Goodbye Yellow Brick Road - Elton John (DJM Records/MCA, 1973)

Um conto de fadas é sempre iniciado com um "era uma vez" e termina definitivamente com "felizes para sempre" ou não, o conto de fadas que irei contar aqui soa um pouco dramático e termina do melhor jeito, com esse tal "felizes para sempre" que não deixa nenhum vestígio tão preocupante demais.  Era uma vez, nos dourados anos 70 movido a rock progressivo, um pouco de psicodelia e de grooves balançantes do soul/R&B e do funk, um jovem rapaz chamado Reginald Kenneth Dwight, um inglês nascido em Pinner no 25 de março de 1947, quando menino, tinha uma relação mais acercada da mãe Sheila Eileen, pois o pai Stanley Dwight vivia muito fora de casa, era piloto da Força Aérea Real britânica, porém, era um fascinante admirador de jazz e foi através dos discos do pai e de um piano dentro de casa que Reginald pega o gosto pela música. Porém, sendo um menino muito diferente dos outros, Stanley não via com bons olhos a personalidade do garoto, tanto que a relação entre eles era muito distanciada pelos preconceitos. O tempo passou, Sheila decidiu separar-se e trocou o pai de Reg ou Reggie por um outro homem chamado Fred Farebrother, mas, mesmo assim, até com a mãe a conexão familiar era muito diferente da que se viu na cinebiografia Rocketman (2019) de Dexter Fletcher. O tempo passou, com o incentivo de sua avó Ivy, Reggie entrou para a Royal Academy of Music onde ganhou uma bolsa de estudos aos 11 anos, depois caiu de cabeça no rock 'n roll como muitos jovens britânicos após ouvirem Elvis Presley, Bill Halley, Chuck Berry, Little Richard, Fats Domino e Buddy Holly - assim foi com Lennon e McCartney, Jagger e Richards, Ray e Dave Davies por aí vai. Com isso, já adulto, integra o conjunto Bluesology, e já usando o nome Reg Dwight ou Reggie, e em 1967 inicia seu projeto de se tornar uma estrela do rock and roll - nasce ali sua jornada a solo, mas decide trocar seu nome, de Reg Dwight para Elton John - o nome veio de um colega da Bluesology chamado Elton Dean e era o saxofonista, enquanto o sobrenome veio do seu mentor de muitos anos, John Baldry (1941-2005), outro conhecido dos tempos da mesma. Ao piano, onde ele concebia a parte melodia, nada mais justo que um parceiro musical para lhes completar com a letra: Bernard, ou melhor, Bernie Taupin trouxe de vez a poesia que faltava às canções de Elton - que, em seguida, conseguiu seu primeiro contrato definitivo com a DJM Records. DJM é a sigla para Dick James Music, e, foi editora musical dos Beatles nos primeiros anos, com esta gravadora, Elton fizera ali seus primeiros álbuns de 1969 até 1976 - sua estreia (já faz 50 anos neste 2019) foi através de Empty Sky, que é um LP mediano na sua discografia, trouxe ali o seu primeiro sucesso intitulado Skyline Pigeon, embora só tenha feito a América através do seu 2º trabalho que levava seu nome - ali sim foi a aclamação definitiva no mundo inteiro, sua Your Song (principal single deste disco) fez um grande sucesso, e isto o levou para sua primeira grande tournée mundo afora - todos os seus concertos começaram a atrair multidões,  como em Los Angeles, onde foi a sua consagração ao apresentar-se na lendária casa de espetáculos Troubadour no dia 25 de agosto, logo após assinar com a MCA Records na terra-mãe do rock - depois daquele recital, não se falava em outra coisa a não ser naquele rapaz loiro com um visual irreverente e sempre com óculos diferentes - esse acabou sendo o seu diferencial, o estilo de se vestir e a sua voz mostrava seu perfil - um homem que mostrava ser quem realmente era, gay assumido, levantador ferrenho da bandeira LGBT e um filantropo que ajuda causas muito nobres, fora que é um muy amigo da Família Real inglesa. 
