Um disco indispensável: Alhos Com Bugalhos - Almôndegas (Philips/Phonogram, 1977)
O folk sulista dos
Almôndegas obtivera um enorme sucesso após terem Canção da Meia-Noite nas
rádios, isso porque havia entrado na trilha sonora da novela global
“Saramandaia” em 1976 e com as vendas do clássico Aqui, o grupo precisava
manter os pés nas influências do som regionalista e do folk, mas no meio de todo o sucesso do segundo disco, acontece a saída de Quico Castro Neves, e a banda precisava de um violeiro/guitarrista do mesmo nível que o próprio Castro Neves. Foi quando escalaram o colaborador em canções do
grupo, o guitarrista Zé Flávio, dono de uma longa trajetória no rock gaúcho
desde o fim dos anos 60 e começaram a trabalhar em um próximo disco inédito,
embora ainda precisassem encerrar o contrato com a Continental e o grupo saiu quase
perdendo, pois haviam preparado uma coletânea com o melhor do que a banda já havia feito até aquele momento e isso virou
Gaudêncio Sete Luas, que foi acrescentada somente uma música inédita, eis o motivo da origem da saída do selo, por onde lançaram dois discos em
um mesmo ano: 1975. A banda consegue um contrato
com a gravadora Philips e prepara as malas, a cuia, os pacotes de erva-mate e
os instrumentos a caminho do Rio de Janeiro para começarem um momento novo e
único: o terceiro LP Alhos Com Bugalhos”, produzido por Roberto Santana e com
sucessos que ainda colocaram o grupo como um dos destaques nacionais daquele ano,
chegando a apresentar em programas da Globo e da Bandeirantes.
Além do regionalismo e do
folk, o que se vê muito é o bolero em Canção Americana – mostrando o lado
portunhol do grupo e revivendo os velhos tempos de canções do rádio -, as
visões do esoterismo retratadas em Futurismo, escrito por Kledir, além deste
lado místico que ainda soa em Feiticeira, hit do disco, a porra-louca e a
ironia com o iêiêiê em Ri do Rock, uma brincadeira até com a música “She
Loves You” dos Beatles e com a Jovem Guarda; as referências do fado e da música
portuguesa em Há Um Pouco do Meu Coração em Portugal, sem esquecer do
melodismo em No Meu Coração. Ainda sobra espaço para as
raízes regionalistas em Em Palpos de Aranha, a implacável Alhos Com
Bugalhos e seus versos que mudam de palavras a cada verso, a clássica dos
festivais nativistas Piquete do Caveirá que foi interpretada por Kleiton e
Kledir em uma das Califórnias da Canção Nativa e lançada antes como compacto em
fins de 1975, a sequência Cavalgando e Minha Carreta mostrando que ainda
carregam as origens do Sul em forma de canção, e como outro destaque desse disco, a regravação
do clássico Gaúcho de Passo Fundo, de Teixeirinha e que conta com o lendário
“rock tchu tchuba” de Sombra Fresca e Rock no Quintal, para mostrar que a
música do Sul feita pelos Almôndegas mostra como romper as barreiras do
preconceito e conseguiu mesmo um feito que poucos conseguiriam naqueles anos
70.
Set do disco:
1 – Em Palpos de Aranha (Zé Flávio)
2 – No Meu Coração (Kledir Ramil)
3 – Gaúcho de Passo Fundo (Teixeirinha)
4 – Futurismo (Kledir Ramil)
5 – Cavalgando (Zé Flávio)
6 – Minha Carreta (Pedroso)
7 – Alhos Com Bugalhos (Kleiton Ramil/Kledir Ramil)
8 – Feiticeira (Kleiton Ramil/Kledir Ramil)
9 - Canção Americana (Zé Flávio)
10 – Há Um Pouco do Meu
Coração Em Portugal (Kledir Ramil/José Fogaça)
11 – Ri do Rock ( Kledir RamiL)
12 – Piquete do Caveirá ( Kledir Ramil/José Fogaça)
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