Top 10 Indispensável: Especial 1967
No
calor dos acontecimentos, o ano de 1967 acabou se transformando em um ano que
nunca terminou. Segundo o grande Nelson Motta, foi um ano em que aconteceram
grandes fatos na história em geral, seja no lado político ou cultural. Em
janeiro, o regime militar brasileiro anunciou uma nova Constituição, uma banda
da Califórnia estourou rapidamente com seu disco de estreia feito virais da
internet (esta banda era o The Doors), o cantor italiano Luigi Tenco cometeu
suicídio após ser desclassificado no festival de Sanremo e 3 astronautas
morreram em um incêndio na nave Apollo I. Fevereiro: surgiu o cruzeiro novo, a
Indonésia entregou-se ao ditador Suharto, Mick Jagger e Keith Richards se viram
encrencados ao saberem que estavam acusados de porte de drogas e os Beatles
lançaram o compacto com “Strawberry Fields Forever” e “Penny Lane”, embriões de
um grande disco. Março: com o auge do regime militar, notou-se que as fardas se
mantinham em pé no poder, só mudavam de corpo: de Humberto de Alencar Castello
Branco para Arthur da Costa e Silva, a cidade de New York resistiu à loucura da
banda The Who e a cidade paulista de Caraguatuba sofreu enchentes e
deslizamentos de água – uma das maiores catástrofes da história do estado. E
naquele mesmo mês, as lojas receberam um disco estranho, com um fundo branco e
uma ilustração de uma banana que, se ver mais perto, havia os dizeres de “peel
slowly and see” (descasque suavemente e veja) e era uma banana descascada toda
rosa. Era o álbum do The Velvet Underground, com a presença da cantora alemã
Nico e esse disco marcaria o início de bandas que compravam e logo se sentiram
influentes.
Abril:
o Togo sofreu um golpe de estado e Gnassingbé Eyadéma se tornou presidente, a
Soyuz-1 sofreu um acidente e matou seu único tripulante (o astronauta Vladmir
Komarov), o líder militar George Papadoulos assumiu o poder na Grécia e os Bee
Gees lançaram seu primeiro single de sucesso mundial, após assinarem com o
empresário e produtor Robert Stigwood. Maio: na Inglaterra, foi lançado o disco
que marcou o impacto mundial de um jovem guitarrista vindo dos EUA, era “Are
You Experienced”, e o mundo não resistiria até hoje ao som mágico de Jimi
Hendrix; o papa Paulo VI pediu o fim dos bombardeios no Vietnã e deu incômodo
aos EUA, o príncipe Akhito e a princesa Michiko visitaram São Paulo e encheram
um Vale do Anhagabaú, a Terra da Garoa curvou aos pés da realeza japonesa e se
inaugurou na mesma a TV Bandeirantes, uma das emissoras mais ativas do país.
Junho: os países árabes acabaram entrando em combate contra Israel, que acabou
se convertendo na lendária Guerra dos Seis Dias, dois integrantes da banda
Rolling Stones são condenados por uso de drogas, o conjunto musical The Beatles
lançou “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” o disco que revolucionou a história
da música e expandiu a linguagem sonora do grupo para outras vertentes do rock,
estrearam em disco David Bowie e os Bee Gees, um acidente tirou a vida de Jayne
Mansfield, atriz que ficou marcada pelo filme “The Girl Can’t Help It” e o
festival Monterey Pop trouxe uma nova linguagem no showbusiness, com Jimi
Hendrix e The Who quebrando tudo em palco.
Julho:
um acidente aéreo tirava a vida do presidente Castello Branco, meses após
passar a administração para Costa e Silva, repressões aumentam e movimentos vão
às ruas para um combate incansável ao regime opressor, em São Francisco
aconteceu o explosivo Verão do Amor, um dos eventos que marcou o ponto alto da
geração hippie flower power.
Agosto:
enquanto os Beatles estavam conferindo uma palestra e meditando com o Maharishi
Mahesh Yogi em Bangoc (País de Gales), faleceu aos 34 anos o empresário e mente
brilhante por trás do sucesso mundial do grupo, Brian Epstein, e era lançado na
íntegra “The Piper at Gates of Dawn” a estreia do Pink Floyd com Syd Barrett ainda
no grupo e em seu pleno auge do consumo de drogas. Setembro: o grupo The Doors
invade o palco do programa de Ed Sullivan e apresenta “Light my Fire”,
tornando-se um dos momentos mais apoteóticos da banda na mídia e dando mais
popularidade ao grupo.
