Discografia Indispensável: The Police

O que apareceu de bandas ao redor do mundo nos anos 1980 dava para arquivar tudo em mais do que cinco iPods, encher uma biblioteca toda de CDs e de LPs só de bandas daquela década e em 10 ou 15 computadores cada banda, de A a Z. E uma dessas bandas que apareceu foi um trio inglês que tinha como referências o ska e o punk rock, que surgiu em 1976 quando o baterista Stewart Copeland, ex-baterista de uma banda progressiva chamada Curved Air assistiu ao show de uma banda de jazz-rock chamada Last Exit, e o baixista era um certo Gordon Michael Sumner, mais conhecido também como Sting e juntos planejaram formar um projeto, Sting já sabia que um dia o Last Exit seria dissolvido e com Stewart mais o guitarrista Henry Padovani, formaram um trio, e em 1977 já surgia o que viraria o grupo The Police. Lançaram em um compacto por uma gravadora independente, a Illegal Records com a música "Fall Out", que vendeu 70 mil cópias e isso era um absurdo para o mercado fonográfico britânico naquela época e esse compacto acabaria parando nas mãos de alguém que teria contato com a gravadora A&M Records e o grupo acabou assinando com a gravadora de vez, isso no comecinho de 1978, logo quando Andy Summers entra como guitarrista e, embora já tenham feito shows como quarteto, Padovani deixa o cargo e a formação acaba sendo de vez um trio definitivo, trio que duraria até 1985. Contratados por uma grande gravadora, a banda precisava de uma música para fazer sucesso no mundo inteiro, e o compacto com a música "Roxanne" era o necessário para estourarem de vez nas paradas, primeiro na Inglaterra, depois no resto da Europa e por fim, nos Estados Unidos, onde a banda fez uma turnê de verão, já que o álbum havia sido gravado em janeiro e março e só com "Roxanne", que não decolou de vez nas paradas e só em novembro, já com o álbum "Outlandos D'Amour" nas lojas, o grupo conseguiu arrebatar de vez o "Roxanne" e isso apenas em 1979, já com "Can't Stand Losing You", lançada também meses antes do álbum ser lançado naquela época. Enquanto o primeiro álbum apenas obtinha posições acima de 10º e 25º lugar, o grupo, aos poucos estava conseguindo o sucesso de forma rápida e Sting ganhava um tempinho atuando em filmes, dentre eles "Quadrophenia", baseado no álbum do The Who lançado em 1973, e depois em "Radio On". Sting conseguiu equilibrar o tempo entre as filmagens, o trio manteve um tempo para poderem gravar "Reggatta de Blanc", que quer dizer "reggae de branco", o álbum acabaria levando de vez o The Police no topo das paradas, desbancando então Billy Joel e grupos como Bee Gees, Fleetwood Mac e os ícones da efervescência disco, como Donna Summer, ABBA e até o vozeirão de Barry White, graças a "Message In a Bottle" e aos outros hits como "Walking on the Moon" e "Bring on The Night", que levaram ao The Police a encher arenas de vez e dar ao grupo chances de tocarem até mesmo na Tailândia, na Grécia, na Índia, no Egito e México.
