Um disco indispensável: Purple Rain - Prince & The Revolution (Warner Bros. Records, 1984)

Corria uma parte dos anos 1980, surgia uma nova era mostrando novidade que até então eram inimagnáveis: computadores começavam a ganhar um corpo para que as pessoas pudessem ter acesso e dentro de casa, ainda que fossem poucas a consumi-las dentro de seus respectivos lares, e a inovação acontecia através de dois grandes monstros e influenciadores da tecnologia da virada do século: o grande Steve Jobs com sua ousada Apple, responsável por uma adaptação da tecnologia que consumimos, e o cara considerado um dos mais ricos do mundo, Bill Gates, criador do software Microsoft, disputavam para ver quem tinha mais ideias a apresentar para o mundo, apesar de que na segunda metade da década o homem da maçã seria demitido da própria empresa que fundou. Em menos de três anos, a Music TeleVision, ou simplesmente MTV se tornava a maior fornecedora de música do mundo, com os melhores clipes feitos na década, e tendo como o maior fenômeno de vídeoclipes o ex-astro mirim/teen e já se consagrado Michael Jackson e seu clássico dos clipes digno de um enredo cinematográfico, lógico que estamos falando do clássico Thriller que mais soava um curta-metragem com ares de musical e pegado ao formato mais moderno que o cinema e a música podiam oferecer. Seu disco passaria das 50 milhões de cópias e renderia 8 estatuetas do Grammy anos depois, tornando-se um verdadeiro best-seller da música. Na mesma rede de música televisionada estavam uma moça loira de cabelos curtos que não baixava a cabeça para nada, que falava sobre ser uma "garota material" e claro, estamos falando de Madonna, cuja família tem origem de terras italianas e dona de uma carreira brilhante na música pop, a mais brilhante das cantoras surgidas na época. Também foi nessa MTV que apreciaríamos o talento de um cara que estava se agrandando naquela década, e este cara é o nosso tema principal do post: o baixinho mas genial Prince, que em 1980 conseguira fazer um estouro grandioso com seu Dirty Mind, e no ano seguinte repetiria a dose com o ousado Controversy, aonde ele marcaria o começo do The Revolution, sua banda de apoio na qual faziam parte homens e mulheres, pessoas de várias cores e raças, uma banda mais aberta, que trouxe um papel grandioso. E com essa banda, surgiria uma saga que duraria alguns discos junto de sua banda, começando pelo álbum duplo 1999, lançado em 1982, sendo o grande best-seller de sua trajetória até então, embora ainda a banda não tivesse sido creditada no título, porém, deu a oportunidade de se destacarem mais ainda em um grande projeto que se resultaria no maior legado de Prince para a música em geral, e não é pouca coisa não.
"Gostou do álbum, querido? A regra é clara: não basta
ouvir só o Purple Rain disco, tem que ver o Purple Rain filme"
O que era para ser um disco, acabaria se tornando também a trilha sonora de um filme que marcou gerações nos anos 80 e que, se você tem uma vaga lembrança, já deve ter assistido no SBT uma ou duas vezes: estamos falando de Purple Rain, onde conta a história de um músico chamado The Kid (logo o Prince) e seus desafios para conseguir a grande popularidade, e disputa o amor de uma moça que também canta com seu rival artístico e de palcos (Morris Day e sua banda The Time), e o resto eu deixo pra vocês procurarem assistir. O disco têm como sempre a assinatura de Prince na produção e arranjos, e o que escutaremos adiante do disco é um excelente resultado de um dos maiores best-sellers da música dos anos 80, então prepare os ouvidos e vamos dar atenção um pouco sobre um dos Testamentos deste clássico. O álbum começa com sintetizadores dando o rumo direto ao disco, e é essa música também que abre o filme: Let's Go Crazy é uma porta de entrada não só para o disco e o filme, mas um convite para a pista de dança, curtir e se esbaldar numa boa, sem medo de ser feliz, com um arranjo bem a cara da década de 1980 que nos agrada de cara; em seguida, temos um tema que já vai se destacando de forma grandiosa também, o dueto com Apollonia, que faz par com o músico no filme e dá voz junto de Prince a Take Me With U, transformando-se numa belíssima peça-chave para o disco e o filme, e os elementos de orquestra e a levada já nos presenteiam melodias apaixonantes e as vozes alcançam tons que mantêm-se conforme a canção; enquanto isso, o nosso saudoso baixinho do pop nos presenteia com mais outro momento através de The Beautiful Ones, uma história aonde o eu-lírico