Um disco indispensável: Re - Café Tacvba (WEA Music, 1994)
O rock mexicano nunca viveu um auge tão glorioso quanto nos anos 1990, com a nova expansão do pop rock no idioma de Cervantes através de grupos como os argentinos Soda Stereo, Enanitos Verdes, Miguel Mateos-Zas e também Charly García, Fito Páez, Andrés Calamaro, os chilenos do Los Prisioneros, La Ley e do Los Tres, os espanhóis do Los Toreros Muertos, Radio Futura, El Último de la Fila, Alaska y Dínama, Mecano, Joaquín Sabina, os uruguaios do Los Traidores, Estómagos, Niquel, Buitres Después de La Una, Cuarteto de Nos, Jaime Roos - embora seja muito mais voltado à música popular do país misturando elementos do rock e jazz com candombe e até folklore, e o sucesso de diversos nomes da América Latina acontecia não somente dentro do país natal de cada banda, mas especificamente no México, onde também estava acontecendo uma cena interessante a partir dos meados de 1980 em geral. Já com nomes aclamados, como o veterano Javier Bátiz, o grupo El Tri, o promissor Rodrigo "Rockdrigo" González, e os novos expoentes daquele gênero que um dia foi proibido sua execução nas rádios porque causava incentivo à repressão e ao consumo de drogas ilícitas após o escandaloso festival de Avándaro em uma pista de automobilismo em 1971, que causou furor para os conservadores, uma vez que o país da tequila e dos burritos foi governado pelo PRI de 1929 até 2000 - ou seja, 70 anos no poder, e quem presidia o México pelo PRI (Partido Revolucionario Institucional) nessa época de Avándaro era Luis Echeverría. A gravadora BMG-Ariola mexicana investiu em uma série a partir de 1987 chamada Rock en Tu Idioma, propagando nomes não somente do México, mas também da Argentina, Chile, Espanha entre outros, e desta safra surgiram produtores atrás do ouro perfeito - Óscar López, argentino, lançou diversos nomes bons, assim como seu xará de sobrenome e ex-baixista do Los Abuelos de la Nada e também do Zas, Cachorro, e dois nomes quase jurássicos - Gustavo Santaolalla, ex-Arco Iris e Soluna, e Anibal Kerpel, ex-tecladista do Crucis - em 1981 nos EUA, eles chegaram a montar um grupo de new wave mais puxado para o pós-punk britânico chamado Wet Picnic. O rock mexicano começou a ganhar força com nomes envolvendo Botellita de Jérez, Caifanes, Fobia, Neón, Maldita Vecindad y Los Hijos del 5to Patio - à exceção do Botellita, o restante foi lançado tudo pela BMG Music, e Humberto Calderón fundou na mesma um selo lançando bandas alternativas chamado Culebra, de onde saiu Cuca, Santa Sabina, La Lupita, Tijuana No!, o próprio Maldita Vecindad, Fratta, La Castañeda e nomes fora do país como os colombianos Aterciopelados, La Derecha e 1280 Almas além de distribuir títulos do Los Auténticos Decadentes (Argentina) e o nosso Pato Fu (BR, CAAAARAJOOO). No final dos 1980, assim como o surgimento de outros nomes na terra de Cantinflas e Chespirito a exemplo de Maná - tornando-se de cara um dos maiores best-sellers do pop rock em espanhol e especialistas em fazerem sucessos e lotarem diversas casas de espetáculo mundo afora (e seus discos vendendo muito), e um quarteto formado em Ciudad Satélite, uma região humilde situada em Nauclapan de Juárez, no Estado de México, onde jovens como Ruben Albarrán e Joselo Rangel estudavam na Universidade Autônoma Metropolitana, na capital - Joselo estudava desenho industrial e Rubén design gráfico - ambos tinham banda, o primeiro integrava a Shine e o último era vocalista na Torah, então ambos se aproximaram de imediato e começaram a descobrir o gosto em comum pela música.
