Um disco indispensável: Time Out - The Dave Brubeck Quartet (Columbia Records, 1959)
E para falarmos de Time Out, que apesar das críticas negativas à época de seu lançamento, tornara-se um exemplo de vendagens no jazz e tendo uma proposta que já está no título: sem muita pausa, as ideias sobre os compassos são muito exploradas a fundo no deste trabalho. O álbum inicia-se com Blue Rondo à la Turk, que abre o disco em um ritmo de compasso 9/8 - o ritmo da marcha turca ou o zeybek, o equivalente ao ritmo zeibekiko grego, e ainda se alterna com o compasso 4/4 do jazz tradicional e o título remete à marcha Rondo Alla Turca, derivada originalmente da Piano Sonata Nº 11, de Wolfgang Amadeus Mozart - agora entendemos a referência do título; na sequência, o quarteto nos apresenta Strange Meadow Lark, que entra com um solo de piano onde não se apresenta um compasso definido bem 4/4 e depois que o resto do quarteto surge para complementar a canção; a faixa seguinte que fecha o lado A seria um dos clássicos do disco e também o hit do conjunto: Take Five, que não é de Brubeck e sim de Desmond, aqui é o melhor conjunto de melodias instrumentais que foram feitas para o disco: a bateria de Joe Morello e seu solo maravilhoso serviu como um pontapé definitivo para o tema e se tornara um sucesso mundial de cara; o lado B do disco já nos oferece de cara Three to Get Ready, que inicia-se com um tempo de valsa, numa levada de 4/4 que se alterna em certos momentos da música e que apesar dos momentos de improvisação, a mesma ainda segue; já na próxima faixa, intitulada Kathy's Waltz, que traz uma excelente levada do baixo de Wright e a polirritmia são essenciais para os ouvidos que manjam do bom e velho jazz movido a improvisações e muita virtuosidade; com a próxima faixa, Everybody's Jumpin', sentimos ainda mais esse gosto do quarteto fazendo um jazz de qualidade, com uma rítmica indefinida numa marcação que soa como um 6/4, totalmente isso; e o disco fecha com Pick Up Sticks, que mostrava a banda indo além e mantendo essa coisa de ir além do 4/4, e num tom de seis templos simples, esencial para os músicos de jazz. Tendo uma grande influência na música, o disco conseguiu não só sair da cadência melódica tradicional, conseguiu incorporar elementos da música oriental e fez com que vários músicos buscassem uma forma de unir elementos sonoros e até na capa, feita por Neil Fujita (1921-2010) pioneiro em levar o conceito de arte gráfica do disco mais a sério e com uma boa forma de chamar a atenção de quem compra, por isso que álbuns de jazz começaram a ganhar atenção pelo seu conteúdo, e esta levou a melhor em uma escolha feita pela revista BIZZ em 2005 na lista das 100 Maiores Capas de Álbuns de Todos os Tempos, levando o 22º lugar, e a famosinha lista dos 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, organizada por Robert Dimery, traz esse disco entre outros tantos. É o mais onipresente nas listas dos melhores álbuns de jazz e não há como negar a importância de Time Out dentro do circuito musical contemporâneo e um marco dentro do gênero, onde enfim, se pôde notar que o jazz era muito mais do que conjuntos de melodias tocadas em compassos de 4/4 e com uma linguagem verdadeiramente universal que segue influenciando músicos ao redor do mundo.
Set do disco:
1 - Blue Rondo à la Turk (Dave Brubeck)
2 - Strange Meadow Lark (Dave Brubeck)
3 - Take Five (Paul Desmond)
4 - Three to Get Ready (Dave Brubeck)
5 - Kathy's Waltz (Dave Brubeck)
6 - Everybody's Jumpin' (Dave Brubeck)
7 - Pick Up Sticks (Dave Brubeck)







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