Outubro:
o III Festival da Música Popular Brasileira, organizado e exibido pela TV
Record, consagrou um Edu Lobo junto de Marília Medalha com um “Ponteio” na
medalha de ouro e daria a Gilberto Gil junto de um conjunto novo aí chamado Os
Mutantes em “Domingo no Parque” o vicecampeonato, a medalha de bronze para um
Chico Buarque de Hollanda e sua “Roda-Viva”, juntamente do MPB4 em palco, mais
o quarto lugar para um Caetano Veloso que levantava os braços bradando por
“Alegria, Alegria”, mantendo a energia do rock que era entoada pelos argentinos
dos Beat Boys. O líder guerrilheiro socialista Ernesto “Che” Guevara foi
encontrado morto na Bolívia. Novembro: Costa e Silva tentou negar de que havia
atritos entre o governo militar e a Igreja Católica, que no início havia um
flerte com o regime, estreou nos cinemas “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”,
o filme protagonizado pelo ícone máximo da Jovem Guarda, programa que estava em
voga na audiência das “jovens tardes de domingo” da TV Record. 74 pessoas
morreram na Colômbia após ingerirem um pão que continha um arsênico, veneno
muito perigoso, na cidade de Chiquinquira.
Dezembro:
morreu em um acidente de avião o cantor de soul Otis Redding e boa parte dos
integrantes do conjunto The Bar-Kays, dois dias depois de gravar “(Sittin’ on)
The Dock of the Bay”, sua última música, um médico africano realizou o primeiro
transplante de coração e os Beatles lançaram no canal BBC o filme “Magical
Mystery Tour”, considerado um grande fracasso na carreira da banda. A trilha
sonora, entretanto, foi muito bem recebida. E foi o ano em que saíram grandes
álbuns como estes 10 escolhidos a dedo e ouvido especialmente para esta lista
aqui:
10º. THE MOODY BLUES – Days of
the Future Passed
E eis
que nasce um verdadeiro disco conceitual. Originalmente, a Decca queria lançar
um disco com uma versão da Sinfonia Nº 9 de Antonin Dvorak executada por
instrumentos elétricos e uma banda de rock, logo a Moody Blues encabeçava esse
projeto. Mas, ao invés de um disco focado totalmente na música de Dvorak, o
grupo foi além: uniu rock com orquestra e concebeu um disco que narrava uma
história do começo ao fim. Embora “Sgt. Pepper’s” tenha sido quase perto disso,
a banda conseguiu narrar uma história inteira nesse disco sem fugir do
conceito. Influenciando depois discos como “Tommy” (1969) e “Quadrophenia”
(1973) do The Who, “S.F. Sorrow” (1968) dos Pretty Things, “O Filho de José e
Maria” (1977) do Odair José, “La Hija de la Lágrima” (1994) do argentino Charly
García: ou o que podemos chamar também de ópera-rock, um formato ainda raro de
se fazer atualmente. Sem sombra de dúvidas, o disco consegue nos levar a
atmosferas sonoras, contando uma rotina através de títulos como “The Day
Begins”, “The Afternoon”, etc. Mostram uma bela parceria do grupo com a Orquestra
de Festivais de Londres regida por Peter Knight. Vale muito a pena essa viagem
sonora oferecida neste disco.
9º.
LOVE – Forever Changes
Podemos
chamar Arthur Lee de “o gênio incompreendido da geração 60”? Sim. O fato é que
este disco pouco é lembrado às vezes, e quase muita gente entende que o legado
deste cara e deste disco significa algo enorme para a música psicodélica feita
naquela época, e a banda Love, vinda de Memphis, foi além e colocou a
genialidade de Lee em versos incríveis do terceiro disco, que superou as 100
mil cópias dos dois primeiros juntos. Não é difícil dizer que temas como
“Andmoreagain”, o folk à la Donovan “Live and Let Live” são o maior destaque
deste disco, que carrega uma energia impressionante na levada rítmica da
guitarra, além de “You Set the Scene", com sua levada balada com toques de
pop delirante. E, por fim, a cômica “The Good Humor Man See Everything Like
This”, onde eles pregam uma peça de cara no meio da música, simulando um falso
final, proporcionando assim diversos momentos que nos fazem sentir em uma outra
vibe sem precisar tomar qualquer droga pra ficar doidão, curtir e entender. E,
mesmo tendo falecido em 2006, Lee ainda teve tempo para cantar antes alguns
temas que marcaram o eterno e mágico “Verão do Amor”, que até hoje dura para
aqueles que vivenciaram o momento.