Com isto, o Café Tacvba também estava pronto para revolucionar no seu próximo trabalho, e poucos percebiam isto até que o conjunto entrasse novamente em estúdio com o mesmo Santaolalla e Kerpel na produção, mas com uma proposta totalmente diferente do disco de estreia, e esse resultado ao disco seguinte daria muito certo mesmo. Após o surgimento nacional do EZLN, é que os tacvbos decidem começar a compor o material do que seria o segundo CD do conjunto, gravando uma demo com vinte faixas para que Gustavo vesse qual entraria no próximo trabalho - ele escolheu todas para entrarem, o que é um caso considerado até raro! Com temáticas que ainda mantinham o bom humor de sempre nas letras, decidiram colocar mais ativismo social nas poesias, e continuando unindo as raízes da cultura local com o elementos mundiais pop, mantendo a parceria com a dupla de produtores, eles entram em estúdio em Cuernavaca e em Los Angeles, gravando no Devonshire e no Can-Am Sound Studios, tendo dentre os músicos convidados Harry Scorzo no violino, Roberto Hdez no trompete, Luis Conte na percussão, o grupo Cielo Y Tierra nos coros, Ramón Stagnaro no requinto, James Mason no sax, Renee Grizell na flauta, Melissa Hassin no cello e, claro, Santaolalla no violão dando uma canja - um time de músicos e tanto para ajudar o quarteto a buscar nas raízes indígenas e espanholas a linguagem sonora que eles visavam. Lançado em julho de 1994, meses após as trágicas perdas do músico Kurt Cobain, na época, vocalista e guitarrista do conjunto Nirvana, do piloto de fórmula 1 Ayrton Senna, e no dia seguinte depois do Brasil ser tetracampeão da Copa do Mundo em pleno território ianque com Romário em seu auge e Ronaldo em começo de carreira futebolística, o segundo álbum intitulado Re acabou agradando mesmo até o chefão da sucursal latina, André Midani (1932-2019) com 20 faixas e uma hora de duração. O trabalho logo de cara começa com um tema enraizado na levada andina, mas também evocando raízes mexicanas como o son através de instrumentos como a jarana, uma espécie de ukulele mexicano, El Aparato é recheada de ecletismo sonoro, world music puramente mexicana onde contam uma história paranormal cujo personagem chamado Pablo se fascina com discos voadores, até que tudo muda do nada; a faixa seguinte já nos dá um hit direto, La Ingrata faz uma homenagem à sonoridade norteña e brinca com esse estilo unindo a polka, o ska e o country onde até Emmanuel canta alguns versos, e por lembrar o Norte mexicano, aborda a questão do machismo e um amante rejeitado onde ameaça matar a moça, ou seja, violência feminina - apesar de soar inocente e divertida na época, a banda deixou de executar os versos e adaptar para os tempos atuais e/ou deixaram de tocar para não gerar mais polêmica ainda (imagina só!); na sequência, o disco conta com a canção El Ciclón, que busca ambientar no conceito geral do disco que é o ciclo da vida, a exemplificar as plantas que se tomam CO2 através de fotossíntese convertendo em oxigênio, para ser bem específico - a levada de funk traz aqui a presença do órgão Clavinet e um baixo com um ar bem mais moderno fusionando com elementos de hip-hop e regionais até as mais nativas, com uma guitarra heavy metal: com os tacvbos, tudo é possível, até uma orquestra aparecer perfeitamente, lembrando um pouco dream pop e psicodelia revivida nos 90 precisamente; com