, no último show da banda.
Capa de "Let It Be... Naked", lançado em 2003
com as versões originais, sem o uso
das palmas e efeitos de Phil Spector
Em abril de 1970, Paul afirmara que deixou a banda e no mês seguinte, o disco seria lançado na versão Spector, com aplausos e conversas extraídas de sessões, além dos efeitos Wall of Sound, que só sairiam depois que a Apple fizera uma limpeza e restaurasse todo o som original em 2003 na versão "Let It Be... Naked". O registro de uma banda em queda, temas emblemáticos e também a prova de que às vezes, ainda sobra um pouco de magia para aproveitar.



Past Masters - Volume One and Two (Apple/Parlophone, 1988)
Passados dez anos da separação definitiva da banda, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr e John Lennon estavam com suas carreiras solos, problemas sentimentais e financeiros, idas e vindas a reuniões com Allen Klein e a pergunta "quando os Beatles voltarão?" nunca parava de ser feita pelos repórteres, enquanto um formava com sua esposa uma banda que lotava estádios e casas do mundo todo, o outro havia apelado pro lado ativista pacífico em suas canções, um fazia projetos musicais com amigos e atuava no cinema e na TV, outro se dedicava à musica, jardinagem, produção de cinema e em livros enquanto outro estava em carreira solo, marcada por alcoolismo, drogas e separação da sua esposa Maureen Cox no meio dos anos 70. Em dezembro de 1980, após horas de trabalho, John Lennon dá o último autógrafo a um sujeito chamado Mark Chapman, horas depois, este mesmo Chapman deu os tiros que impediram o futuro de um Beatle que estava voltando após cuidar do segundo filho, Sean Ono Lennon, e que planejava uma turnê com seu novo disco. Sete anos depois de sua morte, os álbuns da banda eram apresentados no formato CD (compact-disc), todos lançados em 1987 pela EMI, mas com sonoridade fraca, um som que não tinha nada a ver com o que se ouvia no vinil, remasterizações muito fracas e pouco benquistas pelo público. Em 1988, sairia o primeiro lançamento em CD após os relançamentos da discografia da banda, uma coletânea dividida em duas partes, assim como foi "Beatles: 1962-1966" e "Beatles: 1967-1970", lançadas em 1973, mas desta vez viria apenas com os singles lançados.
Volume One (disco preto): foi só lançarem este primeiro volume, no CD e no LP, que vinha junto com o segundo volume que os fãs da banda,voltariam mais para o formato CD a apreciar um pouco mais os primeiros anos da banda, de 1962 a 1965, contando com os temas "Love Me Do", "From Me To You", "Thank You Girl", "She Loves You", "I'll Get You",  "I Want To Hold Your Hand", "This Boy" e as versões em alemão de "I Want to Hold Your Hand", que virou "Kinnm Gib Mir Deine Hand" e "She Loves You" virou "Sie Liebe Ditch", seguidos de "Long Tall Sally" (cover de Little Richard), "I Call Your Name", "Slow Down","Matchbox" de Larry Williams, "I Feel Fine", "She's a Woman", "Bad Boy", "Yes It Is" e "I'm Down", lado B de "Help!" lançado em 1965 durante duas ocasiões: uma em meio à turnê européia pré-lançamento do filme "Help!", e outra foi no Shea Stadium lotado, em Nova York, o maior show da banda com recorde de público.
Volume Two (disco branco): em 1965, os Beatles eram os senhores do rock, mas percebendo o período que viria mais à frente, com os desafios da estrada e com muita criatividade para botar em ação nos próximos temas, já mostraria a fase de amadurecimento a cada música do segundo e último volume do disco, a partir de "Day Tripper", "We Can Work It Out", "Paperback Writer" e "Rain" ainda tinha o mesmo caminho percorrido desde os anos da Beatlemania, mas já seriam rumos diferentes e não tão simples, com um pouco do experimentalismo musical, "Lady Madonna" com ares de jazz e vaudeville, George foi o único Beatle a ter gravado a hare-krishna "The Inner Light", mas teve o seu maior sucesso "Hey Jude" e a ousada letra de atmosfera pacifista "Revolution", além de "Get Back" e "Don't Let Me Down", gravadas no concerto feito no telhado do prédio da Apple, a suave "The Ballad of John and Yoko" e "Old Brown Shoe" de George, "Across The Universe", "Let It Be" e "You Know My Name (Look Up At The Number)", gravada em 1967 após "Sgt. Pepper's" e acabou sendo resultado de um lado B de "Let It Be", uma música inédita que contou com Brian Jones, dos Rolling Stones, no saxofone. A coletânea trouxe um pouco de aproximamento entre os singles da banda, presentes em coletâneas como "1962-1966" "1967-1970", "Love Songs" (1977) e "20 Greatest Hits" (1982), algumas apareceriam também em "1" (2000), coletânea só com os temas que dominaram o topo das paradas, ao todo, 27 temas nas paradas. Mas aí é outra coisa.