8º. PINK FLOYD – The Piper at Gates of Dawn
A
estreia em disco do conjunto do grupo de rock formado por estudantes de
Cambridge trouxe um astral psicodélico que só permaneceu enquanto o membro
fundador Syd Barrett esteve como frontman do grupo, mas também se consolidou
como um álbum de impacto grandioso, e isso podemos notar total na sonoridade do
disco. Lançado em 5 de agosto, o disco produzido por Norman Smith proporcionou
a cada faixa uma viagem sonora grandiosa. Faixas como a verniana “Astronomy
Domine”, que nos apresenta algo bem space-rock quando ouvimos logo de cara,
seguidos de “Lucifer Sam”, “Interstellar Overdrive” e seus 9 minutos
alucinantes que se destacam muito no disco e “The Scarecrow” são provas de que
a magia de Barrett reinou soberanamente no decorrer do disco, sem esquecer o
baixo de Roger Waters, as batidas de Nick Mason e as teclas sintetizantes de
Richard Wright que formam esta cozinha genial. Ouvi-lo é sentir como se fosse
uma viagem a uma galáxia psicodélica, um mantra contemporâneo, muito antes das
viagens sonoras que iriam nos oferecer em discos como “The Dark Side of the
Moon” mais adiante. Barrett manteve-se até um breve momento de 1967 e em seu
lugar entrou David Gilmour como novo vocalista e guitarrista, permanecendo até
o fim da banda nos anos 90.
7º. THE ROLLING STONES – Between the Buttons
A mídia
estava a perseguir a dupla Jagger & Richards por suas esporádicas broncas e
mantendo-os estampados nas páginas policiais por um bom tempo. Mas em meio ao
tempo fechado, ainda haviam colhido os frutos do sucesso dos álbuns que
antecederam “Between the Buttons”, e que precisavam manter a essência. A partir
daí, Brian Jones soa apenas como o multi-instrumentista do que como uma das
cabeças da banda, e faixas como “Yesterday’s Papers”, “She Smiled Sweetly”,
“Who’s Been Slipping Here? ” dão esse tom mais incrível de fazer a gente
apreciar ainda mais a sonoridade do disco. Para quem tem a edição americana,
vale a pena destacar o hino da vida noturna “Let’s Spend the Night Together”,
com um arranjo excelente e que traz um astral totalemente para cima e o piano é
o destaque da canção, e também temos “Ruby Tuesday”, balada de Jagger &
Richards que não falta até hoje nos shows atuais da banda: ambas substituíram
“Please Go Home” e “Back Street Girl”, originais da edição britânica. Foi
esquecido por um tempo e muitos fãs o redescobriram anos depois e começaram a
dar valor pela sua linguagem eclética no sentido musical, e vale muito a pena mesmo
ouvir este trabalho deles made in 67.
6º. TIM BUCKLEY – Goodbye and Hello
É fato
que os Buckley morreram de forma precoce e com carreiras musicais bem efêmeras.
Tanto Jeff quanto Tim souberam fazer da música um ganha-pão, porém, o pai de
Jeff soube fazer músicas que tinham uma pegada fiel ao folk, com toques
elétricos – tal como Dylan, o próprio David Crosby, Neil Young e por aí vai. E
se o primeiro álbum foi um grande sucesso, esse segundo, gravado em 1967,
trouxe um impacto que o catapultou ao mainstream e o colocou entre um dos
melhores lançamentos à época. A faixa-título, com seus mais de 8 minutos, faz a
gente se impressionar com a linhagem poética e os arranjos, mas também há
destaque para “I Never Asked to Be Your Mountain”, “Morning Glory”, além de
“Pleasant Street” e “No Man Can Find The War”, temas que atravessam gerações
década após década e com uma ampla passagem atual nas letras. E, após a morte
do próprio Buckley em 75, digamos que ele passou um pouco batido das gerações,
mas sempre existe gente que volta ao tempo desse disco e o reverencia com
louvor esta obra de arte do folk-rock que o eternizou para sempre na história
da música, assim como o álbum de seu filho Jeff intitulado “Grace” em 1994,
provando que o talento vinha mesmo de família.