O trio em estúdio, no ano de 1981, gravando o quarto álbum
"Ghost In The Machine", já mais pro pop do que para o reggae e pro ska,
da esquerda p/ a direita: Andy Summers, Sting e Stewart Copeland
A década de 1980 seria uma verdadeira "PoliceMania", pois por onde o grupo passava era uma euforia para conseguirem ver de perto Sting cantando para multidões ao redor do mundo e a Inglaterra já tinha caído desde 1979 na onda do grupo e agora quem estava fascinado pelo trio de loirinhos ingleses era o mundo todo: Japão, China, Europa, Estados Unidos e até o Brasil começou a descobrir o The Police, graças ao sucesso "Message In a Bottle", que dominava o topo das paradas e acabou virando influências para bandas futuras, dentre elas, Os Paralamas do Suceeso. No meio dessa "PoliceMania" em outubro de 1980, o terceiro álbum "Zenyattà Mondatta" acaba emplacando os dois maiores sucessos da banda "De Doo Doo Doo, De Da Da Da" e "Don't Stand So Close to Me", ambos com clipes que passaram incansavelmente nos primeiros tempos da MTV, canal de música que estreava em agosto do ano seguinte. O quarto álbum ganharia um fator que acabaria iniciando uma crise geral entre os integrantes: o esforço que estavam tendo, acabou dando um desgaste e as sessões de gravação foram registradas pela BBC para um programa de TV apresentado por Jools Holland, esse álbum era "Ghost in the Machine", sem o reggae e o ska, já soa um pouco mais punk e mais new-wave e parecia ser ainda o Police, mesmo que sem os pés na Jamaica (ou seja: sem o reggae como sonoridade principal desta vez), mas com muitos sucessos, dentre eles "Spirits in Material World", "Invisible Sun" e "Every Little Thing She Does Magic", que acabaram dominando de vez, embora haja mais sintetizadores e metais do que nos três álbuns anteriores. A banda acaba dando uma pausa, embora tenham recebido premiações e ganhado três Grammys e um Brit Awards por "Best Britsh Band" (Melhor Banda Britânica), Sting trabalha em seu primeiro material solo, o single "Spread A Little Happiness", que foi sucesso naquela época e o trio ainda fez seu primiro e único show no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no ginásio do Maracanãzinho nos dia 16 e 17 de fevereiro de 1982 com quase 20 músicas no set-list e em plena terça-feira de Carnaval brasileiro. Sting já havia se apaixondo de vez pelo Brasil e pelos direitos da Amazônia "Acho o Brasil uma maravilha de país, se eu pudesse, eu trocaria o frio europeu pelo calor tropical brasileiro" foi uma das frases ditas para repórteres naquela época ao ver o mar e o exotismo das matas esverdeadas e ainda conhecer os desfiles de carnaval, mais tarde conheceria tribos indígenas e saberia mais sobre Chico Mendes, o seringueiro do Acre que lutava pelo fim da exploração ilegal de madeira e da seringa, mais um motivo para Sting ser um exemplo de roqueiro ativista social que luta pelas causas do mundo, desde a Amazônia até a luta contra o forte consumo de carne (lembre-se que o Sting é vegetariano).
Reunidos em 2007, o trio se prepara para mais alguns shows que dariam um
gosto mais nostálgico pra quem viveu o final dos anos 70 e lá no
comecinho da década de 80: Stewart Copeland, Sting e Andy Summers
E eles retornam às atividades em 1983 com o multiplatinado "Synchronicity", mas sem o mesmo clima amigável de antes entre a banda: Sting, Copeland e Summers não se olhavam mais com as mesmas caras, como no início e o disco era baseado nos artigos sobre sincronicidade escritos por Carl Jung e com suavidades e presenças de sintetizadores em certas canções, como em "Synchronicity II", "Oh My God", "Wrapped Around Your Finger" e a balada "Every Breath You Take", que levara o Grammy de Melhor Performance Pop por um Duo ou Grupo e levou-os a serem eleitos pela revista americana Rolling Stone como "Melhor Banda do Ano" e isso bem no meio em que estavam num período de desentendimentos e uma crise, que originaria a separação definitiva em 1985, depois de relações desgastadas entre a banda e tentam mais uma vez se juntarem no ano seguinte para gravarem um disco, porém, as diferenças e as brigas seguiam e no meio disso, para não saírem trocando farpas, a banda decidiu parar de vez e acabam lançando uma coletânea sem nenhuma música inédita na época do Natal "Every Breath You Take: The Singles", a partir de então, cada um seguiria o seu rumo e os planos de uma reunião ficariam num futuro mais adiante. Já houve uma em 2003 apenas para três músicas, porém o grupo fez porque havia sido nomeado para o Rock and Roll Hall of Fame naquela época, a banda tinha duas coletâneas e um ao vivo lançado após a separação, intitulado "Live!" e alguns registros em vídeo de shows, porém, em 2007, os fãs poderiam juntar o dinheiro e correrem atrás dos ingressos para  os shows da banda ao redor do mundo, o Brasil também estaria nesse circuito de shows da banda. Dia 8 de dezembro de 2007, estádio do Maracanã: senhoras e tiozões que viveram os anos 80, jovens fãs de rock e da banda, além do Sting, viram um tremor quando o trio subiu ao palco pela primeira vez definitivo desde 1985, quando parecia que a banda não estava mais vivendo um bom momento e após os shows, a banda se despediu em Madrid na edição espanhola do Rock in Rio em 2008 para uma despedida definitiva. Copeland disse que a banda não se reuniria mais depois, pois já foi necessária uma reunião, dessa turnê de reunião foi originada um registro de um show em Buenos Aires no estádio do River Plate em dezembro de 2007 o álbum ao vivo "Certified", lançado quase um ano depois do show.