Live at the BBC (Apple/Parlophone, 1994)
Desde que se tenha conhecimento sobre rádio e ainda mais no tempo de nossos avôs e nossos pais, a maioria de todas constituía de performances musicais, programas onde bandas apresentavam o melhor do que já haviam tocado, temas que não foram para os seus discos e também interpretar covers para homenagearem ídolos do rock. Os Beatles foram especialistas nisso, no período de 1962 a 1965, tendo um programa, não sei se era quinzenal ou mensal pela rádio BBC e em 1993, nos estúdios Abbey Road, aconteceu o processo de remasterização de várias apresentações dos anos, e resultou-se em um disco duplo, cada um com 34 músicas, com recados da banda, e interpretações de temas de outros artistas, como "I Got a Woman" (Ray Charles), "Lucille" (Little Richard), "Soldier of Love" (Arthur Alexander) e contou muitos clássicos regravados de Chuck Berry, dentre eles "Sweet Little Sixteen", "Roll Over Beethoven", "Carol", "I Got to Find My Baby", "Rock and Roll Music", "Too Much Monkey Business", "Memphis, Tennesee" e "Johnny B. Goode", além de temas de Carl Perkins, como "Sure to Fall (In Love With You), "Everybody's Trying To Be My Baby", "Matchbox" e "Honey Don't" e os primeiros sucessos de Elvis, como "That's All Right Mama", regravações de temas da Motown, clássicos do jazz e outros. 
Lançado em 11 de novembro de 2013, a continuação
do primeiro "Live at BBC" teve performances de temas dos
primeiros discos da banda e de mais covers.
Na rádio BBC, era comum ouvirem as mensagens de natal da banda, que depois de 1968, não seriam mais gravados juntos, cada um gravaria sua parte, e também diálogos da banda no rádio em algumas apresentações históricas e apresentações de clássicos como "Love Me Do", "She Loves You", "I Saw Her Standing There", "Can't Buy Me Love", "All My Loving", "Things We Said Today", "She's a Woman" entre outros temas da banda, que nas versões apresentadas na BBC, acabaram sendo de ótima qualidade os temas. Em 2013, a Capitol decidiu lançar mais temas da banda gravados na BBC e aproveitar também as boas vendas das novas edições em CD do conteúdo discográfico da banda, lançarem a segunda parte, intitulada "On Air - Live At the BBC Volume 2", quase 20 anos depois do lançamento do primeiro.

Anthology - Volume One (Apple/Parlophone, 1995)
A banda decidira lançar um documentário contando tudo sobre a história da banda, as origens e todo o sucesso que foi The Beatles, e em meio à este documentário, que foi exibido na Inglaterra pela BBC em oito partes, e três volumes da série Anthology com muito material de estúdio e gravações inéditas, de performances que foram extraídas de shows e de apresentações na televisão e até de temas "inéditos" dos Beatles. O primeiro volume abre com "Free as a Bird", um tema feito por John na época em que estava cuidando de Sean e tinha pouco tempo para se dedicar à música, que ganhou roupagem nova quando Yoko Ono apresentou tapes para a banda gravar em cima em 1994, produzido por Jeff Lynne, ex-Electric Light Orchestra e contando com Paul, George e Ringo mais uma vez, unindo de uma forma diferente, a velha chama dos Beatles. O primeiro volume da série, que conta com dois discos, traz áudios de entrevistas de John e de Paul sobre a banda, algumas demos feitas no começo da banda, gravações de testes feitos para a Decca, na qual foram rejeitados e a gravação de "My Bonnie" feita com Tony Sheridan,"One After 909", reapresentada somente anos depois em outra versão diferente da que foi concebida,  "How Do You Do It" que chegou a ser o primeiro sucesso, mas desistiram de lançar, e de "Money (That's What I Want)", "You Really Got a Hold on Me" e "Roll Over Beethoven" entre outros temas, gravados ao vivo em Estocolmo em 1963. O disco 2 conta direto com apresentações no Royal Variety Show, o lendário show de apresentações para a qual tocaram para a Família Real e para a rainha Elizabeth, além de apresentações em programas britânicos, e a versão de "All My Loving" gravada no programa de Ed Sullivan e gravações de temas para os discos de 1964, "A Hard Days Night" e "Beatles for Sale" e para singles, tomadas alternativas e demos, material raro até então.