5º.
CREAM – Disraeli Gears
Vindos
de um sucesso desfrutável com o single “I Feel Free” e seu álbum de estreia
“Fresh Cream”, o power trio de Eric Clapton mais o baixista Jack Bruce e o
baterista Ginger Baker decidiram partir em turnê nos EUA e na sequência
gravaram um disco com a produção de Felix Pappalardi nos estúdios da Atlantic
Records – em 5 dias foi feito o maior legado desse grupo para a história da
música. Lançado no início de novembro, “Disraeli Gears” abalou as estruturas
com seu blues psicodélico e de qualidade (bota qualidade nisso) na cena
mundial: apresentou o hit “Sunshine of Your Love” com sua intro poderosa, mas
também trouxe pérolas como “Tales of Brave Ulysses”, “Strange Brew”, “Outside
Woman Blues” e “Dance The Night Away” que não nos decepcionam ao longo da
audição. Os caras estavam antecipando o fenômeno hard rock/heavy metal (junto
de outras bandas que você já deve saber quem são, caríssimo leitor) que
surgiria no final da década e já no começo dos 1970, ou seja: foram pioneiros mesmo!
Recomendo que ouçam esse disco diversas vezes e sintam a energia que casa
canção carrega, pois te levará a universos paralelos que nem a gente imagina no
começo disto tudo.
Após
passagens por grupos de Little Richards e os Isley Brothers, um jovem músico de
Seattle chamado James Marshall Hendrix estava vivendo e tocando em um clube de
New York, o Café Wha?, na qual tocava com um grupo chamado Jimmy James &
The Blue Flames e descobriu uma técnica de impressionar o público pelo som de
sua guitarra através de Frank Zappa, que lhes apresentara o pedal wahwah e em
seguida, o produtor Chas Chandler o convida para ir a Londres e ali sua música
seria apresentada em definitiva ao mundo. Gravou um compacto com a música “Hey
Joe” e estourou de cara, em seguida gravou músicas para seu disco acompanhado
do baixista Noel Redding e do baterista Mitch Mitchell e eis que nasce o “Are
You Experienced”, que saiu na Inglaterra pela Track Records e nos EUA pela
Reprise. O Resultado? Uma deliciosa viagem pela mais delirante sob a
experiência de blues distorcidos que você possa imaginar. Tendo ali “Fire”, “Red House”, “3rd Stone from the
Sun”, “Manic Depression” e “Foxy Lady” engrossando esse caldo alucicrazy. Pra quem tem o
vinil americano, pode contar com pérolas brilhantes, desde “Hey Joe” passando
por “Purple Haze” e seus quase 3 minutos muito viajantes até “The Wind Cries
Mary”, um verdadeiro workshop para quem quer aprender a tocar guitarra. O disco
inovou o estilo de tocar e influenciou diversos guitarristas ao redor do mundo.
3º. THE BEATLES – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club
Band
O
capítulo mais importante do ano está todo neste disco. Em uma entrevista feita
ao documentário Anthology, Paul McCartney disse que a ideia surgiu após
referências em nomes longos e com a intenção de levarem um disco como turnê.
Acabou se tornando um pseudônimo também a “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club
Band” uma espécie de identidade secreta também. O som do disco consegue nos
levar a uma dimensão maior do que se imagina, influenciados pela vanguarda e
pelas viagens lisérgicas de LSD para conceber o disco. Com uma das mais
brilhantes capas já feitas na história da música, unindo diversas
personalidades e elementos, o disco nos orienta sobre essa banda a partir da
primeira faixa, que põe toda a barulheira proto-hard em prática tudo o que
aprenderam e ouviram. Em seguida, com “With a Little Help From My Friends” um
cartão de visitas a Billy Shears, ou seria Ringo? Bem, mas por trás de todo
disco bom sempre tem uma polêmica, como no caso de “Lucy in the Sky With
Diamonds” aonde Lennon teria escrito após o filho Julian mostrar a ele um
desenho sobre uma mulher no céu segurando um diamante, mas que mesmo assim, foi
banida das rádios pelas iniciais do título remeterem a LSD, a droga do momento.