A banda conseguiu em cinco álbuns de estúdio, influenciar jovens músicos a também fazer sucesso, com referências que vão do ska e do jazz-rock ao pop e ao new-wave. Bandas latinas conseguiram fazer o que o Police fazia muito, dentre elas os argentinos do Soda Stereo, isso nos primeiros anos de banda e também aqui no Brasil o Police influenciou Os Paralamas do Sucesso, Skank: a primeira banda, por ter carregado fortes influências, chegaram a comparar os Paralamas com o Police, quase vistos como o Police brasileiro, mas só pararam com as comparações mesmo quando os Paralamas já haviam feito um álbum totalmente diferente, chamado "Selvagem?" em 1986. Uma discografia que vale a pena ouvir, todo o som suingado e cheio de muita coisa pra ouvir, desde a guitarra de Andy Summers até a bateria vibrante de Stu Copeland e a voz massacrante do Sting.


Outlandos D'Amour (A&M Records, 1978)
A estreia em disco da banda soa como um simples registro de uma megabanda. O que você não entender, eu explico e Sting explica tudo o que se pode entender: reggae, ska, feito por branquelos ingleses e de ótima qualidade. Logo ao ouvir "Next To You" e "So Lonely", conhecemos bem qual é a linguagem musical do grupo. Mas é com "Roxanne", que foi lançado como single meses antes do disco e só atingiu popularidade no começo de 1979, já buscando ótimos resultados nas paradas da Europa e na qual Sting falava sobre uma prostituta, após o próprio ter ido a um bairro de prostituição de Paris. Agora, se quiser seguir ouvindo o resto do disco, é muita coisa de importante para retratar os temas deste disco, basta seguir o ritmo das músicas e se surpreender a mil, tanto pelo ritmo de Copeland nas baquetas e pelos solos de Andy Summers, quanto pela voz de Sting e sua forma de tocar baixo, oriunda do jazz-rock. Na sequência, os temas que dão continuação ao disco são "Hole in My Life", "Peanut" e a inesquecível "Can't Stand Losing You", canção que todo mundo deve ter escutado namorando. Logo, ainda temos "Truth This Everybody" e um dos melhores momentos de Summer e seus magníficos solos de guitarra que qualquer um já pegou pra aprender e tocar numa guitarra e ainda há espaço para uma homenagem a quem nasceu no início do rock n' roll em "Born in the 50's" (exceção de Andy Summers, que nasceu em 1942) e com muito gás de sobra em "Be My Girl - Sally", uma dose diária de todo o romantismo que já é de costume nas canções mais suaves da banda, diga-se de passagem e o final com "Masoko Tanga", é quase uma instrumental, já que são poucos os versos entoados do grupo. O título original do disco era "Police Brutality", sugerido por Miles Copeland III, irmão do baterista, mas após ouvir a faixa "Roxanne", sugeriu um título mais ousado e daí veio "Outlandos D'Amour", que no inglês era "Outlaws of Love" (Bandidos do amor). Esta em 428º lugar na versão atual da lista dos "500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos" da revista Rolling Stone (sim, tenho a lista!) e em 434 na primeira versão, de 2003.



