Disco indispensável: Foreverly - Billie Joe Armstrong e Norah Jones, Reprise/Warner/2013

Billie Joe Armstrong, o sujeito que há mais de 25 anos, é o homem à frente do grupo de punk Green Day, que vendeu milhões de discos com o clássico Dookie (1994) e que, após três álbuns que não conseguiram ter impacto, o que só consegueriam com um disco chamado American Idiot (2004), num período difícil para a banda e os americanos que temiam o medo às bombas que atormentaram o mundo desde o 11 de setembro de 2001, quando muitos se sentiram um pouco desorientados com o poder de George W. Bush (Bush Jr.) e a declaração de guerra ao Iraque, na qual muitos americanos não puderam voltar pra casa sorrindo e orgulhosos, tal qual foi como em muitas outras históricas guerras. Billie Joe conseguiu ao lado de Mike Dirnt (baixo) e Tré Cool (bateria) se reconciliarem com o velho público com um disco politizado e serem destaques de 2004 e 2005 como "Três punks contra Bush", "o velho formato de disco temático reapareceu graças à American Idiot" e até "Green Day ataca Bush o chamando de idiota americano" etc. Mas em 2012, durante um concerto onde ele estava promovendo a trilogia ¡Uno! ¡Dos! ¡Tré! e surtou geral, precisou voltar do começo e fazer uma retomada em sua pessoa, ele confessou que se arrependeu de ter se viciado em remédios para ansiedade e para dormir; e teve que fazer vários tratamentos e evitar muito consumo de bebidas alcóolicas, o que deixou ele em estado de loucura e atacou um simples Justin Bieber com os piores palavrões. Já a mocinha Norah Jones, estava superando a morte do seu pai e lenda da música indiana Ravi Shankar (que apresentou muitas coisas da Índia a George Harrison, ainda como Beatle) e cancelando shows da turnê mostrando-se em estado de luto total na mídia. Ela já foi a premiada do Grammy com o premiado disco Come Away With Me (2002) graças ao sucesso "Don't Know Why" que também esteve na novela Mulheres Apaixonadas, teve um projeto chamado The Little Willies, em homenagem ao cantor country Willie Nelson, na qual tinha seu ex-namorado o baixista Lee Alexander e também o efêmero projeto El Madmo, que teve um único álbum em 2008. Os maias erraram sobre o fim do mundo, mas não previram que 2012 seria um ano difícil para Billie Joe e Norah: Billie perdendo a paciência durante um show em Las Vegas detonando tudo e Norah dispara um disco, anuncia turnê no Brasil mas é cancelado devido a perda de seu pai. O ano não estava fácil, eles se cruzaram no meio do caminho logo no início de 2013 para fazerem algo juntos e descobriram algo em comum: o apreciamento pelo country e pelos Everly Brothers (dupla de irmãos famosa no final dos anos 50 e começo dos 60) até que decidem se juntar em Nova York para gravarem um belo material juntos, um remake do disco Songs Our Daddy Taught Us (1958) mantendo fidelidade à forma antiga de fazer country como naqueles tempos dos pais deles, embora Ravi nunca tivesse vivido muito nos EUA até os anos 70. Começando por Roving Gambler, uma canção tradicional americana com direito a solo de gaita e a sutileza vocal de Billie Joe e Norah, que já era especialista em country desde o projeto The Little Willies. Já em Long Time Gone, mostra um alguém avisando à pessoa amada, sabendo que o traiu e deixou sozinho, anunciou que "vai chegar um dia que vai querer e que quando partir vai ficar muito tempo fora"; destacando o solo de guitarra arrepiante. Já a valsa Lighting Express, trata-se de um menino num trem que está sentado sozinho e com medo de o condutor do trem retirá-lo do trem por não ter bilhete, ele fala que está indo visitar o melhor amigo, o único que teve e está muito longe, sofrendo, esperando a morte o levar embora: na verdade era a mãe do menino. A valsa é tão emocionante que parece aquelas histórias tristes contadas, melancólicas que não se sabe se tem um final feliz. Agora, Silver Haired