Outra que passou por maus bocados foi “A Day in the Life”, um rock sinfônico
viajante, que também não caiu no gosto dos DJs da rádio inglesa BBC à época. E
5 décadas depois, segue sendo o disco mais reverenciado da geração 60, do rock
e da música em especial.
2º. THE
DOORS – The Doors
No meio
de 1966 o grupo de Jim Morrison, John Densmore (bateria), Robby Krieger
(guitarra) e Ray Manzarek (órgão e teclados) ficaram conhecidos por fazerem
apresentações esporádicas em lugares na cena californiana, como o club Whiskey
A GoGo, nesta a banda foi expulsa por tocarem uma das músicas que fecham o
disco de estreia. Nesta noite, assistiam ao show da banda - cujo nome foi
inspirado em um livro de Aldous Huxley “The Doors of Perception” (As Portas da
Percepção) – eram o presidente da Elektra, Jac Holzman e o produtor Paul A.
Rotchild. Com um contrato em mãos, a banda mais Rotchild partiram para o
estúdio, onde gravaram de cara temas que marcariam a geração dos anos 60, como
a bossa acelerada de “Break on Through (To the Other Side)", onde Densmore
assume sua influência de Tom Jobim (AQUI É BR MANO!), mais a potência de “Light
My Fire” – com seus 7 minutos, que levaram ao palco do programa de Ed Sullivan
(da qual foram proibidos de voltar), o tom sombrio nos versos de “Crystal Ship”
e “End of the Light” mostram que Morrison era um poeta de mão cheia. Além de
dois covers: o primeiro era “Back Door Man”, de Chester Bunnett e Willie Dixon,
em seguida tínhamos “Alabama Song” de Kurt Weil e Bertold Brecht – duas
influências fortes da linhagem poético-musical do grupo. Para terminar, os
quase 12 minutos alucinantes de “The End” mostram a verdadeira essência
apresentada pelo grupo, e o órgão de Manzarek soa como uma peça chopinesca
“alucicrazy” que fecha com chave de ouro a mais brilhante viagem sonora do
disco.
1º. THE VELVET UNDERGROUND AND NICO – The Velvet
Underground & Nico
Reza a
lenda de que todo e qualquer músico que ouvir este disco, formará uma banda. É
considerado o avô ou o pai do indie/alternativo, pois trouxe uma estética
sonora muito diferente do que já se apresentava na época: guitarras que mudavam
distorcidamente, letras com temas variados: desde as drogas passando pelo
universo sujo e escondido das noites de New York. E com a célebre capa da
banana concebida por Andy Warhol, se tornando um produto de linha aonde você
descascava e via a fruta toda rosa, parecendo uma genitália masculina,
concebida por uma das cabeças da arte pop. Tendo como seus integrantes o
vocalista e guitarrista Lou Reed, a baterista Maureen “Mo” Tucker, o violinista
e baixista John Cage mais o guitarrista Sterling Morrison. Porém, foi Warhol
que intercedeu na presença da cantora alemã Christa Päffgen, conhecida como
Nico, no grupo. Com um simples orçamento, que varia de US$1500 a US$3000, e o
produtor Tom Wilson, o grupo decidiu lançar por um selo de jazz, a Verve, em
março de 1967, após diversas recusas de outras gravadoras. Temas como “Heroin”,
“Femme Fatale” e “I’m Waiting for the Man” mostram que as letras de Reed
traziam um universo totalmente diferente: um sujeito que procura drogas para
consumir, ode à heroína e toques femininos. A balada “Sunday Morning” soa como
uma pérola original recheada de perfeccionismos, mas há faixas em que eles
conseguem fazer fidelidade ao som experimental do grupo, que antecipou desde o
hard rock e o metal passando pelo shoegaze e pelo rock alternativo dos anos
atuais. Meses depois, Nico lançava seu álbum solo “Chelsea Girl” e a banda
seguiu em frente sem ela e o artista plástico, fazendo discos muito
impressionantes até 1972 (apesar de “Squeeze” ser de 1973, ele é visto como um
álbum solo de Doug Yule), e o famoso “disco da banana” soa atual e eterno.
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