Reggatta de Blanc (A&M Records, 1979)
O ano de 1979 seria mesmo o ano do Police, porque já não basta terem conseguido tirar a onda da disco music das paradas britânicas com "Roxanne" no topo e "Can't Stand Losing You" conseguiram tirar o ABBA, os Bee Gees, Donna Summer e até mesmo o Fleetwood Mac das paradas americanas, ainda que a banda teria que passar por vários obstáculos, dentre eles, a crítica americana e ainda mais um público que ainda cheirava e sentia a disco music naqueles anos efeverscentes. Após a banda trabalhar em mais um disco, precisavam de mais do que dois sucessos neste segundo e perfeitíssimo disco e o título, no mesmo idioma do primeiro, seria mais uma coisa do Police mesmo. "Reggatta de Blanc" significa "reggae de branco" e era bem isso o que o Police fazia naqueles anos de vacas gordas, um som jamaicano e feito ainda por brancos ingleses, algo que já viria a acontecer naquela década, com o florescer da new-wave e do pós-punk e isso já é bem notável nos temas deste disco. O tema "Message in a Bottle" foi o que catapultou o grupo ao sucesso de vez, já conseguindo um status de hit e sem pretensões de algo tão impactante quanto os desânimos da disco music ou a agressividade e o lado mais cru do punk rock, é algo já mais pro pop rock, com pitadinhas de punk e de ska e sem tanta festividade, mas a faixa-título já carrega uma coisa bem "reggae de branco" e uma linha de base que nos remete ao jazz-rock, algo já mais peculiar com o que Sting fazia e ainda faz até hoje, um pouco de tudo. Os temas seguintes, "It's Alright For You" e "Bring On The Night" nasceram como greatest hits da banda, já em "Deathwish", com acordes massacrantes de guitarra tocados por Summers, já é de se notar que os versos são o suficiente para cobrir toda uma base quase instrumental, enquanto "Walking On The Moon" é a mais tocante canção do álbum, qualquer um já deve ter dançado nas festas de formatura ou até baladas essa música. Já em "Ony Another Day" e "The Bed's Too Big Without You", o lirismo poético segue de um jeito mais sotisficado, numa levada bem de reggae mesmo, com uma pegada bem mais pop, "Contact" já traz um balanço bem simples e é também um dos temas compostos por Copeland, autor também de "Does Everyone Stare", enquanto Sting fica só mesmo com "No Time This Time", uma canção que foi feita no meio da turnê de 1978, mas ganhou espaço nesse disco, com uma linha instrumental caprichada e uma levada bem pesada. Já pode se perceber que o disco é clássico, trazendo uma influência constante de reggae, ska e até de fusion, além de uma pegada do punk e está na lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos Os Tempos, da mesma Rolling Stone na posição de número 372.


Zenyattà Mondanna (A&M Records, 1980)
Até o início de 1980, o The Police já tinha conquistado fãs ao redor do mundo e conseguirem colocar duas músicas do álbum "Reggatta de Blanc", que já obtivera bons resultados nos Estados Unidos e levado o grupo para uma mega-turnê mundial por países como na Tailândia, na Grécia, na Índia, no Egito e no México e ganhado as capas de revistas musicais do mundo todo, e suas músicas "Roxanne", "Message in a Bottle", "Brig On The Night", "Walking On The Moon" e "Can't Stand Losing You" estavam na boca da galera, inclusive no Brasil, aonde músicos jovens tentavam aprender um pouco pelos solos de Andy Summers e aprendiam a tocar bateria como Stewart ou cantar coisas do tipo Sting (nota para acrescentar: Copeland também canta) e alguns grupos surgiram influenciados pelo trio, como Paralamas do Sucesso. Enquanto a "PoliceMania" dominava soberanamente no mundo, o trio começava a trablahar em mais um disco gravado em quatro semanas no estúdio e isso devido à turnê mundial que eles estavam realizando, o terceiro, intitulado "Zenyattà Mondana", que acabaria sendo mais outro disco com muitos greatest hits, começando pela faixa que inicia o disco, "Don't Stand So Close to Me", uma belíssima letra na qual envolve a paixão de uma jovem estudante por um professor, e este professor pede para que não se aproxime tão perto dela, foi a música que conseguiu posições máximas do Top 20 nas rádios e uma das músicas que o grupo teve como vídeoclipe na MTV quando surgiu em agosto do ano seguinte. Logo nas faixas seguintes do disco, como "Driven To Tears", "When The World Is Running Down, You Make The Best Of What's Still Around" (nome grande pacas) já mantêm o mesmo estilo de sempre, com algumas referências sonoras de fusion com uma pegada de ska e aquele "reggae de branco" que só eles conseguem fazer com perfeição, além da criatividade de Sting como compositor, também sem esquecer de "Canary in a Colamine, música feita durante esse agito da turnê e com base mais pesada que nos remete ao acelerado e cru punk rock, já "Voices In My Head" é prova de que um passeio à noite, um lado mais melancólico e sombrio pode dar uma impressão muito estranha, porém é uma canção maravilhosa, de levada pop com cara mais de anos 80 mesmo. Copeland ainda segue compondo e mostrando esse lado de colocar suas letras, o caso de "Bombs Aways", como se fosse a história de um soldado que participou de uma guerra (na verdade, se refere às invasões da União Soviética ao Afeganistão naquela época) e Sting cantando como uma história mesmo, mas de um jeito bem seu mesmo de dar voz às canções dos parceiros, outro ponto forte do disco é o hit "De Doo Doo Doo De Da Da Da", o que conseguiu trazer só delírio pro grupo, pois alcançou o 1º lugar nas paradas britânicas e conquistou o Top 10 da Billboard de vez, com o riff de Andy, e o refrão mais fácil de entoar, aqui no Brasil era "du du du du dá dá dá dá" (sem trocadilhos ou confundir qualquer coisa) e acabou sendo indispensável mais ainda no repertório dos shows e nas playlists da vida só com canções dos anos 80. Também não podemos esquecer da instrumental "Behind My Camel", composta por Summers e com base no jazz-rock, um reggae bem mais lento soando como um tema de filme de terror, já "Man in a Suitcase", um ska já mais pra cima e todo ao estilo new-wave também, enquanto "Shadows in the Rain" apresenta um vestígio de toda a suavidade na levada, com um pouco de piano na música e o final fica por conta da instrumental "The Other Way of Stopping", que encerra o disco como se fechasse os portões de um templo. O disco acabou sendo um tremendo sucesso, e o título foi uma mistura de palavras feita pela própria banda, com a expressão Zen misturando o nome de Jomo Kenyatta e o nome do jornal Le Monde com o do álbum anterior "Reggatta de Blanc" e aí sim virou o nome do clássico "Zenyattà Mondatta", o terceiro álbum do trio.