essa série de canções aparecendo aos poucos no álbum, o quarteto ainda nos oferece El Borrego, brincando com os protótipos de identidade e com a ambiguidade ideológica, fazendo também uma menção honrosa às bandas La Lupita e Maldita Vecindad numa ousada e surpreendente fusão de punk, metal e industrial nos fazendo remeter à Ministry com Meme ousando até na hora de cantar nessa ousada mistura que lembra até uma demo gravada com qualidade bem crítica (mas muito bem feita); os romantismos poéticos ainda resistem aqui: para não perder a tradição das músicas dor-de-cotovelo cabe até aqui no bolerão-sofrência Esa Noche acaba dando esse clima de um término de romance, mas sendo uma ode à solidão como nosso mais cercano amor depois de um desamor, a pegada bem bolero misturada com bachata e fazendo homenagem à uma das divas da canção mexicana, Chavela Vargas (1919-2012), reverenciada notoriamente pelo estilo; com um clímax mais soturno e denso, o que ajuda nesta música que vêm a seguir intitulada 24 Horas, uma bossinha mais mesclada com elementos do México evocando em uma história de amor cheia de distrações, mas cruzando com a agitação da vida moderna do eu-lírico que se arrisca a estar disposto 24 horas sabendo dos problemas de saúde que hão de comprometer obviamente - e busca também nos lembrar do conceito do álbum e falar sobre a vida ser um ciclo; em seguida, a faixa seguinte compromete a ser mais ácida e com uma pegada fiel à proposta da sonoridade da banda, e Ixtepec carregada de puro realismo mágico inspirado na novela Los Recuerdos del Porvenir escrito por Elena Garro, essa mistura da sonoridade norteña com um quê de eletrônico e rock já dá pra entender como as cabeças dos tacvbos funcionam ao compor; mais adiante, o conjunto põe em ação uma veia mais politizada nas letras, contextualizado o que o país vivia em pleno 1994, Trópico de Cáncer é uma daquelas pérolas marcantes - ligado à questões sociais da época, é um alerta sobre as consequências que a modernização e o progresso trazem se não forem controlados, e busca visar também os indígenas que ainda povoam o país, com uma levada de industrial mesclada com um temperinho brasileiro de bossa nova com um violão que lembre um pouco João Gilberto para não exagerarmos; dá para notar sim que o Café Tacvba ultrapassa os limites da tradição e decide saber fazer com maestria a prova de que têm orgulho de levarem a música de sua terra, em El Metro já abre mostrando um groove bem manjado com destaque para a sequência harmônica dos teclados onde eles falam sobre a Cidade do México como rotina dentro de quem vive pelos metrôs (trens urbanos), numa visão cronista de Rubén, que sabe transpor isso muito bem no cancioneiro do grupo; e de cara, ainda temos de melhor a ser oferecido no repertório, movido ao que o quarteto de Ciudad Satélite coloca em prática nas canções, como no caso de El Fin de la Infancia, é de nos surpreender em que eles colocam a questão do nacionalismo, e do malinchismo que fazem favorecer o que é de primeiro mundo e rejeitar o que é de dentro do país, e fala também sobre a dança ser mais que um ato recreativo e incentiva um jeito de autodeterminar e de busca de uma própria vanguarda cultural, dá a entender que a sonoridade ska-punk soa mais flertada com as bandas sinaloenses que dão o tom aqui nos metais, lembrando muito os corridos mais rápidos inclusive.