Anthology - Volume Two (Apple/Parlophone, 1996)
A segunda parte da série Atnhology começou com mais um tema inédito de John, com os retoques feitos por Paul, Ringo, George e Jeff Lynne chamado "Real Love", que ganhara sucesso mundial depois de lançada como single na versão do grupo, soando como se fosse os quatro juntos na música, seguido de mais tomadas de gravações de temas que iriam para o disco "Help!" e até de singles, além de temas inéditos, como "If You've Got a Trouble" e "That Means a Lot" e de apresentações no programa "Blackpool Night Out" em 1965 onde apresentaram "Help!", "I'm Down", "I Feel Fine", "Ticket to Ride", "Act Nacturally" e "Yesterday", além de uma palhinha de George em "Everybody's Trying to Be My Baby" durante o histórico show no Shea Stadium e mais tomadas de gravações de músicas para singles e para os discos "Rubber Soul" (1965) e "Revolver" (1966) e de dois números ao vivo no Budokan, em Tóquio: "She's a Woman" e "Rock N' Roll Music" encerrando o primeiro CD da segunda parte da série Anthology. O segundo CD contaria com demos e takes alternativos da música "Strawberry Fields Forever" e alguns takes de "Penny Lane", além de registros de temas dos discos "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", "You Know My Name (Look Up At The Number)" que ficou inédita até ser lado-B de "Let It Be", takes de temas de "Magical Mystery Tour" e a versão original de "Across the Universe", que só contou com a voz de John Lennon e o próprio no violão. Também os takes do primeiro sucesso da banda pela Apple, intitulado "Lady Madonna". Maioria dos takes e versões alternativas das músicas já são bem conhecidas pelo público, até executadas em programas dedicado à banda pelo mundo todo, inclusive uma das versões pré-originais de "Strawberry Fields Forever" já tem reconhecimento dos fãs mais novos da banda, atualmente.

Anthology - Volume Three (Apple/Parlophone, 1996)
Lançado antes do final do ano de 1996, o último volume da trilogia mostrava um material que muitos sabiam da exitência, mas alguns lançamentos piratas apresentaram os registros das demos de "The Beatles" (1968), "Let It Be" e "Abbey Road" (1969/1970), onde mostravam um pouco do que cada um estava fazendo na sua parte, embora ainda precisassem um do outro para fazer o trabalho se "multiplicar": foi assim que a banda, conseguiu mais tranquilidade durante a tal temporada de meditação em Rishikesh e voltaram um pouco desiludidos depois de todo o bafafá após um caso envolvendo Maharishi e a irmã da atriz Mia Farrow, a banda toda já em Londres, começara a preparar seu material para o próximo álbum, e dali vieram "Ob La Di, Ob La Da" e demos de temas como "Mean Mr. Mustard" e "Polythene Pam", "Junk" que foi para o primeiro disco solo de McCartney e o primeiro disco começa com um tema orquestrado de George Martin chamado "A Beginning" e segue com gravações inéditas, como "What's The New Mary Jane" e um medley feito pela banda, intitulado "Step Inside Love/Los Paranoias" e por conta das sessões de "Let It Be" gravadas nos estúdio da Apple em Savile Row, contando com os temas do projeto, antes chamado de "Get Back", contou com um medley só de clássicos de rock dos anos 50 "Rit It Up/Shake Rattle and Roll/Blue Suede Shoes" e "Mailman, Bring Me More Blues", além da demo de "All Things Must Pass" de George Harrison, que foi rejeitada, "Come and Get It" de Paul, além de uma jam em que tocam "Ain't She Sweet", e por fim "I Me Mine" que foi a última música dos Beatles gravada em estúdio. já sem Lennon e uma versão remix de "The End", com orquesração e algumas levadas de baterias que parecem ter sido extraídas de algum take original. A trilogia não foi muito vendida, pois os CDs não foram destinados ao grande público e sim a colecionadores e fãs da banda que desejavam ouvir material inédito, além de ter sido lançado para combater a pirataria naquela época, apenas o box de 5 DVDs com todos os documentários, sendo que um é o de extras, permanece fácil de achar no Brasil até hoje.


Love (Apple, Parlophone, 2006)
Em 1999 a banda havia se juntado para coordenar o projeto da biografia Anthology, da trilha sonora do filme "Yellow Submarine" sem aquela mistura que foi a de 1969 e também foi quando George se juntou com o amigo, apreciador de carros e o fundador e dono do Cirque du Soleil, Guy Laliberté, uma ideia de criarem um espetáculo em parceria com o grupo circense, estava tudo para dar certo, quando George falece vítima de um câncer em 29 de novembro de 2001 e mais um Beatle nos deixou às lágrimas. É quando Guy cede a ideia de um projeto de um espetáculo baseado nas músicas dos Beatles ao coreógrafo Dominic Champagne e isso esperou até ser aprovado em 2004, quando foi o momento de remixarem as músicas, tudo isso com a presença de George Martin na produção e de seu filho Giles na coordenação da mixagem das músicas. Foram dois anos de trabalho até que em 2006, foi lançado o CD com 26 temas, a maioria, enganchados, na verdade, foram 130 trechos de músicas utilizados especialmente para a trilha deste espetáculo misturando o legado musical do quarteto de Liverpool com as performances marcantes do Cirque du Soleil, que apresentou o espetáculo "Love" no dia 30 de junho de 2006, na casa de espetáculos Mirage, em Las Vegas, que tve a presença de Paul e Ringo, as viúvas Yoko Ono e Olivia Harrison, acompanhado de Julian Lennon e Dhani Harrison, filhos de John e de George, que se emocionaram no encontro da família Beatles desde que se separaram em 1970, até hoje é um dos mais vistos espetáculos do Cirque du Soleil e sempre lota a cada ano.

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