vê que sua paixão está dividida por dois amores e esta há de decidir por um dos dois e a forma como ele canta este desabafo já dá pra sentir o que ele está passando, e seus gritos dão um pouco mais de emoção na forma em que canta; para continuar essa análise, segue o baile de sintetizadores e experimentações sonoras através da faixa Computer Blue, que a história de um computador muito solitário e triste, que vive se perguntando onde anda seu amor, e que tem um encerramento instrumental destacável aqui, com uma pegada bem rock n' roll e que acaba unindo-se com a música seguinte, que é Darling Nikki - uma garota que acaba conhecendo e ela acaba o convidando para ir ao castelo, com uma pegada que lembra música de filme de terror com ares mais eletrônicos,  um belo potencial sonoro pelo que se dá para notar - a música por contar um trecho que fala sobre a menina que se masturbava com revistas ajudou Tiper Gore, esposa do então senador Al Gore, a fundar o PMRC (Parents Musics Resources Center) uma comissão pró-família (tipo as Senhoras de Santana daqui do Brasil) que ajudava a controlar o excesso de vulgaridade no conteúdo dos discos, desde as letras até as capas, ajudando a instalar o adesivo do Parental Advisory Explicit Content que perdura até os anos de hoje - e Prince leva até um pouco de culpa nesse caso; em seguida, um grande destaque desse álbum aparece e que abre o lado B do álbum, com um belo riff matador de guitarra já em When Doves Cry, que é nada mais um synthpop bem pegajoso e sem decepcionar seus fãs, que também ganhou um clipe no filme com o músico dirigindo sua moto com várias lembranças em sua mente, numa esquete de flashback enquanto ele passeia com seu veículo ruas afora, digno de um clássico da era de ouro dos videoclipes da MTV para falar a verdade; mais adiante, contamos com outra delícia de canção, esta é I Would Die 4 U, aonde o músico se assume não ser homem e nem mulher, mas um alguém que você nunca entenderá, com uma pegada mais acelerada no ritmo e mostrando a potência que o músico coloca, sem fazer feio nem ele e nem a The Revolution conseguem dar o melhor deles mesmo para apresentarem canções como essa; em seguida, uma canção que carrega uma sequência rítmica onde temos Prince assumindo para o mundo em Baby, I'm a Star, que tem um astral típico dos anos 80 e totalmente no estilo dance da época, sem errar feio ou rude nos acordes; e para terminar, o clássico da geração 80, o soft-rock que leva o nome do disco e do filme, claro que estamos falando de Purple Rain, um som que nos faz apaixonar e se encantar por cada conjunto melódico (que entraria na trilha da novela global Corpo a Corpo depois), e se tornando o maior hino de sua carreira, que se imortalizou para sempre e dono de um estilo que vive, mesmo depois de sua morte, no dia 20 de abril de 2016 por overdose de remédios, mas vive em música e arte.
O disco se tornou aquilo que eu disse antes: o clássico de uma geração, o filme idem: passou várias vezes na faixa de filmes exibidos SBT e também na Sessão da Tarde, e que rendera ao músico vários prêmios, como um Oscar na categoria de Melhor Canção Original, além de dois prêmios do Grammy, o primeiro por Melhor Performance Vocal de Rock Por Dupla ou Grupo e também por Melhor Álbum de Trilha Sonora Original Escrito Para um Filme ou Especial de TV, logo dando mais status de clássico após vender mais de 13 milhões de cópias. No final da década, foi eleito como o 2º dos 100 Melhores Álbuns dos Anos 80 pela revista norte-americana Rolling Stone, e da mesma revista conquistou a posição de número 72 dos 500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos, nada mal. A emissora de televisão VH1 colocou na 18ª posição dos 100 Maiores Álbuns de Rock N' Roll, enquanto a Time, uma das revistas mais lidas dos Estados Unidos, o colocou no topo dos maiores álbuns da década, além de figurar no famoso livro dos 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer e outras listas aí. Prova de que o nosso príncipe sabia o que estava fazendo para manter seu legado mais vivo do que nunca aqui na Terra, agradando os mais velhos fãs e a nova geração, cantando e atuando.
Set do disco:
1 - Let's Go Crazy (Prince)
2 - Take Me With U (Prince)
3 - The Beautiful Ones (Prince)
4 - Computer Blue (Prince/Wendy & Lisa/Dr. Fink/John L. Nelson)
5 - Darling Nikki (Prince)
6 - When Doves Cry (Prince)
7 - I Would Die 4 U (Prince)
8-  Baby, I'm a Star (Prince)
9 - Purple Rain (Prince)

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