Ghost In The Machine (A&M Records, 1981)
A banda estava no seu momento mais apoteótico da carreira, com discos bem vendidos e muitos sucessos por disco, mas a partir das gravações do álbum seguinte, tudo mudaria de vez o rumo da banda devido às tensões internas, desde que surgiram em 1977. As gravações foram filmadas para um programa da emissora de televisão BBC e exibidos em um programa apresentado por Jools Holland e seria o primeiro disco que não contava com Nigel Gray na coprodução, ele trabalhava com a banda desde "Reggatta de Blanc" (1979) e trabalhou em "Zenyattà Mondatta", o segundo e último trabalho com sua assinatura na produção do disco. Foi chamado para a produção um jovem na área chamado Hugh Padgham, que trabalharia com a banda e já tinha uma sonoridade diferente, se desfazendo da vertente do ska e do reggae e já com uma levada mais pro pop-rock que se fazia naquela época, além de contar com a presença de sintetizadores e metais neste disco "Foi um disco muito trabalhado, passamos um tempo todo de 1981 fazendo o disco", relembra Andy Summers sobre a temporada de gravação. Mas foi o disco que conseguiu outro número de posições para o power trio, graças aos sucessos que conseguiram emplacar neste disco, como "Spirits In The Material World", tema que já retrata um amadurecimento na banda, já sem tanto clima de ska, porém com overdubs de teclados executados por Summer, além de "Every Little Thing She Does Is Magic", a canção que impactou o sucesso do disco, graças ao refrão e ao estilo pop que a banda acrescentou. Já em "Invisible Sun", na qual Sting proclama que não vai ficar o resto de sua vida como um soldado no Exército, uma possível crítica sobre o serviço militar, opção para os jovens naquela época; além do lado bilíngue  nas canções como "Hungry For You (J'Aurais Toujours Faim de Toi)", que traz metais pela primeira vez no disco da banda e um Sting afrancesado. Na sequência com "Demolition Man" e "Too Much Information", que mantêm-se na mesma sequência de teclados e base mais pop, enquanto a primeira acaba sendo a música mais longa do grupo com quase seis minutos de duração, e a segunda fala sobre o excesso de informação que leva a pessoa à loucura. "Re-humanize Yourself" e sua visão sobre as pessoas e seu modo de vida, com um pouquinho da levada de ska nesse lado bem mais pop e com um saxofone fazendo de sirene e uma levada punk; em "One World (Not Three)" ainda carrega essa levada, assim como "Omegaman", enquanto em "Secret Journey", um encontro com um sábio e acaba aprendendo muitas coisas e acabou sendo um verdadeiro tema por completo. Por fim, o tema "Darkness", que encerra com uma levada mais new-wave, com sintetizadores e composta inteiramente por Copeland, que seguia mostrando que é um ótimo compositor. O disco tem como título, baseado num livro de Arthur Koestler, intitulado "O Fantasma em uma Máquina" e a capa mostra símbolos representados por integrantes, ou seja Summers, Sting e Copeland num formato diferente pois não tinham como fazer uma foto comum. Está na posição de número 323 da lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos Os Tempos, da Rolling Stone.

