Um disco indispensável: Almendra - Almendra, RCA Vik, 1969

O rock argentino, com a geração que estava surgindo com Manal, Pedro y Pablo – nomes artísticos de Miguel Cantilo e Jorge Durietz, Vox DeiLos Abuelos de La Nada, Pappo’s Blues, Litto Nebbia, Charly García (só apareceria em 1971 com o duo Sui Generis); trouxe uma das bandas que causou muito com seu grande disco “Almendra”, o primeiro grande grupo de Luis Alberto Spinetta, compositor, músico e artista de mão cheia. O grupo é uma fusão de três bandas: Los Sbirros, Los Larkings e Los Masters. A banda começou em 1967, mas no ano seguinte ao assinarem com o selo RCA Vik (uma das várias afiliadas da RCA Victor), lançaram o compacto “Tema de Pototo” e “El Mundo Entre las Manos” e foram os pioneiros do vídeo-clipe no início de 1969 com “Campos Verdes”. Depois de quatro compactos, entraram nos estúdios TNT em Buenos Aires para fazer o maior álbum da história. Teria impacto maior na Argentina assim como o primeiro álbum dos Mutantes teve no Brasil. Foi neste disco que saiu o sucesso de Spinetta como letrista, e isso se deve ao fato de lançar os maiores clássicos da música argentina como Muchacha Ojos de Papel, com uma levada folk-dylaniana que iniciava o disco, marcava o ápice de Luis Alberto e o coro soava como uma daquelas cançõezinhas pop acústicas que vemos raramente hoje; seguido por Color Humano, onde um solo de cinco minutos entra para a história e também é uma das que ultrapassa o limite de duração: uma música de nove minutos e dez segundos, deixando muita gente da velha guarda musical impressionada. Seguido de Figuración, que soava com influências de Salvador Dalí, junto da presença de Pappo nos coros. Ana no Duerme era uma criação genial de Spinetta que marcou um período de criatividade na poesia musical argentina, seguido por “La Balsa” composta por Litto Nebbia e Tanguito, interpretada pelo conjunto Los Gatos, e também, “La Marcha de La Bronca”, composta por Miguel Cantilo e Jorge Durietz, conhecidos como a dupla Pedro y Pablo. Plegaria Para un Niño Dormido foi um dos vários temas que trouxe uma história melancólica, pra baixo e bem delicado para cantar, já A Estos Hombres Tristes tinha o tipo de letra explicativa, meio falada em ares indiscretos ao longo da música, uma das poucas com duração longa do disco, perdendo para “Color Humano”. Que El Viento Borró Tus Manos e Laura Va, são os tipos de canções que sabem encerrar um belo disco, com Emilio Del Guercio tocando flauta na introdução de "Que El Viento Borró tus Manos" e o bandoneôn de Rodolfo Mederos na última. Esta mesma sonoridade, que teria grande repercussão mesmo antes do disco ser lançado em novembro de 1969 foi trazendo novidades mil sobre o disco e o sucesso que seria “Muchacha”, “Laura Va” e “Ana no Duerme”, com uma bela forma de apresentar o sucesso do rock argentino ao mundo. A capa, desenhada por Luis Alberto Spinetta foi rejeitada pelos executivos da RCA Vik, conforme o falecido fotógrafo Oscar Bony. A história foi que um dia, o próprio Bony saiu passando por Rodolfo García dizendo que não seria a capa de Spineta que iriam lançar e jogaram no lixo feito um bolo. Spinetta teve que redesenhar antes que fosse fabricado. Resultado? Um ano de 1970, cheio de shows e um disco duplo separaram-se no mesmo período após o tal disco duplo “Almendra II” em janeiro de 1971.
Set do disco:
1 - Muchacha Ojos de Papel (Luis Alberto Spinetta)
2 - Color Humano (Edelmiro Molinari)
3 - Figuración (Luis Alberto Spinetta)
4 - Ana No Duerme (Luis Alberto Spinetta)
5 - Fermín (Luis Alberto Spinetta)
6 - Plegaria para Un Niño Dormido (Luis Alberto Spinetta)
7 - A Estos Hombres Tristes (Luis Alberto Spinetta)
8 - Que El Viento Borró tus Manos (Emilio Del Guercio)
9 - Laura Va (Luis Alberto Spinetta)

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