A próxima música que vêm a seguir no CD já é mais puxado para algo de latino em todo, como no caso de um bolero, a suave Madrugal é poesia pura nos ouvidos, se não fossem as críticas em respeito à decadência urbana da Cidade do México, especificamente do Centro Cultural, da expansão dos prédios modernos, uma cidade recheada de edifícios históricos entre o avanço da cidade na questão de evolução inspirado no humor literário de Jorge Ibagüengotia (1928-1983) célebre escritor, a canção num tom bem de bolero e o coro, lembra até os arranjos dos anos 50 de cara na canção que só tem apenas 1 minuto e 10 segundos de duração, mas que podia durar bem um pouquinho mais até, aqui o peruano Ramón Stagnaro participa tocando requinto, um instrumento local; não deixando de lado a mística e a atmosfera poética-musical que acercam o disco, como de lei, é óbvio, Pez soa frio no começo, mas carrega uma levada de folk e ragtime mais a voz de Emmanuel puxado pelos "aaah" de Albarrán numa canção sobre a sensação de ser um peixe capturado, ficando sem ar, provavelmente sendo preparado pela comida - um fruto do mar; adiante, o tema seguinte é como a continuação da anterior, o enredo poético, tudo mais, com um clima suave e moderno, Verde flerta com a existência da vida após a morte, retomando o conceito do ciclo e sobre seu fim, e isso é notório até pelo clímax, misturando folk latino com industrial e psicodélico cabendo na sonoridade de menos de 2 minutos por aqui, onde no final, retomam da harmonia da faixa anterior; a seguir, a originalidade sonora dos tacvbos permanece desfilando com suas misturas e não errando feio - em La Negrita, onde fala sobre uma mulher que regressa feliz à sua terra natal depois de fazer uma peregrinação pelo mundo em busca de uma vida melhor, aqui, o enfoque na sonoridade da canção traz como influência o ritmo do samba, bem embalante, aquele tempero brasileiro para ser incluída na sonoridade mexicana que acaba por funcionar no final; com a pegada elétrica e mestiça que perdura ao longo deste maravilhoso CD, El Tlaotani del Barrio expressa ser puramente mexicana a partir do termo tlaotani, de origem nativa nauahtl usada para definir os reis das tribos nativas dos primórdios, aqui, vistos como os donos do pedaço, fala sobre a origem de quando os pais do vocalista se conheceram, a pegada roqueira tacvbeira marcada pelo violão e pela sequência rítmica programada que dão essa energia aparente da música; sem muitos exageros, a banda segue arrasando a cada canção apresentada no disco, ao falarmos agora sobre Las Flores, têm muito a ver com a questão poética sobre uma criança, a forma como as mulheres carregam em seus ventres por 9 meses o legado de duas pessoas na Terra e sobre presentear estrelas como flores para a mãe e o bebê, numa levada que inicia industrial e vira um ska-industrial-psicodélico, onde novamente Emmanuel ainda solta alguns solos de escaleta que soam mágicos e clássicos demais; mais adiante, o disco contêm uma pérola simples, mas que têm um devido valor - La Pinta traz uma letra toda carregada dos mexicanismos com sotaque puro, movido a uma energia que remete ao pesado e sujo som do grunge que havia invadido os 90, mas com aquela vibe de ska-punk presente em diversos temas; com um simples trecho de piano abrindo a seguinte canção, que não deixa a desejar e carrega um forte destaque - El Baile y El Salón trata realmente sobre o amor gay e do sentimento sobre se sentir confortável o suficiente para se amar de forma livre, inspirado em um ensaio chamado Fazendo Amor com a Música, escrito por D.H. Lawrence, com uma pegada bem pop demais, chama a atenção a referência à disco music e aos meados dos 1970, inclusive pelo "papapapapa eu eo", o brilhante solo de violão executado por Santaolalla, ainda uma guitarra imitando o estilo de Nile Rodgers, mais os falsetes de Rubén que dão esse tom divino; com o tempero continuando bem caliente, o que não faltam novamente são canções envolvendo temas reccorentes na música popular latino-americana, falo aqui de El Puñal y El Corazón, a coisa fica melhor quando eles decidem cantar sobre o orgulho de um homem abandonado em um tema bem universal - logo vemos que a fusão de mambo caribenho com a bossa nova vinda do Brasil já mostra a perfeição na hora de descobrirem a fórmula de diversificar referências sonoras da América com elementos contemporâneos sem perder tempo; como já sabemos, todo ciclo acaba tendo um fim, e o final deste ciclo que se chama Re fica por conta da faixa El Balcón, uma música que conta mais lá para o tempo antigo, onde ainda existia alguns territórios sob propriedade dos espanhóis entre os séculos XVI e XVII, narrando bem uma relação entre dois escravos - um índio e uma negra, e o índio sonha com uma fusão, zambo (o filho mestiço), com um toque mais enquadrado para o jazz e o swing da década de 1940, e pelo volume do som ser deliberadamente baixo, além de uma forte influência se Agustín Lara, um dos maiores nomes da composição mexicana - um belo encerramento para um belo disco. Pronto, é isso mesmo.