Synchronicity (A&M Records, 1983)
Decidimos parar a discografia por aqui por 2 motivos: um porque não adianta colocar o "Every Breath You Take: The Singles" (1986) com a versão novas de "Don't Stand So Close to Me" feita especialmente para a coletânea, ou os álbum ao vivo "Live!" (1995) extraído de shows dos anos 80, e "Certifiable" (2008), gravado durante a turnê de reunião em dezembro de 2007 no estádio do River Plate em Buenos Aires porque não seriam assim, necessários demais, sempre a mesma coisa (óbvio). E outro porque na tentativa de colocar um desses, não ia adiantar quase nada, então decidimos encerrar com o último álbum completo em estúdio da banda, gravado após uma pausa em 1982, quando a banda já estava se desgastando de vez e as relações iriam se azedando mais ainda entre Sting, Summers e Copeland após o fim da turnê do álbum "Ghost in the Machine", que parou aqui no Brasil nos dias 16 e 17 de fevereiro de 1982 num ginásio do Maracanãzinho lotado por duas vezes e isso em pleno carnaval do Rio de Janeiro, cidade que recebeu os dois shows do trio. Sting lançou seu primeiro single como solo para trilha sonora de um filme enquanto Copeland lançava seu primeiro disco solo sob o pseudônimo de Klark Kent. A banda retorna aos trabalhos em estúdio, chama Hugh Padgham para a produção do quinto e último álbum da banda, que tem como referências desta vez os estudos da teoria da sincronicidade de Carl Jung e no livro "As Raízes da Coincidência" de Arthur Koestler, o mesmo que já havia influenciado o grupo a fazer "Ghost in the Machine", álbum anterior que obteve sucesso mundial e uma grande turnê. A faixa "Synchronicity I" é uma canção que parece ter sido feita com base no inconsciente coletivo, uma das outras tantas teorias de Jung, enquanto "Walking in Your Footsteps" lembra um pouco o Police dos primeiros discos, sem dizer da jazzística "O My God", feita com restos de canções jamais gravadas pelo grupo, já "Mother" traz um Andy Summers mais inspirativo como guitarrista, algo que nos lembre um pouco até Robert Fripp, com quem Summers já trabalhou, enquanto "Miss Gardeneko" fala de um romance envolvendo a burocracia comunista. Mas os temas seguintes são os que mais se superam em matéria de perfeição, como "Synchronicity II", marcada pelo efeito do feedback e pelo solo de guitarra de Summers, além de ter um dos melhores clipes que a banda já fez, mas o destaque fica para "Every Breath You Take", que assim como o resto do álbum, foi feito cada um em um canto diferente: Sting na sala de controle, Summers num estúdio atual e Copeland na "cozinha" e nas gravações desta música, Copeland e Sting foram na porrada e Padgham, para tentar acalmar a situação, chegou a ameaçar que deixaria de trabalhar com a banda, Sting ficou quieto trabalhando na música feita para a amada Trudie Styler (esta da qual estamos falando), na qual a suavidade e as cordas soam como uma balada pop, que teve até um clipe que fez muito sucesso na MTV e ainda faz para quem assiste via internet e levou o Grammy de Melhor Canção Pop Interpretado por Duo ou Grupo. Já "King of Pain", com um lirismo poético que nos leva a um imaginário bem de contos clássicos e um melodismo no arranjo instrumental, seguido de "Wrapped Around Your Fingers", com influências até mesmo de sons caribenhos e do synth-pop, além de um clipe mó macabro onde o trio está no meio de tantas velas e lembra aquelas igrejas ou rituais até (não me perguntem de quê, vão no YouTube e procurem o clipe pra tirarem suas dúvidas), e logo em "Tea in the Sahara", de atmosfera suave nos arranjos e uma levada que nos lembra um pouco bossa nova, tem influências de uma novela de Paul Bowles chamada "O Céu que nos Protege" e o som vai se diminuindo nos últimos segundos, mas somente nas edições de CD e fita cassete é que aparece "Murder by Numbers", um lado B de "Every Breath You Take" nos compactos, o último acorde encerra de vez com toda a magia do Police, que duraria até 1985 nos palcos, quando a banda já havia desbancado "Thriller" de Michael Jackson nas paradas, junto de "War" de uma banda até então pouco conhecida no mundo, chamada U2 e eleitos em 1984 como "Banda do Ano" pela Rolling Stone. Em 1986 alguns shows pra tentar reanimar, mas só 2007 e 2008 puderam dar mais chance aos fãs de sentirem o gostinho, depois não haveria mais.

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