Daddy of Mine já é mais sobre um filho que recorda o pai com orgulho perdoando e pensando se Deus o concedesse o poder do filho voltar no tempo e corrigir os erros "Se eu pudesse apagar essas linhas do seu rosto e trazer de volta os seus dourados cabelos, um tom bem com pegada de country-rock dos anos 50. Enquanto Down in the Willow Garden é sobre um jovem que põe a culpa no dia em que conheceu uma garota que a matou em um jardim, já têm algo a ver com algumas das canções do disco: letras faladas, sobre os erros ou coisas que o pessoal têm passado na vida, típicas histórias do Velho Oeste. Enquanto Who's Gonna Shoe Your Pretty Little Feet? trata de um jovem que pergunta à sua amada quem irá calçar seus lindos pés, enluvar as suas mãos e beijar seus lábios vermelho-rubi,a resposta é que o pai calçará os pés, a mãe enluvará as mãos e o jovem namorado a beijára os lábios vermelho-rubi; já é uma letra mais delicada e não tão dramática. Os dois continuam se aperfeiçoando no remake do álbum com a mais conhecida Oh So Many Years, onde um jovem (de novo!) retrata todos os anos que amou uma garota e pensando em tantas coisas pelas quais passaram juntos e espera um dia se reencontrar ao lado de sua amada; com piano mais pra cima e um som típico dos, eles não passaram batidos. O violino melódico e triste em Barbara Allen mostra que esta canção fala de um homem que morreu por um amor não-correspondidoo pela moça que leva o nome da música, e é nessa música que Billie ataca como solista em certos versos e na maioria com a ajuda de Norah. Não é necessário falar de uma canção meio refletiva como Rockin' Alone (In An Old Rockin' Chair), onde o piano já é mais delicado e melancólico e se vê uma história linda de um homem balançando sozinho em uma cadeira de balanço vendo uma velha mãe que depois de tanto trabalhar, é malvista mas pelo menos o homem a vê como uma boa pessoa e carregar como uma cruz que é mais do que sua parte. Norah capricha como solista como foi em I'm Here to Get My Baby Out of Jail, onde uma senhora grisalha  espera o filho sair da cadeia e vê-lo livre, mas quando vai revê-lo, ela morre diante de seu filho mas com orgulho de conseguir reencontrá-lo. Os dois cantam com orgulho sobre Kentucky, que nos lembra um pouco a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias: o protagonista da música e eu-lírico fala com orgulho e saudade de Kentucky e prevê que vai voltar para sua doce terra e morrer definitivamente lá; destaque ao solo de pedal steel guitar e para a harmonia vocal na forma como eles falam com saudade. O encerramento do disco, com Put My Little Shoes Away na qual trata de um garoto já adolescente falando à sua mãe que irá embora, tema na qual o piano melódico ataca novamente e as vozes de Billie e Norah conseguiram expressar com um tom bem simples e clássico.
Disco bom, conseguiram fazer algo parecido com o original, apesar do disco de 1958 ter menos duração que este, Billie Joe encontrou uma bela parceira para reviver os anos dourados e clássicos dos irmãos Don e Phil Everly, que morreu no dia 3 de janeiro recente e após a sua morte, o álbum chegou a 19ª posição dos 200 discos mais vendidos da semana na Billboard americana.
Set do disco:
1 - Roving Gambler (Traditional)
2 - Long Time Gone (Frank Hartford/Tex Ritter/Traditional)
3 - Lighting Express (Bradley Kincaid)
4 - Silver Haired Daddy of Mine (Gene Autry/Jimmy Long)
5 - Down in the Willow Garden (Charlie Monroe/Traditional)
6 - Who's Gonna Shoe in Your Little Pretty Feet? (Traditional)
7 - Oh So Many Years (Frankie Bailes)
8 - Barbara Allen (Traditional/Susan Urban)
9 - Rockin' Alone (In An Old Rockin' Chair) (Bob Miller)
10 - I'm Here to Get My Baby Out of Jail (Karl Davis/Hart Taylor)
11 - Kentucky (Karl Davis)
12 - Put my Little Shoes Away (Samuel N. Mitchell/Charles E. Pratt)





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