Em palco, sempre mostrando seu talento e irreverência: esta
foto foi durante seu célebre recital no Hammersmith Odeon
em fins de 1973, meses após lançar seu sétimo LP e o primeiro duplo.
Ao fazer uma apresentação ao vivo para um programa de rádio em New York, mal passava na cabeça dele, do produtor Gus Dudgeon que, alguns destes ao vivo que eram lançados em bootlegs, poderia ser lançado oficialmente, e foi, com a data do show 17-11-70, editada no mesmo ano em que era lançado nos EUA o álbum americano Tumbleweed Connection (1970), a trilha sonora feita para o filme Friends (1971) e o sensacional Madman Across The Water, gravado nos lendários estúdios Trident, onde foram feitos os três álbuns seguintes ao Empty Sky, e onde seguiu sendo gravados outros trabalhos posteriormente. A partir de 1972, duas mudanças importantes vieram a acontecer em seus discos - antes, uma espécie de Elton John Trio, tendo o baixista Dee Murray (1946-1992) e o baterista Nigel Olsson, o duo de apoio do nosso pianista contaria com o guitarrista Davey Johnstone, com apenas 20 anos, e, dos estúdios ingleses, para os franceses: o Strawberry Studios era no lendário Château D'Hérouville, um casarão antigo do século 18 situado em Hérouville, e ali foram gravados álbuns de David Bowie, Bee Gees, T-Rex, Cat Stevens, Pink Floyd mais os portugueses José Afonso - este fez Cantigas do Maio em 1971, a obra-prima da música portuguesa, José Mário Branco e Sérgio Godinho, agora era a hora e a vez de Elton fazer ali naquele velho casarão cheio de sons e histórias, e ali registrou uma série de três bolachões importantes, podemos chamar de A Trilogia de Hérouville - que começa na célebre Honky Château, o álbum que não só presenteou a gente com Honky Cat, o single que não foi Hercules, e seu maior clássico de sua carreira, indispensável no repertório de muitos fãs - Rocket Man (I Think It's Gonna Be a Long Time), a belíssima balada de 4 minutos e 45 segundos que o colocou de vez no rol dos maiores nomes da música através da história do astronauta ligado à Marte com saudades de casa, conquistou mundo afora e saltou feito um foguete para o topo das paradas. Um mês após o lançamento de Honky Château, voltam a Hérouville para gravar o sexto disco de estúdio - no meio disto tudo, a Eltonmania foi bombardeando revistas, programas de TV, shows entre outras coisas mais até atingir o momento de fazer um concerto para a Família Real, o famoso Royal Variety Performance, atraindo uma audiência enorme, e um sucesso impressionante. O segundo álbum dessa chamada Trilogia de Hérouville, tinha um título bem irônico, mas também curioso, pois veio de uma brincadeira entre John e o saudoso comediante estadunidense Groucho Marx (1890-1977), de um encontro de dois nomes especialistas em irreverência, e de um filme de François Truffat chamado Shoot the Piano Player (Atire no Pianista) com o célebre nome de Don't Shoot Me I'm Only The Piano Player editado em 22 de janeiro de 1973 - outro grande sucesso que não fez feio, mantendo a essência dos arranjos e do perfeccionismo sonoro de sempre, destacando aqui Daniel, onde canta a história de um cara que volta à sua pequena cidade no Texas após servir à pátria americana na Guerra do Vietnã e recebido como herói, mas que só queria voltar pra casa, pra sua fazenda e ter uma vida normal como tinha antes - uma canção realista sobre os soldados que terminavam sua jornada na Guerra do Vietnã, que estava perto de seu fim. O outro tema de sucesso de Don't Shoot Me I'm Only The Piano Player era a embalante e divertida Crocodile Rock, que não nos decepcionava no seu repertório e com forte influência dos anos 50 e 60, a considerada época de ouro dos primórdios do rock - com um quê do glam rock, o movimento da onda na época, com seus brilhos, glitteres e toda uma imagem fortemente andrógina nos shows e na imagem dos seus representantes, que tinham além de Elton como represntante, bandas como Slade, Mott The Hopple, Roxy Music, o camaleônico David Bowie, Alice Cooper, Lou Reed e Marc Bolan à frente do T-Rex. Elton manteve ao longo dos anos 70 sua imagem de artista performático, com seus looks bafônicos dando uma visão de que sua androginia nessa fase era mais ousada.
