Um disco indispensável: Insular - Humberto Gessinger (Stereophonica, 2013)

Humberto
começou com o pé direito, na letra de Terei
Vivido, que abre o disco com mais de um minuto, o suficiente para proclamar “Provavelmente terei vivido
mais da metade da minha vida no século passado” cantando com orgulho de ter
vivido metade de sua vida no século 20, muito bem vividos. A sequência fica com
A Sua Graça e Bora, que trazem um pouco do que ele já usou e abusou: baixo,
guitarra, MIDI pedalboard (teclado
que se toca com os pés, utilizado muito por bandas de rock progressivo e por
conjuntos de pop e new-wave dos anos 80), viola caipira (?!), bandolim e até
acordeon, presentes em algumas músicas. A
Ponte Para o Dia soa como uma música perfeita para ouvir no amanhecer ou quando
precisa ouvir Gessinger na playlist de seu celular ou MP3 player, vale também
perceber que a participação de Bebeto Alves ficou muito mais do que ótima, o
dueto com os maiores nomes do rock gaúcho em uma música só; já Rodrigo Tavares,
do Esteban e ex-integrante do Fresno por três anos (2008-2011) deu um ombro
amigo ao parceiro de Trio Grande do Sul
(projeto de Tavares e Gessinger mais Paulinho Tavares no acordeon) na faixa Tchau Radar, A Canção, na qual, os dois
puderam fazer de tudo para que essa música ficasse perfeita e fizeram mesmo! Tudo Está Parado é uma parceria
esquisita de Humberto com Rogério Flausino, do Jota Quest, aliás, esta música foi lançada pelo Jota em 2011, como
parte do material inédito lançado em Folia
e Caos, resultado da turnê de quinze anos da banda, e devo dizer que a
versão do Gessinger ficou muito melhor que a do Jota Quest e muito original,
muito ousada sem aquela de deixar um pouco de pop bem azedo. Outras músicas até que não passaram batido, como Recarga: um pouco de tradicionalismo
com a ajuda do músico Luiz Carlos Borges, nosso velho conhecido do regionalismo
e ícone do acordeon aqui no nosso Rio Grande do Sul utilizando muitas palavras
ou “reutilizando” muitas palavras numa só canção (re)bueníssima; em Milonga Xeque-Mate já é outro caso
sobre instrumentista: Frank Solari
mostra o que sabe fazer com a guitarra ao lado de Gessinger, afinal, ambos são
músicos e têm dotes místicos com seus instrumentos, mas já nesse caso, Frank
Solari é um dos mais nomeados
guitarristas do Rio Grande do Sul e do Brasil. A música já parece que
nasceu para ser clássica, tanto pela letra quanto pelos solos de guitarra de
Frank Solari; a faixa-título Insular
é uma música curta que nos lembra um pouco Nunca
é Sempre, vinheta que encerrava o disco Várias Variáveis (1991); passando
para Essas Vidas da Gente segue uma
mistura de linha poética típica de Gessinger e um pouco de regionalismo poético
com a expressão “prenda minha” como se estivesse conversando com a pessoa amada
“prenda minha, foi bom te encontrar...” recheada de romantismo que pode nos
remeter a Pra Ser Sincero (O Papa é Pop, 1990) ou 3x4 (Tchau Radar!, 1999) que
são as mais românticas dos Engenheiros; já Segura
a Onda, DG é uma canção mostrando que o retrato de uma pessoa que fica mais
velha quando se vê no espelho embora continue jovem pela idade, algo assim, tem até um pouco de lirismo musical regionalista como nas
músicas Recarga, Milonga Xeque-Mate e em Essas Coisas da Vida e contou com a participação
especial de Nico Nicolaiewsky, do Tangos
& Tragédias que faleceu em fevereiro de 2014 após lutar contra um
câncer; para encerrar com estilo, Humberto foi fundo com Plano B e foi até a fundo para mostrar que pode ser normal juntar
um pouco de tudo em seu disco e encerrar com um rock gessingeriano: regado de peso, poesia e de tudo um pouco que já se
ouviu dele ainda como Engenheiro. Gessinger fez um disco mostrando que rock não
tem idade (é a segunda vez que diso isso), e que não tem essa de querer “permanecer
mais jovem” ou ter a tal Síndrome de
Peter Pan: que nunca envelhece, o que é algo típico de artistas
internacionais como Avril Lavigne, afinal, é mais um dos nomes do rock gaúcho provando que continua
fazendo o que mais gosta, e é um dos veteranos que prova que idade não têm
limite no rock gaúcho: seus colegas Thedy Corrêa, Wander Wildner, Alemão
Ronaldo, Julio Reny, Kleiton e Kledir entre outros: após o lançamento do álbum
Insular, o loiro mais preferido do rock chegou aos cinquenta anos de vida no dia 24 de dezembro. Vida longa e Insular à este grande mito do nosso
rock brasileiro!
Set do disco:
1 - Terei Vivido (Humberto Gessinger)
2 - A Sua Graça (Humberto Gessinger)
3 – Bora (Humberto Gessinger)
4 - A Ponte Para O Dia (Humberto Gessinger)
– participação de Bebeto Alves
5 – Tchau Radar, A Canção (Humberto
Gessinger) – participação de Esteban Tavares
6 – Tudo Está Parado (Humberto Gessinger/Rogério
Flausino)
7 – Recarga (Humberto Gessinger) –
participação de Luiz Carlos Borges
8 – Milonga Xeque-Mate (Humberto Gessinger) – participação de Frank Solari
9 – Insular (Humberto Gessinger)
10 – Essas Coisas da Vida (Humberto
Gessinger)
11 – Segura a Onda, DG (Humberto Gessinger) –
participação de Nico Nicolaiewsky
12 – Plano B (Humberto Gessinger)
Comentários
Postar um comentário
Por favor, defenda seu ponto de vista com educação e não use termos ofensivos. Comentários com palavras de baixo calão serão devidamente retirados.