Temas Indispensáveis: Sunshine Of Your Love - Cream (1967)

 Estamos em 1967, época do movimento psicodélico e do flower-power e muito do que se fazia até então eram baladinhas pop sotisficadas, rocks com solos bem fáceis de imitar, tanto os acordes quanto a forma de tocar e também vocaizinhos que parecem ser jovens de 16 anos. A psicodelia acabou rompendo com todos esses padrões, com solos que chegam a demorar minutos para concluir, efeitos distorcentes que mostram o outro lado da sonoridade roqueira e levadas de bateria que contam com referências que vão do jazz aos ritmos africanos e que se pode até ouvir forte o som do baixo e uma das bandas que chegaram para abalar foi o power-trio Cream, formado por Jack Bruce no baixo e voz, Ginger Baker numa bateria de dois bumbos, algo que até então era raro  de se ver pois ele e Keith Moon, baterista do The Who, eram donos das mais invejosas baterias, com dois surdos e bumbos e um monte de pratos que completava o essencial da bateria, e por fim, o vocalista e guitarrista Eric Clapton (fez nessa segunda dia 30, 70 anos). Surgido em 1966, o Cream acabou estreando bem num álbum pela Reaction Records, intitulado "Fresh Cream" mas com pouco sucesso até então, e é que eles aproveitam que o mundo estava mais psicodélico, mais cheio de cores e decidiram apostar numa sonoridade mais viajante com suas influências do blues e também acabarem sendo a principal trilha sonora daqueles anos 1967 e 1968. Clapton, o que leva a ter o apelido de "Deus", é um verdadeiro guitarrista e de mão cheia, prova disso são vários de seus solos feitos em guitarras: nos anos 60, tocava qualquer Gibson e Rickenbacker, mas nos anos 70 optou por uma Fender Stratocaster como sua guitarra principal e segue sendo nos anos de hoje, na qual já tocou coisas como "Strange Brew", "Wonderful Tonight", "Layla", "Wild My Guitar Gently Weeps" (sim, aquela dos Beatles na qual dizem que ele gravou um solo de guitarra), "Cocaine", "I Shot the Sheriff", "Tears in Heaven", "Badge" e seu maior hino dos solos de guitarra, "Sunshine of Your Love", feito enquanto ainda era guitarrista e líder da banda Cream, lançado no LP "Disraeli Gears" do ano de 1967, considerado o ano da "revolução sonora" devido aos grandes discos feitos naquela época dourada dos anos 60 e a promoção de drogas livres, como o LSD em tempos de Verão do Amor. O grande festival de Woodstock só viria a acontecer dois anos depois, quando o flower-power e toda a onda psicodélica já estavam se desgastando com o passar dos anos e já em seus últimos grandiosos momentos, antes de um certo beatle dizer "The dream is over" (o sonho acabou) no início de 1970 e acordarmos de todos aqueles sonhos loucos.
Álbum "Disraeli Gears", da banda Cream e lançado
em novembro de 1967 pela Reaction Records.
O disco já é uma viagem por definitiva, mas o que marca mesmo é a música "Sunshine of Your Love", que não é à toa por ser um dos solos de guitarra mais fáceis do mundo. Em 2009, a VH1 elegeu como uma das "100 Maiores Canções do Hard Rock" e segundo alguns fãs ilustres de Cream e de Clapton em geral, o solo era impressionante mesmo de se tocar e ouvir numa boa. A música, com mais de 4 minutos mostra o poder da guitarra de Clapton, cantando e tocando para todos ouvirem com máxima atenção, desde a introdução até o final da música, com uma levada bem proto-metal aonde Ginger acelera o ritmo na bateria e Clapton encerra de vez na bateria. A música já foi executada várias vezes até a banda se separar definitivamente em 1969, depois de shows realizados em outubro de 1968 e se pensa que Clapton deixou de tocar um de seus maiores sucessos e solos de guitarra já concebidos pelo próprio, em shows como o  do Rock And Roll Hall of Fame, quando como Cream foi integrado em 1993 e em várias de suas performances no Crossroads Guitar Festival, organizado pelo próprio "Slowhand" para arrecadar fundos em benefício a instituições de caridade. O clássico do trio já ganhou versões como a de Ella Fitzgerald, Frank Zappa, Jimi Hendrix, Ozzy Osbourne, Santana e em 2005 saiu uma remix feita pelo grupo de house music The Hoxtons. Uma canção que, poeticamente e musicalmente, atrai ouvidos e ganha uma roupagem nova que vai do jazz ao rock n' roll e do blues à house music, e que segue marcando gerações e fãs do bom e velho rock and roll e dos solos de guitarra do agora setentão Eric Clapton.


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