Elton em sua melhor companhia, o piano, de onde nasceu tantas
melodias para os versos de Taupin. (Foto: Terry O'Neill)
Janeiro de 1973, aeroporto de Kingston, capital da Jamaica: Elton e Bernie descem do avião em solo jamaicano com a missão de fazerem nascer um novo projeto que converteria-se num célebre álbum, hospedam-se no hotel Pink Flamingo e pretendem conceber o novo disco no mesmo Dynamic Sound Studios onde antes o conjunto musical Rolling Stones estava a produzir nesse célebre recinto sonoro o seu próximo trabalho intitulado Goats Head Soup, lançado em agosto do mesmo ano. Parecia tudo estar às mil maravilhas no começo da jornada, mas, foi preciso começar as sessões iniciais, com o uso de um sistema de som alugado e o piano com o qual Elton passou dificuldades, e, para atrapalhar mais ainda o processo de criação, os funcionários do estúdio estavam em greve, o que fez Bernie e John cruzarem por um piquete para entrar e não foi muito agradável - com o equipamento de som quebrado, os técnicos disseram a eles que consertariam no dia seguinte, mas, para eles isso duraria dias no Caribe, semanas a mais, ou até meses. E tempo era o que eles não queriam mais perder - a violência política local mais a pobre economia jamaicana e uma luta entre Joe Frazier e George Foreman que parou a cidade foram mais outros fatores que ajudaram a desistir do calor jamaicano, mesmo assim, tinham material pra mais de um disco só. Desistir? Que nada. Ao invés de perderem tempo na terra do reggae, gênero que começou a ficar em evidência naquele ano graças a Catch a Fire, o emblemático e impressionante álbum de um grupo chamado The Wailers, liderado por um rapaz chamado Bob Marley, que era o principal destaque daquele conjunto, a mudança acabou sendo para um lugar bem familiar. Foi preciso lembrarem de Hérouville para que decidissem voltar ao bom e confortável estúdio no casarão, onde foram feitos dois LPs anteriores, e novamente com Gus na produção e o megatrio Johnstone, Murray e Olsson na base sonora, com a presença de alguns músicos. O material que juntaram continha 22 canções, sobraram 18, e inicialmente tinha o nome provisório de Vodka and Tonic, depois tornou-se Silent Movies, Talking Pictures - porém, em maio de 1973, o que estava sendo gravado nas terras francesas era a sua primordial obra de arte Goodbye Yellow Brick Road, editada no dia 5 de outubro. Este trabalho não seria novamente um disco simples, mas duplo - o primeiro conteúdo dele com 2 discos, e uma das mais emblemáticas capas, uma ilustração de Ian Beck na qual vemos o nosso Rocket Man de jaqueta rosa, calça branca, sapato vermelho de salto alto caminhando rumo ao mundo fantasioso na estrada de tijolos amarelos (referência ao clássico da literatura e do cinema O Mágico de Oz) e na contracapa um cartaz do cantor destacando as músicas mais a lista de canções ficha técnica, abaixo do cartaz um ursinho de pelúcia sentado na calçada, e um encarte com uma arte brilhante - diversos desenhos acompanhando cada letra da canção e, ao final, fotos de Taupin e John mais o trio de base como se estivesse apresentando mais uma vez cada participante do projeto.