A crise havia eclodido logo no momento em que saía Salinas do poder e assumia o bastão para Zedillo, o último priista (político integrante do PRI) no poder ininterrupto - a situação já estava piorando quando o grupo, no momento em que estava a promover este álbum e que quase não aconteceu muito à época do lançamento - embora dentro do México tenha sido disco de ouro com 40 mil cópias vendidas e descobrem o sucesso enorme que estavam fazendo no Chile, Colômbia, Argentina, Uruguai entre outros países. Começam a chamar a atenção não somente dos artistas mexicanos que já conheciam o CT, mas também nomes internacionais, como no caso de David Byrne (Talking Heads), e com os clipes veiculados na MTV Latinoamérica que ajudaram muito para que o grupo fosse consagrado dentro do rock em espanhol. É um disco, que, ao ouvirmos, lembra e muito para nós brasileiros, o tropicalismo surgido em 1967 que uniu a MPB em todo com música dodecafônica, rock, erudito, só que aqui é com elementos mexicanos, caribenhos e brasileiros até, uma fórmula que eles sempre souberam fazer com primor, e prosseguiram com suas estratégias até hoje - e, no embalo do sucesso de Re, o grupo só esperou dar uma trégua no sucesso do álbum para, depois de participarem do MTV Unplugged (que só seria lançado em CD e DVD em 2005), gravarem um projeto mais envolvido com covers/versões intitulado Avalancha de Éxitos, lançado em novembro de 1996. Mas aí, já é uma outra história. Não é à toa que a importância de Re para a música do México e da América Latina em todo (não só focar no pop rock) fez com que um jornalista do The New York Times comparasse ao Álbum Branco dos Beatles (sim, ele fez isso!) e ainda ganhasse méritos importantes: o site Región Cuatro elegeu em uma lista com Os 100 Maiores Discos do Rock Mexicano o digno e merecido primeiro lugar de lei, assim como também fez a Rolling Stone estadunidense que publicou uma lista com os 10 Melhores Álbuns de Rock Latino de Todos os Tempos dando também o topo do pódio em uma lista com Santana, Julieta Venegas, Babasónicos, Los Fabulosos Cadillacs e também Karnak e Os Mutantes - 2 BRASILEIROS, MEU HERMANO! Não precisando forçar mais, a banda ainda foi aclamada pela lista da bíblia do rock latino, a Al Borde, que consagrou nos 250 Melhores Álbuns do Rock Iberoamericano a medalha de ouro, ou seja, primeiro lugar em três listas é sinal de que o que acabamos de analisar não é somente um disco qualquer, senão um clássico eterno que traduz bem o Café Tacvba, ah... y VIVA MÉXICO, CABRONES! VIVA CAFÉ TACVBA!
Set do disco:
1 - El Aparato (Rubén Albarrán)
2 - La Ingrata (Emmanuel Del Real)
3 - El Ciclón (Emmanuel Del Real/Rubén Albarrán)
4 - El Borrego (Emmanuel Del Real)
5 - Esa Noche(Joselo Rangel/Quique Rangel)
6 - 24 Horas (Joselo Rangel)
7 - Ixtepec (Joselo Rangel/Emmanuel Del Real)
8 - Trópico de Cáncer (Rubén Albarrán)
9 - El Metro (Emmanuel Del Real)
10 - El Fin de la Infancia (Joselo Rangel)
11 - Madrugal (Quique Rangel)
12 - Pez (Joselo Rangel/Emmanuel Del Real)
13 - Verde (Rubén Albarrán)
14 - La Negrita (Joselo Rangel/Quique Rangel)
15 - El Tlaotani del Barrio (Rubén Albarrán)
16 - Las Flores(Emmanuel Del Real)
17 - La Pinta(Rubén Albarrán)
18 - El Baile y El Salón (Emmanuel Del Real/Rubén Albarrán)
19 - El Puñal y El Corazón (Rubén Albarrán)
20 - El Balcón (Rubén Albarrán)
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