Um disco indispensável: The Magic Whip - Blur (Parlophone/Warner Music, 2015)

Em 12 anos, o Blur não lançava um material inédito com canções que nos remetessem aos anos 90, aos tempos em que o britpop trouxe uma potência forte para o público e com alguns shows realizados após o reencontro em 2009, os projetos de Damon Albarn, o homem de mil projetos fora o Blur (Gorillaz, The Good The Bad And The Queen e solo dentre outros) e com esse reencontro, trouxe de volta o velho Blur da década de 90 que marcou gerações com Coffee and TV (1999), Song 2 (1997), Chemichal World (1993), No Distance Left To Run (1999), Girls & Boys (1994) e The Universal (1995), considerada uma das melhores fases do grupo com Albarn de vocalista, Graham Coxon na guitarra depois de ter saído no começo das sessões de Think Tank em 2002 e substituído por Simon Tong, o ex-guitarrista do The Verve. Cinco anos depois do lançamento do único álbum sem Coxon, rola boatos sobre a volta do conjunto, tanto que em 2009, a banda fez um show em um dos maiores festivais de música do mundo, o de Glastonburry e outro no Hyde Park em Londres que colocaram de volta o grupo na boca do povo "Blur está de volta" era o que mais se dizia em jornais, revistas e sites especializados em músicas e no ano seguinte, lançaram uma música inédita, chamada Fool's Day, porém, ficou apenas na mente dos fãs uma possibilidade deles um dia lançarem um material inédito completo, já que o baixista Alex James se dedicava mais seu tempo como fazendeiro e produtor de queijos e o baterista Dave Rowntree tinha conseguido realizar o sonho de ser advogado e planejava conceber uma carreira política.
Em 2012, a banda recebeu uma homenagem no Britsh Awards pela contribuição pelo que eles fizeram pela música e ainda tocaram na premiação, além de lançarem mais duas faixas inéditas após o fim dos Jogos Olímpicos em Londres, chamadas Under The Westway e The Puritan, apresentadas no show de encerramento e lançadas no formato de single em vinil: eis que com os registros dos aquecimentos e do show de encerramento das Olimpíadas, surge Parklive e em 2013, a banda começaria mais uma turnê, que começou no famoso festival Vive Latino no México e ainda retornam para o Brasil depois de 14 anos da primeira aparição dos britânicos aqui no país, com quase 1500 pessoa num Metropolitan (hoje Credicard Hall) no RJ, que caberia mais de 6 mil pessoas e no Palace em SP (hoje, o Palace leva o nome de um banco que eu não me lembro bem) com performances fracas que não foram grandes, desta vez acabaram fazendo um show mais agitado no festival Planeta Terra em SP. Durante o período de maio de 2013, a banda acabou cancelando um show que seria num festival em Tóquio, no Japão e do nada, a banda fica 5 dias em Hong Kong e ficam nos estúdios Avon trabalhando em materiais para um possível álbum, o que já se era especulado há tempos e voltam a trabalhar no período de novembro de 2014 a janeiro de 2015 (este ano) nas gravações finais de seu mais recente álbum, depois de sete materiais de estúdio, enfim, o mais recente material com a antiga formação desde 1999. A arte do álbum mostra um sorvete no formato de neon e ideogramas em chinês 模糊魔鞭, que significa "chicote mágico" e o nome da banda Blur, concebido pelo diretor de arte Tony Hung, com base nas fotos tiradas durante a passagem da banda por Hong Kong e também foi Hung o responsável pela lyric-video (vídeo oficial com apenas a letra da música) do primeiro single do álbum, Go Out, lançado no dia 19 de fevereiro "O título do álbum, The Magic Whip, soa multifacético" e cobrindo o que se referiria a esses temas  "um sorvete inglês, fogos artificiais chineses e um chicote, no sentido político" com uma sensação mais crua para dar uma ideia de como era esse registro da reunião em Hong Kong, aonde a banda gravou o material rapidamente boa parte do material e que foi lançado mundialmente dia 27 de abril.
Pra começo de conversa, vou começando a falar aqui sobre Lonesome Street, a faixa que inicia o disco e mostra todo aquele astral de antigamente do grupo lá por volta de 1990 e tantos, uma pegada dançante que agrada a todos; na sequência tem New World Towers carrega influências de música africana, baseado no que Damon estava fazendo em seu material solo, Everyday Robots (2014) e com uma vibração bem triba; o tema Go Out, lançado no dia 19 de fevereiro, tem uma pegada daquelas bem típicas do Blur, com sintetizadores, batidas pop e mostra ser uma das melhores canções do álbum, em termos de letra e música; e em Ice Cream Man, a guitarra de Graham Coxon aqui segue soando perfeitíssima como nunca e a música mostra uma espécie de personagem daqueles de desenho com seu "chicote mágico"; enquanto em Thought I Was a Spaceman, também lembra um pouco também do Damon solo, algumas levadas bem mais eletrônicas retratando isolamento e solidão nos versos, mostrando que nós todos falhamos; porém o astral divertido indispensável na discografia do Blur aparece também em I Broadcast, com um ar bem eletrônico e que soa como aquele pop europeu mais anos 90 pros 2000 com referências aos anos 80 nos sintetizadores; a balada My Terracota Heart mostra aqui um grupo mais suavizante, mais leve e recheadas de efeito e com uma atmosfera soft-pop; em There Are Too Many Of Us, a levada de tambor de marcha com arranjos de cordas traz uma letra com muita reflexão, além de uma pegada bem viajante pelo efeito de wah-wah na guitarra; em Ghost Ship, com uma pegada meio de reggae e de ska, com naipe de metais e uma levada afro na percussão, mostrando mais uma vez a suavidade e o clima leve nas canções do grupo até na letra; enquanto em Pyongyang, uma batida tranquila, calma, aonde se retrata a solidão de uma forma lúdica e uma história fictícia dentro dela, além da atmosfera sonora bem mais atual, batidas sintetizantes; em Ong Ong, voltamos aos anos 90 nessa canção, o motivo é nos lembrar certas canções desse estilo mais alto-astral, com violão e riffs bolados como se pode ver nessa faixa e não pense que essa música tenha sido alguma sobra de álbuns como Modern Life is a Rubbish (1993), Parklife (1994), The Great Escape (1995), Blur (1997) ou 13 (1999) porque mesmo soando como uma canção típica do Blur dos anos 90, ela foi feita recentemente; já em Mirrorball, com uma coisa mais de balada acústica, suave, com orquestração de cordas e com uma letra bem refletiva, algo bem leve encerrando de vez este álbum que já está dando o que falar e indicado por mídia especializada em música como um dos possíveis candidatos a melhor álbum de 2015, será? Ainda restam meses, enquanto isso, a gente vai ouvindo e curtindo o novo material do quarteto britânico numa boa.
Set do disco:
1 - Lonesome Street (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
2 - New World Towers (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
3 - Go Out (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
4 - Ice Cream Man (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
5 - Thought I Was A Spaceman (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
6 - I Broadcast (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
7 - My Terracotta Heart (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
8 - There Are Too Many of Us (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
9 - Ghost Ship (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
10 - Pyongyang (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
11 - Ong Ong (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)
12 - Mirrorball (Damon Albarn/Graham Coxon/Alex James/Dave Rowntree)















Comentários

Mais vistos no blog