E vamos direto para a primeira parte do LP: aqui nós temos uma sequência muito marcada pela forte essência de rock progessivo, misturada de música clássica pelos acordes do piano e sintetizador, esta é Funeral For A Friend - que, como diz o título, ideal para ser executada em funerais e, que após seis minutos, converte-se em Love Lies Bleeding, a história de um astro do rock que vê seu amor morrer, prevendo que algum dia, esse mesmo voltará - inicialmente, essa peça sonora de 11 minutos não foi planejada para ser uma só, mas acabou sendo; em seguida, nós temos a mais bela canção desse repertório presente na primeira parte do disco intitulada Candle in The Wind, que é uma canção dedicada a uma das maiores atrizes e personalidades do cinema do século XX, Marilyn Monroe (1926-1962), tanto que na frase inicial "Goodbye Norma Jean" ele cita o nome verdadeiro dela, Norma Jean Baker, fazendo uma visão crônica de sua ascensão até a trágica morte em agosto de 1962 - com uma bela base sonora complementando o piano, o baixo de Murray dá um toque bem preciso, assim como os vocais presentes do trio ao lado de Elton, e menos de 25 anos depois, ganhou uma nova releitura após a morte de Diana Spencer, a Lady Di, morta em um acidente de carro em fins de setembro de 1997, e cuja canção foi executada em seu funeral; na sequência, enxertos de aplausos e um toque simples do piano dão a deixa inicial para Bennie And The Jets, sendo esta de atmosfera sonora totalmente glam-rock e que mistura R&B com rock dos anos 50, um pouco mais lento, é a narrativa de uma banda fictícia do qual John seria fã, mas, segundo Taupin, seria também uma sátira à indústria musical, o refrão contagioso e a levada suave de rock fazem a diferença, acrescentada de uma camada de sintetizador ARP executado aqui por David Hentschel, e mesmo com aplausos fake, dá pra reouvir e notar que soa como se fosse uma música ao vivo muito bem gravada, e é o grande destaque do LP junto das duas faixas (ou três) anteriores; fazendo breves referências ao mundo surreal e fantasioso do famoso livro de L. Frank Baum (1856-1919) publicado em 1900, logo O Mágico de Oz, cuja adaptação cinematográfica de 1939 ajudou a inspirar a canção Goodbye Yellow Brick Road, o problema é que Taupin nunca viu a obra cinematográfica protagonizada por Judy Garland, e a tal estrada de blocos amarelos era esse mundo dos luxos, do glamour do qual o letrista jamais queria viver, era uma espécie de mensagem para si próprio e seu mais famoso parceiro - se o piano já é o grande destaque sonoro, imagine a parte que sempre encerra o refrão com os vocais harmoniosos, soa como anjos descendo dos céus para anunciar as boas novas de Deus, ou algo similar; depois desse canto autobiográfico com tons de fantasia, temos aqui um momento Elton tocando tudo (pianos acústico e elétrico, Mellotron e órgão Farfisa) em This Song Has No Title, a mais curta faixa deste álbum, ele demonstra se sentir livre, quer experimentar o lado mais selvagem da vida e começa inocente nos versos, mas depois sente que tem a habilidade de observar claramente o mundo e viver a vida de forma indireta, e ele manda muito bem nos instrumentos, provando que, com ou sem banda, ele arrasa nas canções; e a banda volta com tudo na próxima música, que faz essa ligação com o mundo dos animais através de Grey Seal, que ganhou um impacto quando estes mamíferos estavam correndo o risco de extinção e um projeto de lei que ajudava a preservar os animais foi aprovado após este, mas o futuro dos animais ainda é precário ao que se sabe; adiante, a dupla solta um reggae debochado surgido no meio da fracassada temporada de criação e pré-produção do álbum na célebre ilha caribenha, e a dupla ironicamente em Jamaica Jerk-Off fazia uma brincadeira sobre uma "homenagem" para o país, mas também sobre se divertir naquele local com um clima tropical - no encarte, eles brincam até nos pseudônimos, Reggae Dwight e Toots Taupin - a levada bem no melhor estilo ska e calipso, faz jus às origens do ritmo e foge um pouco da sonoridade principal do álbum; fechando o primeiro disco, ainda temos uma viagem ao universo da sétima arte novamente, mas desta vez usa mais as metáforas em I've Seen That Movie Too, visto como uma balada dolorosa sobre quem foi abandonado recentemente por um amor nos seus menos de seis minutos de execução, e fazendo no refrão uma possível referência a uma canção de Bob Dylan e Joan Baez chamada Love is Just a Four-Letter Word, e um destaque nessas audições é da base sonora ainda ajuda muito no tom que a canção precisa para funcionar.
Ao lado do engenheiro David Hentschel, gravando em Hérouville: a
decepcionante passagem pela Jamaica optou por gravar no conforto
do célebre casarão francês novamente.
E já direto na parte 2, o álbum traz uma continuação incrível de sucessos atrás de sucessos, pois, esse álbum é um belo conjunto de grandes sucessos presente por aqui, e Sweet Painted Lady transforma o que soa como uma história sobre marinheiros que estão no porto, e vão para um bordel curtir a noite ao lado de belas damas sem pagar para passar a noite com estas, o toque suave da base ajuda até nesse clímax; em diante, vamos ouvindo outra das histórias com personagens criadas por Bernie e cantadas pela tia Elton: estamos falando sobre The Ballad of Danny Bailey (1909-34), a narrativa de um jovem gângster assassinado por um punk armado, em tempos de Grande Depressão vivenciada pela América pós-crise de 1929, e seu personagem é visto como um herói imortalizado, o piano dá tons que nos remetem aos anos 50 de Jerry Lee Lewis, Little Richard e Fats Domino, quase uma espécie de doo-wop acelerado, possivelmente; em seguida, outra criação brilhante da dupla que não nos decepciona, desta vez, usando um pouco de sincericídio ao seu estilo para cima das mulheres nos versos de Dirty Little Girl, onde ele manda na cara algumas verdades a um tipo de mulher que parece não se importar com a vida, e ameaça botar chumbo nas calças dela toda vez que passar por sua casa - parece ironia ou deboche, mas é, no melhor estilo dos dois, uma balada com uma forte pegada roqueira e a guitarra de Johnstone mandando ver ao lado do piano, um dos seus grandes momentos como instrumentista neste LP; na próxima música, temos um rock mais empolgante pelo ritmo e dando um astral mais forte, aqui eles mandam uma história de lesbianismo em All The Girls Love Alice, na qual Reg (êpa!) quebra o tabu em uma época em que haviam poucas canções sobre namoro entre mulheres, e a base sonora soa bem rock 'n roll no melhor estilo glam proporcionado à época; como podemos notar em determinadas canções do LP, há um quê dos primórdios do rock lá dos anos 1950, com uma dosagem de rejuvenescimento dos anos 50 e Your Sister Can't Twist (But She Can Rock 'N Roll) faz essa ponte de ligação com as raízes e com a presença de órgão Farfisa, às vezes soa como uma releitura desses dourados anos 50 de puro rockabilly, na qual o eu-lírico faz uma observação ao amigo sobre sua irmã de 16 anos que não consegue dançar o twist, mas o outro gênero, e funciona muito; adiante, com a parte mais roqueira presente neste restante do álbum, temos aqui um tema que se destaca muito no repertório do disco e seu conjunto da obra, estamos falando de Saturday Night's Alright For Fighting narrando uma jornada na vida de um adolescente ou adulto que curte seu sábado à noite entre parceiros num pub bebendo todas e partir pra porrada, e porrada é a sonoridade que garante o destaque da faixa, um rockão de peso dando mais foco à guitarra de Davey, o que é bom, pois o piano soa quase como uma espinha dorsal da sonoridade ao lado do baixo de Dee e da bateria de Nigel - goleada pra dentro da trave, jogo quase ganho; a suavidade e a beleza sonora que sempre rondaram as canções voltam depois de uma chacoalhada roqueira, e desta vez, sobra tempo para falar sobre o escapismo da televisão e a fuga da monotonia através de Roy Rogers, sim, a canção leva o famoso nome do caubói cantor dos anos 30 e 40, e Taupin buscava descobrir a cultura norte-americana e estar apaixonado quando fez os versos desta, que traz um lindo arranjo de cordas feito por Del Newman e que nos deixa enamorados por esta; na sequência, ele ainda dá a deixa para fazer uma brincadeira com frases em uma canção que inicia-se em fade baixinho e vai crescendo aos poucos em Social Disease, que, dito inicialmente, uma canção cheia de trocadilhos e marcada pela forte influência da música country estadunidense, e mesmo que a tal enfermidade seja mais as DSTs como gonorreia, e a doença social aqui retratada por Taupin é o vício em álcool na qual muitas pessoas considerariam parasitas para a sociedade, e o impressionante é como soa como uma crítica direta; encerrando definitivamente o álbum, nós contamos aqui com uma bela balada deste duo de gênios do pop, logo refiro-me a Harmony que carrega essa sutileza de sempre, e não decepciona de vez na hora de tentar abrir o jogo sobre o retorno de um amor perdido, e esse hit ajuda a encerrar com primor esta bela obra-prima do rock setentista e da música em geral. E esse conto de fadas real, teve seu final bem resolvido com tudo dando certo.
SET DO DISCO 1:
O disco foi a forma do pianista atingir seu ápice não somente como cantor, mas também como o fenômeno best-seller da música - com o enorme sucesso deste álbum, vendendo mundialmente mais de 30 milhões de cópias pelo mundo - ou seja, um dos mais vendidos da história da música e colocando ele entre os grandes vendedores de disco da época. Aqui, no Brasil, fez um enorme sucesso também, porém, ao invés de sair igual à edição original, o disco saiu pela então distribuidora Young (selo da RGE Discos) com 11 músicas e raramente se encontra alguma versão do completo em vinil, mesmo sendo importado. Ele já fez apresentações interpretando o clássico na íntegra e fez na tour de despedida uma brincadeira com o nome do seu maior legado, Farewell Yellow Brick Road, ou seja, era sua última vez e fechando o ciclo no começo de agosto de 2019. Mas, quem diria que seu LP não seria esquecido pelas listas? Só de saber que, ao longo dos anos, figura entre os mais importantes da história - a própria Rolling Stone deu a este disco a posição de nº 91 na famosa e indispensável lista dos 500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos, e conquistou também pela mesma revista a 33ª posição na lista de 100 Maiores Álbuns dos Anos 70, incrível mesmo. Aparece também na famosa e quase onipresente lista dos 1001 Álbuns Para Ouvir Antes de Morrer, mostrando o como ele influenciou no cenário pop e ditando as regras, agora que ele prefira mais curtir a vida como ele precisava depois de anos na estrada fazendo música e levando esta para multidões. 
1 - Funeral For A Friend/Love Lies Bleeding (Elton John/Bernie Taupin)
2 - Candle in The Wind (Elton John/Bernie Taupin)
3-  Bennie And The Jets (Elton John/Bernie Taupin)
4 - Goodbye Yellow Brick Road (Elton John/Bernie Taupin)
5 - This Song Has No Title (Elton John/Bernie Taupin)
6 - Grey Seal (Elton John/Bernie Taupin)
7 - Jamaica Jerk-Off (Elton John/Bernie Taupin)
8 - I've Seen That Movie Too (Elton John/Bernie Taupin)
SET DO DISCO 2:
9 - Sweet Painted Lady (Elton John/Bernie Taupin)
10 - The Ballad of Danny Bailey (1909-34) (Elton John/Bernie Taupin)
11 - Dirty Little Girl (Elton John/Bernie Taupin)
12 - All The Girls Love Alice(Elton John/Bernie Taupin)
13 - Your Sister Can't Twist (But She Can Rock 'N Roll) (Elton John/Bernie Taupin)
14 - Saturday Night's Alright For Fighting (Elton John/Bernie Taupin)
15 - Roy Rogers (Elton John/Bernie Taupin)
16 - Social Disease (Elton John/Bernie Taupin)
17 - Harmony (Elton John/Bernie Taupin)

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